A Paz Que Eu Encontro

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Acordei pelo que deveria ser a terceira vez naquela noite apenas para checar o sono de Chaeyoung. Depois de seu pedido para me deitar ao seu lado foi quase inevitável não fazê-lo, mas então percebi que foi só um delírio inconsciente. Resolvi que dormiria no sofá, além de ser meio termo para ambos o quartos, também era o mais próximo que eu poderia ficar de Chaeyoung no momento. Eu queria ter dormido com ela, mas algo em mim dizia para não fazê-lo, já que eu não sabia o quão alterada ela havia ficado.

Espiei pela porta e encontrei-a em uma posição completamente diferente de todas as outras vezes. Era divertido ver que sozinha ela se espojava por todo o espaço que lhe era dado e quando dormíamos juntas, ela se agarrava a mim por toda a noite. Voltei para o sofá, ajeitando as almofadas que eu estava usando de travesseiro e estirei o cobertor sob mim, a noite estava fria e minha melhor fonte de calor estava em outro cômodo. Fiz-me confortável novamente e encarei o teto branco enquanto sentia minha mente esvaziar.

- Por que você está dormindo aqui na sala? - Chaeyoung surgiu de repente com os cabelos desgrenhados e a mão aflita roçando em seus olhos.

- O que? - foi tudo que eu manejei dizer,  fiquei um pouco assustada com sua presença repentina. Agora a pouco havia constatado a intensidade de seu sono.

- Por que você está aqui? Eu não quero dormir sozinha. - seus murmúrios eram como os de uma criança emburrada e me arrancavam sorrisos despercebidos.

- Me desculpe, pensei que não seria uma boa ideia...

Chaeyoung se pôs a andar e quando me dei conta, ela já se encontrava sentada sob minha cintura, uma perna de cada lado do meu corpo e as mãos sendo usadas de apoio para segurá-la próxima ao meu rosto.

- Por que não seria? - Ela estava tão perto. Seus cabelos correram para o lado quando ela jogou a cabeça na mesma direção. Eles estavam cheios e desgrenhados. Fazia-me lembrar de nossas noites mal dormidas. - Eu sinto sua falta.

Aquelas palavras me pegaram de surpresa. Nossos olhos se fixaram como em validação de nossas ações.

- Por favor, me perdoe. Me perdoe por ter feito aquelas coisas, por ter te tratado daquele jeito e por ter te assustado, eu juro que a última coisa que eu queria era...

Eu nem percebi quando Chaeyoung se aproximou e juntou nossas bocas interrompendo minha fala e arrepiando todos os fios de cabelo do meu corpo. Meus olhos se mantiveram abertos, ainda surpresos e como se pudesse sentir que eu a admirava, os seus se partiram lentamente e sorriram para mim antes de nos separarmos novamente.

- Já passou e eu não te culpo. Eu também agi errado. - Com uma das mãos ela me acariciou o rosto ternamente e continuou com nossa troca de olhares que pareciam chegar diretamente na alma.

A doçura daquele momento pairava no ar e ia muito além de qualquer palavra. Por que então ainda me restavam dúvidas? Por que eu ainda temia o futuro de nossa relação? Se ela tem tanta fé em mim, por que eu não sou capaz de fazer o mesmo?

De novo eu não retribuí seu gesto da forma esperada e de novo meus olhos se mantiveram abertos, ainda presos à realidade dos meus medos. Mas dessa vez ela não recuou totalmente.

- Me beije. - Chaeyoung pediu com os lábios sobre os meus, o polegar acariciando meu rosto levemente.

- Chaeng, e se...

- Por favor. Eu preciso de você. - Seus lábios dançando cada palavra sobre os meus e seu hálito quente atiçando todas as partes do meu corpo foram o meu limite.

Usei das minhas mãos para segurar-lhe a cintura enquanto eu erguia o corpo em busca de outro beijo. Chaeyoung segurou meu rosto e levantou junto comigo, juntando nossas bocas apenas quando estávamos ambas sentadas.

Requiem - Michaeng [BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora