No More Drama

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Meu estado de espírito se encontrava completamente abalado desde que saí do apartamento de Chaeyoung ontem. Eu não esperava nem em mil anos ter o encontro que tive com seus pais e muito menos ser confrontada daquela forma pela mãe dela. Aquela mulher me despertava o mais intenso ódio só de aparecer em meu campo de visão, o que é incrível, porque eu não costumo pegar antipatia das pessoas antes de conhecê-las realmente.

Desde o dia da festa do meu pai, meu primeiro dia de volta, já recebi toda sua ironia em uma bandeja de prata. Eu a entendia, em partes. Meu passado me condena, isso é uma verdade e uma consequência que terei que carregar como fardo por grande parte da minha vida. Mas, por outro lado, eu deveria receber uma segunda chance, todos são dignos de uma, não é mesmo? Eu não voltei esperando a caridade das pessoas conhecidas, muito menos das desconhecidas, mas esperava o mínimo de simpatia.

Já passava das seis da tarde e eu terminava de me arrumar para mais um evento da campanha do meu pai, dessa vez todos os Myoui estariam lá e iríamos retratar a boa família que éramos para diversos estranhos de todo o estado. Eu estranhei quando recebi a ligação do Michael me intimando para comparecer, ele parecia estressado, me lembrava de seu antigo eu.

Dessa vez, eu não pretendia julgá-lo, estava disposta a posar ao seu lado para lhe dar todo o meu apoio. Porém nesse momento eu sentia mais do que nunca o que é tentar mudar e não conseguir provar isso para as pessoas que você mais precisa, por não ser capaz de convencer nem a si mesmo.

Encarei meu reflexo no espelho. O vestido estava lindo, meu cabelo estava perfeito, a maquiagem era exatamente a que eu queria. Mas mesmo assim, eu não era capaz de esbanjar um sorriso verdadeiro naquela noite, não tinha forças para tamanha atitude.

Então eu ri. Ri pensando o quão idiota eu sou por ter colocado tanta coisa nas mãos de uma só pessoa. Eu deveria ser a dona do meu próprio emocional. Mas, de novo, ri. Porque eu gostava de ser a idiota que a amava tão fortemente a ponto de faltar ar nos pulmões sempre que penso nela.

Meu celular tocou me tirando de meus devaneios, provavelmente meu pai. "Seu motorista já está na porta" foi todo o conteúdo da ligação. Ele nem sequer esperou por algum murmúrio meu. Alguém está de TPM.

Peguei minha bolsa e chaves e rumei até o lobby do prédio. Momo não estava em casa hoje, disse algo sobre ficar na faculdade até mais tarde para estudar, o que sinceramente não me descia à garganta. Ela provavelmente estava de flerte com alguém naquela faculdade e mais tarde eu descobriria quem.

- Boa noite, Will. - o homem atrás do balcão da recepção ergueu a cabeça rapidamente e sorriu ao me ver passar acenando por ele.

- Boa noite, senhorita Myoui. - estiquei os lábios em um cumprimento sem dentes e só então notei que eu estava esbanjando simpatia demais. Talvez algo em mim estivesse tentando se desenterrar naquela noite, mas eu não pretendia impedir.

- Boa noite - Oliver lançou assim que surgi do lado de fora das portas de vidro, parando quase que imediatamente com a surpresa de sua presença.

- Você ainda está por aqui? Pensei que seu trabalho se limitasse à Coréia. - apertei os olhos, mas ele se manteve com aquela expressão impassiva de sempre.

- Tenho de lhe agradecer por isso, senhorita.

- Como assim? - puxei a barra do vestido para a altura dos meus pés e desci o primeiro degrau. Oliver abandonou sua posição ao lado da porta do carro e quando me dei conta já estava usando sua mão como apoio para terminar os últimos degraus.

- O seu pai me pediu para ser seu assistente pessoal.

- Assistente pessoal?

- Guardador, melhor dizendo - uma vez no nível da rua me desfiz de seu toque e ajeitei o vestido.

Requiem - Michaeng [BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora