Who Are You

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Contagem regressiva para o fim...7...

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- Dia três, como estamos? - Megan adentrou a cozinha se deparando com uma imagem não tão animada minha. Eu estava debruçada sobre o balcão, já sem esperanças de toda e qualquer ação em prol de conquistar a Chaeyoung ou, sequer, fazê-la falar comigo de novo - Estou adorando toda essa empolgação. - Ela debochou com um lançar de braços para o alto e puxou o banco do meu lado para se sentar.

- Eu não tenho ideia do que fazer. - suspirei erguendo meu corpo e encarando as folhas de papel rabiscadas embaixo de mim.

- As flores não deram certo?

- Não. - cerrei os olhos em sua direção. Eu disse que Chaeyoung não ia se deixar levar por flores assim, do nada - Ela gosta de coisas com significado, tomei na cara quando enchi o apartamento dela de flores.

- O que aconteceu? - Megan apertou o rosto em uma careta já imaginando a resposta.

- Em dois minutos tudo já estava em quatro enormes sacos de lixo. - ela soltou um "nossa" e eu aproveitei para afundar as mãos no cabelo e soltar o ar que meus pulmões insistiam em prender toda vez que o assunto era Chaeyoung. - Eu nunca a vi dessa forma, ela não me quer mais, vamos parar com isso...

- Nada disso, pare de ser medrosa. O amor ta ai pra isso, ta achando o que? Que é só beijinho e sexo? Agora que você vai provar que quer ela mesmo. - a palma de sua mão estalou contra a bancada me fazendo erguer uma sobrancelha para toda aquela cena. - Já parou pra perceber que você está fazendo com ela exatamente o que odiava que fizessem com você?

Ela piscou pra mim e passou. Eu estava fazendo exatamente o que odeio que façam comigo, ela tinha razão. As pessoas tendiam a me irritar profundamente quando suas ações não combinavam com suas palavras, principalmente na área do amor. Todos ao meu redor sempre me deram um bom exemplo de que não há porque não se deixar alguém de lado quando lhe convém, ou trazê-lo para perto quando lhe é ainda mais interessante, mesmo depois de lhes dizer que os amava. Amor pra mim sempre fora visto como um momento, algo tão rápido e palpável como uma lágrima, mas agora eu tinha noção de que ele não era uma reação e sim uma ação. Não é tão fácil assim livrar o peito do amor quando ele já está completamente carregado e meu maior medo era ter que ver tão cheia de alguém que eu fiz se esvaziar de mim. Quanta hipocrisia, chega a ser ridículo, sorri comigo mesma. O que está acontecendo? Cheguei a um ponto que nem me reconheço como pessoa.

Está na hora de dar um basta a isso tudo, eu tenho que voltar a ser a Myoui Mina que sempre fui. Não a malcriada, rebelde e solitária, mas garota que corre atrás de suas metas, não desiste dos sonhos e é certa do que precisa. Agora, eu preciso da Chaeyoung. Peguei a chave da moto e dei uma checada no relógio, Chaeyoung deveria estar na aula de dança e hoje eu não iria desistir antes de conseguir falar com ela.

- Onde você vai? - Megan me parou no meio do caminho.

- Atrás da Chaeyoung. - respondi firmemente e não esperei uma segunda fala, peguei meu casaco ao lado da porta e avancei para fora, escutando um grito de comemoração da minha prima logo em seguida. "Que idiota", pensei com um sorriso no rosto.

Chegando na Juilliard, parei a moto do outro lado da rua e encarei a porta de entrada. Momo e Tzuyu estavam lá, ambas sentadas em uma das mesas de concreto, aquela que eu sempre as fazia sentar junto comigo pois dizia ser a nossa. Estando de capacete, pensei mil vezes antes de me revelar ali. O que eu falaria? O que elas falariam? Será que me odiavam como a Chaeyoung? Será que não queriam mais saber de mim por perto? Essa foi uma mudança de planos pela qual eu não me preparei, mas não posso dizer que não esperava. Querendo reconquistar um eu preciso reconquistar a todos, afinal, a culpa da nossa separação havia sido minha e se teve algo que aprendi com isso tudo é que sempre tem a vez de alguém correr atrás, essa era a minha. Megan tem razão, eu tenho que dar dois passos na direção deles quando fui eu, a culpada, por fazê-los dar um passo para longe de mim. Respirei fundo, desliguei o motor e tirei o capacete tão rápido quanto pude, eu queria estar perto quando elas notassem minha presença, odiava chegar em um lugar e ter que andar metros e mais metros sob o olhar ansioso dos outros.

Requiem - Michaeng [BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora