Dia 12 de Julho de 2014

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        Aurora dormia profundamente, o seu corpo estava ligeiramente inclinado para a sua esquerda, estando o seu braço direito a envolver o tronco musculado e trabalhado de Henrique e a sua cabeça encostada ao ombro do mesmo, este envolvia Aurora com o seu braço direito pela cintura. 

        Um raio de sol matinal, espreitava pela janela que Aurora utilizara para entrar no quarto de Henrique na noite anterior, e cobria agora a face de Aurora, fazendo-a acordar lentamente, à medida que a intensidade desse mesmo raio de sol ia aumentando.

- Henrique! Henrique! - gritava um pequeno ser, saltando para cima da cama e pulando. - Henrique! Henrique! Acorda, vá lá!

        Henrique resmungou, mas ao abrir os olhos verde-azeitona, não conseguiu evitar de sorrir ao olhar para a pequena Sara que estava em cima da cama.

- E Aurora! E Aurora! Acordem! - gritou Sara quando reparou que Aurora estava igualmente presente no quarto.

        Aurora riu-se, com tamanha alegria daquela criança.

- É assim que quero acordar daqui a uns anos. - declarou Henrique.

- Como? Com duas mulheres?

- Sim. 

- Uma a dizer "Bom dia, amor" e outra a dizer "Bom dia, papá"

        Aurora sorriu, nunca tinha ouvido frase mais bonita e querida, saindo da boca daquele Rinoceronte de olhos verdes.

- Um desejo bonito. - confessou Aurora.

        Ambos sorriram e trocaram olhares intensos, ignorando por descuido a pequena Sara.

- Ahhhhhh, olá! Eu ainda estou aqui! - a gargalhada foi geral. - Tenho fome, Henrique vai fazer o pequeno-almoço!

- O pai?

- O pai já saiu, deixou recado em cima da mesa de jantar. - Henrique acentiu com a cabeça.

        Todos se levantaram da cama grande e confortável de Henrique, dirigindo-se à cozinha.

- Quem quer panquecas?! - perguntou Henrique agarrando no avental e colocando-o sobre o seu tronco nu.

- Eu! - gritaram Aurora e Sara em coro. 

- Desde quando é que cozinhas? - perguntou Aurora curiosa.

- Desde agora. 

        Henrique agarrou então nos ingredientes necessários para a confessão daquilo que seria o pequeno almoço dos três jovens.

- Farinha, ovos, açúcar e leite. - sussurrou Henrique para si próprio.

        Juntou todos os ingredientes numa grande taça de alumínio, e de seguida, misturou-os. A massa ficando homogénea, estava preparada para ir para a frigideira. Enquanto isto Aurora e Sara observavam muito atentamente, Henrique ao aperceber-se disso mesmo perguntou:

- Gostam da vista?

- Por acaso. - respondeu Aurora, enquanto Sara fazia um olhar de repugnância e deitava a língua de fora, ninguém levou a mal, pois todos se riram da situação.

        Henrique ia começar a deitar o preparado para a frigideira quando Aurora interviu:

- Espera! Sara podes me ir buscar a manteiga por favor.

        Sara acenou com a cabeça e levantando-se da cadeira, dirigiu-se ao frigorífico de onde retirou a manteiga e entregou a Aurora.

- Obrigada. - Aurora levantou-se e dirigiu-se para ao pé de Henrique. - Não podes colocar o preparado na frigideira se antes colocares manteiga, para não se agarrar à mesma.

        Nesse momento ferz-se luz na cabeça de Henrique.

- Não acredito que me esqueci disso. - disse em tom de ironia.

        Aurora, agarrou numa faca e cortou um pouco de manteiga deitando-a na frigideira que já se encontrava ao lume. A manteiga derreteu e finalmente Henrique pode colocar o liquido, sempre sobre a supervisão de Aurora. 

- Sabes virar panquecas, chef? - perguntou Henrique a Aurora desafiando a mesma.

- Não. - respondeu com um tom envergonhado.

- Queres aprender?

- Claro.

        Henrique agarrou a mão de Aurora e puxou-a para ele, colocando-a a sua frente de costas para ele. As mãos frágeis de Aurora, agarraram a frigideira e as de Henrique sobrepunham-se ás de Aurora. Henrique orientava os movimentos e no final de várias tentativas começaram a apanhar o ritmo, e as panquecas saiam perfeitas. 

- Sara, vai à despensa buscar o xarope para acompanhar as panquecas. - pediu Henrique e Sara assim foi. - Aurora, queres uma chávena de café para acompanhar.

- Sim, obrigada.

        Aurora e Sara colocaram a mesa, enquanto o café fazia.

- Cheira tão bem! - deliciava-se Sara a olhar para as panquecas.

- Podes já sentar-te. - anunciou Henrique, enquanto puxava uma cadeira para Aurora.

- Obrigada. - agradeceu esta.

        Henrique simplesmente lhe sorriu e sentou-se. Comeram e conversaram animadamente, durante todo o período enquanto ali estavam sentados.

- Henrique. - chamou a irmã.

- Diz.

- Sempre me vais levar aquele sitio? Tu prometes-te lembras-te?

- Sim, maninha eu lembro-me, mas tive uma ideia melhor.

- E qual é?

- Levar a Aurora conosco.

        Sara saltou da cadeira e dançou.

- Dança da felicidade! Obrigada maninho por teres a melhor ideia do universo.

- De nada, Sarinha.

- Aonde é que me vais levar? - perguntou desconfiada Aurora.

- Amanhã ves.

- Sim, Aurora, amanhã ves. - repetiu Sara num tom misterioso.

- Bem vamos arrumar, isto?

        Sara fugiu da cozinha, com a desculpa de que tinha de ir à casa de banho.

- Eu ajudo-te não te preocupes. - descansou Aurora.

- Obrigado.

        Agarram nos pratos e dirigiram-se ao lava-loiças, onde Aurora ensaboava e Henrique enxogava. Faziam uma bela equipa os dois.

- Obrigada pela ajuda. 

- Não tens que agradecer.

        Ambos trocavam agora olhares intensos e os seus corpos estavam significativamente perto um do outro. Existia ali uma certa atração, mas nenhum dos dois o admitia. Os batimentos cardíacos de ambos acelaram e a respiração tornou-se ofegante. Sem pensar, Henrique colocou a sua mão à volta da cintura de Aurora, colocando-a mais próxima, esta deixou-se levar. Os rostos de ambos parecia cada vez mais próximos, e próximos...

- O que é que estão a fazer? - perguntou a pequena Sara.

        

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