Dia 17 de Junho de 2014

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O despertador de Aurora tocou por volta das sete da manhã, como era normal em dias de escola mas Aurora esquecera-se de mudar com a tamanha agitação que fora este ultimo fim-de-semana, mas Aurora não se deixara da sua rotina habitual, só pelo facto da escola ter terminado. Levantou-se o mais calmamente possível, seguiu em direção á casa de banho, lavou a cara mas quando ia agarrar na toalha apercebeu-se que esta estava fora do sítio. Devo tê-la deixado fora do lugar ontem á noite, quando me levantei para vir lavar a cara para tentar que aquele pesadelo idiota me deixe de seguir!

Aurora descia as escadas, seguindo o cheiro a torradas acabadas de fazer e a ouvir o estomago a dar horas.

- Bom dia, manina Aurora! – saudou Maria com o bom humor já habitual.

- Bom dia, Maria.

- Passou bem a noite?

- O habitual, Maria. – respondeu Aurora baixando a cabeça já com um toque de frustração e desespero na face. Maria limitou-se a olhar para Aurora sentindo pena de não puder fazer nada para ajudar.

- Os meus pais já saíram, Maria?

- Sim menina, os seus pais saíram ainda mais cedo que o habitual.

Como de costume, pensava Aurora sentindo-se como sempre deixada para segundo plano a seguir ao trabalho.

Depois do seu apetitoso pequeno-almoço, Aurora sentia-se motivada para ir tocar até á hora do almoço ser servido.

- Menina Aurora, o almoço está servido. – declarou Maria gritando do inicio das escadas de acesso ao seu esconderijo. Aurora levantou-se e dirigiu-se para a sala de refeições onde o aroma das ervas aromáticas para temperar a carne lhe chegava ás narinas e deliciando-a só pelo cheiro.

 Depois do almoço sentiu novamente um ar cheio de inspiração que lhe corria o corpo inteiro, mas não era para tocar, mas sim para escrever. Aurora além de tocar também sentia um certo fascínio pela escrita, mas não era das escritas mais comuns. Aurora escrevia textos opinativos onde relatava a sua opinião face aos problemas da sociedade atual.

- Menina Aurora, hora de jantar. – gritou Maria do cimo das escadas.

Chegando á sala de refeições deparou-se com Rafael e Madalena sentados á mesa, esperando pacientemente por Aurora. Quando esta se sentou Madalena perguntou-lhe:

- Tão querida, como foi o seu dia?

Lá está ela a chamar-me de querida!

- Normal...- respondeu Aurora farta das falsas perguntas de preocupação dos pais.

- Já têm alguma ideia do que vai levar para Inglaterra?

- Ainda tenho que ir fazer a lista de materiais. – Aurora tinha um defeito que os pais sempre odiavam, mas que não conseguiram demove-lo de Aurora. Sempre que alguém lhe fazia uma resposta oralmente, Aurora era direta sem rodeios, dizia o que pensava nas suas respostas sem nenhuma hesitação, mas nunca falava por iniciativa própria. Os pais já diversas e inúmeras vezes a tinham alertado da forma de responder de Aurora mas esta acreditava que todos tem uma opinião e não havia motivo algum que levava a que este estivesse mal ou alguém tivesse receio de declarar a sua opinião sobre um respetivo assunto que estivesse em causa.

- Querida, cuidado com a forma como responde ao seu pai.

- Peço imensa desculpa por ser direta e fria! – exclamou Aurora no seu tom mais sarcástica possível.

- Aurora!

- O que foi? Não sou a filha perfeita? Não, não sou! Eu digo o que penso quer queiram ouvir ou não! E não vou mudar! Eu não sou como o Ricardo ok? – depois do seu discurso abreviado Aurora via-se agora em pé, andando em passo apressado até á porta, mas ai deteve-se e virou-se para trás, olhando a mãe nos olhos.

- E já agora não me trate mais por querida está bem mãe? Ainda acentua mais a sua falsidade! – dizendo isto Aurora sai de vez da sala de refeições seguindo pelas escadas e entrando no seu quarto, onde no qual agarrou uma mala de bagagem, abriu-a e começou a retirar roupa preta dos armários, sapatos e produtos de higiene. Está decidido vou para Inglaterra mais cedo, não aguento mais esta casa que em todos os cantos me faz recordar o Ricardo, em que todos os dias sou deixada para trás pelos meus próprios pais, onde os pesadelos não têm fim e onde a minha paciência para a falsidade da minha mãe está-se a esgotar! Pensando nisto Aurora debruçou-se sobre a cama e deixou toda aquela frustração e desespero escorrer-lhe pelos olhos na esperança de aliviar a dor que tinha dentro de si!

a cor da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora