Aurora dormia profundamente, o seu corpo estava ligeiramente inclinado para a sua esquerda, estando o seu braço direito a envolver o tronco musculado e trabalhado de Henrique e a sua cabeça encostada ao ombro do mesmo, este envolvia Aurora com o seu braço direito pela cintura.
Um raio de sol matinal, espreitava pela janela que Aurora utilizara para entrar no quarto de Henrique na noite anterior, e cobria agora a face de Aurora, fazendo-a acordar lentamente, à medida que a intensidade desse mesmo raio de sol ia aumentando.
- Henrique! Henrique! - gritava um pequeno ser, saltando para cima da cama e pulando. - Henrique! Henrique! Acorda, vá lá!
Henrique resmungou, mas ao abrir os olhos verde-azeitona, não conseguiu evitar de sorrir ao olhar para a pequena Sara que estava em cima da cama.
- E Aurora! E Aurora! Acordem! - gritou Sara quando reparou que Aurora estava igualmente presente no quarto.
Aurora riu-se, com tamanha alegria daquela criança.
- É assim que quero acordar daqui a uns anos. - declarou Henrique.
- Como? Com duas mulheres?
- Sim.
- Uma a dizer "Bom dia, amor" e outra a dizer "Bom dia, papá"
Aurora sorriu, nunca tinha ouvido frase mais bonita e querida, saindo da boca daquele Rinoceronte de olhos verdes.
- Um desejo bonito. - confessou Aurora.
Ambos sorriram e trocaram olhares intensos, ignorando por descuido a pequena Sara.
- Ahhhhhh, olá! Eu ainda estou aqui! - a gargalhada foi geral. - Tenho fome, Henrique vai fazer o pequeno-almoço!
- O pai?
- O pai já saiu, deixou recado em cima da mesa de jantar. - Henrique acentiu com a cabeça.
Todos se levantaram da cama grande e confortável de Henrique, dirigindo-se à cozinha.
- Quem quer panquecas?! - perguntou Henrique agarrando no avental e colocando-o sobre o seu tronco nu.
- Eu! - gritaram Aurora e Sara em coro.
- Desde quando é que cozinhas? - perguntou Aurora curiosa.
- Desde agora.
Henrique agarrou então nos ingredientes necessários para a confessão daquilo que seria o pequeno almoço dos três jovens.
- Farinha, ovos, açúcar e leite. - sussurrou Henrique para si próprio.
Juntou todos os ingredientes numa grande taça de alumínio, e de seguida, misturou-os. A massa ficando homogénea, estava preparada para ir para a frigideira. Enquanto isto Aurora e Sara observavam muito atentamente, Henrique ao aperceber-se disso mesmo perguntou:
- Gostam da vista?
- Por acaso. - respondeu Aurora, enquanto Sara fazia um olhar de repugnância e deitava a língua de fora, ninguém levou a mal, pois todos se riram da situação.
Henrique ia começar a deitar o preparado para a frigideira quando Aurora interviu:
- Espera! Sara podes me ir buscar a manteiga por favor.
Sara acenou com a cabeça e levantando-se da cadeira, dirigiu-se ao frigorífico de onde retirou a manteiga e entregou a Aurora.
- Obrigada. - Aurora levantou-se e dirigiu-se para ao pé de Henrique. - Não podes colocar o preparado na frigideira se antes colocares manteiga, para não se agarrar à mesma.
Nesse momento ferz-se luz na cabeça de Henrique.
- Não acredito que me esqueci disso. - disse em tom de ironia.
Aurora, agarrou numa faca e cortou um pouco de manteiga deitando-a na frigideira que já se encontrava ao lume. A manteiga derreteu e finalmente Henrique pode colocar o liquido, sempre sobre a supervisão de Aurora.
- Sabes virar panquecas, chef? - perguntou Henrique a Aurora desafiando a mesma.
- Não. - respondeu com um tom envergonhado.
- Queres aprender?
- Claro.
Henrique agarrou a mão de Aurora e puxou-a para ele, colocando-a a sua frente de costas para ele. As mãos frágeis de Aurora, agarraram a frigideira e as de Henrique sobrepunham-se ás de Aurora. Henrique orientava os movimentos e no final de várias tentativas começaram a apanhar o ritmo, e as panquecas saiam perfeitas.
- Sara, vai à despensa buscar o xarope para acompanhar as panquecas. - pediu Henrique e Sara assim foi. - Aurora, queres uma chávena de café para acompanhar.
- Sim, obrigada.
Aurora e Sara colocaram a mesa, enquanto o café fazia.
- Cheira tão bem! - deliciava-se Sara a olhar para as panquecas.
- Podes já sentar-te. - anunciou Henrique, enquanto puxava uma cadeira para Aurora.
- Obrigada. - agradeceu esta.
Henrique simplesmente lhe sorriu e sentou-se. Comeram e conversaram animadamente, durante todo o período enquanto ali estavam sentados.
- Henrique. - chamou a irmã.
- Diz.
- Sempre me vais levar aquele sitio? Tu prometes-te lembras-te?
- Sim, maninha eu lembro-me, mas tive uma ideia melhor.
- E qual é?
- Levar a Aurora conosco.
Sara saltou da cadeira e dançou.
- Dança da felicidade! Obrigada maninho por teres a melhor ideia do universo.
- De nada, Sarinha.
- Aonde é que me vais levar? - perguntou desconfiada Aurora.
- Amanhã ves.
- Sim, Aurora, amanhã ves. - repetiu Sara num tom misterioso.
- Bem vamos arrumar, isto?
Sara fugiu da cozinha, com a desculpa de que tinha de ir à casa de banho.
- Eu ajudo-te não te preocupes. - descansou Aurora.
- Obrigado.
Agarram nos pratos e dirigiram-se ao lava-loiças, onde Aurora ensaboava e Henrique enxogava. Faziam uma bela equipa os dois.
- Obrigada pela ajuda.
- Não tens que agradecer.
Ambos trocavam agora olhares intensos e os seus corpos estavam significativamente perto um do outro. Existia ali uma certa atração, mas nenhum dos dois o admitia. Os batimentos cardíacos de ambos acelaram e a respiração tornou-se ofegante. Sem pensar, Henrique colocou a sua mão à volta da cintura de Aurora, colocando-a mais próxima, esta deixou-se levar. Os rostos de ambos parecia cada vez mais próximos, e próximos...
- O que é que estão a fazer? - perguntou a pequena Sara.

VOCÊ ESTÁ LENDO
a cor da vida
Genç KurguA história de uma rapariga de 16 anos, que foge para Londres onde faz um amigo para a vida e onde desenvolve o seu conhecimento e paixão pela música e pelas artes.