Ordens

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- Me liga assim que chegar, tá? - Chaeyoung falou pela milésima vez ainda agarrada ao meu corpo.

- Pode deixar, Chaeng. Avisa as meninas pra mim, não queria falar por mensagem e você vai saber explicar melhor. - ela sacudiu a cabeça e me roubou um último beijo antes de me soltar. - Eu te amo.

- Também te amo.

- Volto já. - sorri para ela e joguei o corpo para dentro do carro preto que me aguardava em frente ao seu prédio. O motorista já deveria estar impaciente com nossa longa despedida, realmente parecia que íamos passar meses sem nos ver.

Dei o sinal para que partíssemos e assim ele o fez. Não me permiti nem olhar pela janela, Chaeyoung já parecia triste o suficiente para que continuássemos alimentando a situação. Fechei os olhos buscando o descanso e reconforto que me foi abstinente noite passada, eu queria ficar tanto com a mais nova que mal preguei os olhos, nem mesmo quando ela já o havia feito. Eu apenas fiquei lá a observar a tranquilidade de seu descanso.

Olhando-a naquele momento eu via um resumo de toda a minha vida e via também um fim. Eu não sei se acredito em almas gêmeas ou a pessoa perfeita para você, mas eu acredito nos meus sentimentos por ela.

Abri os olhos assim que percebi que estava sorrindo demais sem nenhum motivo aparente, sempre que eu pensava em Chaeyoung, era quase inevitável fazê-lo. Ela era sinônimo de felicidade na minha vida. Deixei meus pensamentos flutuarem desenfreados enquanto acompanhava o trânsito caótico que tomava as redondezas. Nova Iorque era uma cidade difícil, não era qualquer um que conseguia se acostumar com a vida de torturantes rotinas e movimento intenso. Seria bom voltar para Coréia. Respirar novos ares e relembrar o que hoje me era passado.

- Bom dia, senhorita Myoui. - um loiro alto e forte, bastante formalizado, me recepcionou com um sorriso no rosto e um aperto de mão. - O seu pai já saiu, mas pediu que a senhorita seguisse para a cobertura, lá receberá instruções e os papéis das transações.

Concordei com a cabeça e seguimos todos para o elevador exclusivo de CEO, era uma das poucas vantagens de ser dono da empresa. Apenas quando entrei, me dei conta de como estava sendo seguida. Havia quatro seguranças, uma mulher que parecia ser assistente e o tal brutamontes. Oliver, dizia o crachá em seu paletó.

Quando chegamos à sala do meu pai, foi como estar de volta ao colégio novamente, só que em tempo recorde de aprendizagem e memorização. Foram cuspidos diversos casos, temas, enquetes e valores da empresa em menos de quarenta minutos. Sempre que se terminava um, pediam minha confirmação e então seguiam para o outro. O que eu pensei que seria simples estava se mostrando um tanto complicado e eu teria que me envolver mais do que desejava. Dei uma longa suspirada e me coloquei a analisar os protocolos e arquivos. Cada um trazia uma informação diferente, todos com uma análise aprofundada do tal problema e no final, uma pequena nota do meu pai.

Mal contei o tempo e logo estávamos no aeroporto nos encaminhando até o jatinho, que já estava à espera. Era a segunda vez em que pisava para fora daquele carro e, novamente, era uma realidade completamente diferente. A agitação, ansiedade e dependência das pessoas ao meu redor estavam me agoniando profundamente. Só Deus sabe o quanto eu odiava aquilo tudo. Pedi licença para um dos responsáveis pela minha escolta e fui até a porta do balcão de aeronaves retomar minha sanidade.

- Mina! - apertei os olhos suprimindo a raiva pelo distúrbio e levantei os óculos escuros para observar quem se aproximava. Era Nayeon. - Tem muito tempo que chegou?

- Não.

- Bom para você! Fiquei quase uma hora encarando um sujeito tosco na área de embarque. Tive que esperar alguém ir buscar seus papéis na empresa, ou algo do tipo. - grunhi um riso interno virando o rosto. - Sua tosca.

Requiem - Michaeng [BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora