Porto Seguro

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Finalmente chegou a hora de ir até a casa da Chaeyoung para a tal conversa. Eu estava tão nervosa que me sentia como quem marcou uma sessão no terapeuta pela primeira vez, mas meu medo não era abrir minha vida para um estranho e sim relembrar a minha vida até então. Eu era o tipo de pessoa que preferia não lidar com os sentimentos ao invés de enfrentá-los. O fato de guardar essas coisas me desgastava de uma forma nada saudável e piorava cada dia mais.

Porém, apesar dos meus medos, eu estava ansiosa para falar de forma mais profunda com alguém e Chaeyoung parecia ser a pessoa mais indicada no momento. Tzuyu era a minha amiga dessas horas, não que eu não confiasse em Momo, mas eu e Tzuyu tínhamos essa relação mais profunda, mais permissiva. Isso acontece na vida de todo mundo, nenhuma amizade é igual à outra e cada uma tem seu lado mais desenvolvido. Mas minha confidente não estava aqui e nem eu sentia como se pudesse descarregar aquilo sobre ela, já que sua situação estava pior do que a minha.

Dispensei o táxi e congelei na entrada de sua casa. Dongwoon realmente não era tímido quando se tratava de esbanjar seu poder aquisitivo, mas uma ponta de dúvida me fazia acreditar que aquilo era mais a cara da mulher dele. Por falar nela, se eu a surpreendesse em sua casa procurando por Chaeyoung com certeza me mataria, pelo menos é o que eu faria depois da insinuação que fiz sobre uma futura amizade com suas filhas. Rezei até o momento em que toquei a campainha, pedindo a Deus para que dona Gain não estivesse em casa.

- Só um momento - reconheci a voz de Chaeyoung do outro lado e relaxei quase que imediatamente. O ar deixando meus pulmões. - Oi - a porta se abriu e eu me assustei ao me deparar com a cena à minha frente.

- O que...

- Minari, vai entrando que eu estou terminando de trocar os curativos. - ela me cortou dando espaço para que entrasse.

Esbanjei um sorriso ao ouvir a variação do meu nome que saiu de sua boca. Fiz meu caminho porta adentro observando uma Chaeyoung atordoada se movendo de um lado para o outro. Parecia perdida em suas próprias ações. Suas mãos iam segurando o que parecia ser um pano sobre seus olhos.

- Você quer ajuda para alguma coisa? - segurei o riso, ela parecia uma barata tonta. Chaeyoung parou por um momento parecendo ponderar minha solidariedade, fechou a porta e me pegou pelo braço puxando-me através do cômodo.

- Nunca fiz isso sozinha então vou precisar de sua ajuda. - ela contornava os móveis com uma habilidade que nem eu, na plenitude da minha visão, possuiria.

- Então seus pais não estão em casa?

- Não, papai está trabalhando e minha mãe está em uma viagem de negócios.

Ok, com certeza eu estava bem mais relaxada com a certeza de não poder esbarrar com a megera a qualquer instante.

Subimos a escada e deduzi correto quando fomos direto para seu quarto. Mal tive tempo de reparar nele e já corremos diretamente para seu banheiro.

- Eu mando e você faz, está bem? - ela disse ofegante.

- Calma, o que eu vou fazer?

- Trocar meus curativos porque eu não consigo - ela rosnou as duas últimas palavras, me arrancando um riso.

- Relaxe que Mina está aqui - um sorriso surgiu em seus lábios enquanto balançava a cabeça. - Como eu começo?

- A pior parte eu já fiz, você só tem que pregar a fita em cada extremidade do curativo e colocar pressionado sobre meus olhos.

- Entendido.

Em cima da pia já estavam todas as coisas que me pareciam ser necessárias para a tarefa. Apressei-me o máximo possível porque ela parecia sentir certo desconforto. Não sei se incomodava de alguma forma não tê-los ou se ela se sentia desprotegida sem eles, mas seu corpo sacudia impaciente ao meu lado e aquilo já estava me dando nos nervos.

Requiem - Michaeng [BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora