Nayeon

2.7K 247 66
                                    

- Vocês o que? - Tzuyu exclamou abafado colocando a bolsa ao meu lado, sobre a mesa, e sentando na cadeira. - Sua... Nem me contou nada!

- Foi rápido demais, nem eu estava sabendo. - ri me lembrando da primeira vez entre eu e Chaeyoung.

- E ai? Como foi?

- Isso não é algo que se pergunta para uma dama. – Tzuyu revirou os olhos me fazendo rir - Eu também não sei descrever - suspirei conformada com minha incapacidade de classificar qualquer momento meu ao lado da mais nova. - Foi...

- Você é tão fofa assim - ela me interrompeu - É muito bonito de te ver dessa forma, Minari.

Tá bom, eu não costumava ficar sem graça ou desconfortável facilmente, mas Tzuyu tinha um jeito para essas coisas que chegava a me incomodar. Dava pra sentir o borbulhar nas minhas bochechas e ela estava se divertindo muito com isso.

- Dá pra parar? Odeio quando faz isso - bufei olhando ao redor rapidamente, antes de pousar os olhos em seu rosto novamente.

- Então, me conte duas coisas: seu pai e Nayeon, como andam os dois?

- Nossa, eu nem me lembrava da Nayeon.

- Já tem ideia do que ela pode estar querendo por aqui?

- Não, mas ela está quieta demais, não é? Silêncio nunca é bom.

- Eu não acredito que ela veio para cá, quero dizer, com tantos lugares no país e no mundo ela tinha que vir parar logo aqui? Pra procurar emprego?

- Você tinha que ver a cara dela quando me disse isso, ela nem se preocupou em disfarçar melhor a mentira. - revirei os olhos lembrando a desculpa esfarrapada que ela havia dado para mim.

- Típico de Im Nayeon. Ela não deu nenhuma pista para você?

- Não, só comentou que ficou sentida por não ter entrado em contato quando voltei para Nova Iorque e que, além de preocupada comigo, ela veio para resolver umas coisas. - bufamos as duas indignadas com nossa falta de clareamento quando se tratava daquela garota. Não que eu a odiasse, mesmo que eu quisesse e ela merecesse, era difícil fazer despertar aquilo dentro de mim. O coração é burro, e foi nele que ela esteve por muito tempo. E pensar que um dia quase a chamei de irmã.

- E o seu pai? Vocês estão bem melhores, saíram de ligações sem xingamentos para encontros sem agressões. Estou orgulhosa. - cerrei os olhos a olhando de canto já prevendo a expressão provocativa que seu rosto sustentava.

- Michael - consertei com certa petulância. - Ainda é uma incógnita. Sabe, algo dentro de mim quer confiar, quer dar uma chance... Mas ai todo o resto entra em alerta e me diz para não fazê-lo. É como se eu mesma me repreendesse por dar o braço a torcer, é muito confuso.

- Mas dessa vez me parece que ele está realmente tentando mudar.

A aflição que me tomava naquele momento requeria algo mais intenso e mais sério do que o que fazíamos ali. Girei as pernas para cima da mesa, cruzando-as sobre meu corpo e me arrastei mais na direção de Tzuyu, inclinando o corpo para frente.

- Por quê? - perguntei em um fio de voz, as mãos gesticulando sobre minhas coxas e meu olhar mais pesado do que tudo. - Por que, do nada, sem ao menos uma desculpa, um motivo aparente, ele resolveu se reconciliar?

- Talvez ele tenha se tocado das burrices, ou foi aquela última conversa de vocês...

- Não, não faz sentido Yoda! Isso não é coisa dele. Eu acho que ele pode estar tramando algo.

- Como assim?

- Algo ruim. - apertei meus olhos nos seus e logo ela soube.

- Você acha que ele pode tentar te internar de novo?

Requiem - Michaeng [BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora