Henrique acordou com um barulho. Vindo da mesma divisória em que ele se encontrava. Pensando que fosse Aurora a fonte do ruído, levantou um braço e deixou-o cair no local da cama onde Aurora estaria, mas o seu braço simplesmente tocou em algo suave e macio. Confuso, levantou ligeiramente a cabeça e abriu os olhos verde-azeitona.
Onde é que ela se meteu? Sentando-se na cama,com lençois brancos visualizou Aurora sentada no chão a olhar para o ecrã da televisão. Na televisão estava a dar desenhos animados, mais específicamente o spongbob.
- Oh, Branca de Neve, tu não parás de me surpreender.
Aurora voltou-se para trás, como num pulo, e encolheu os ombros entre risos. Levantou-se e sentou-se junto a Henrique, pergutando:
- Acordei-te? Desculpa se o fiz...
Henrique beijou-lhe a testa, como num sinal que não fazia mal.
- Não há problema. - começou dizendo - Já estava mesmo na hora de nos levantarmo-nos.
Ambos sorriram. Aurora levantou-se em direção ao armário, de onde retirou o seu vestido preto mais formal e fora para a casa de banho, que descuidadamente deixara entreaberta. Henrique seguiu o exemplo e começou a vestir o fato preto que trouxera no dia anterior. Ao vestir-se Henrique, sem propósito, olhara para a porta da casa de banho, ainda entreaberta. Conseguia visualizar Aurora a maquilhar-se e sorriu, agradecendo mentalmente por ela estar junto dele, neste momento tão difícil.
Quando Aurora saíu da casa de banho, Henrique olhou-a de cima a baixo, espantado pela forma como o vestido preto lhe assentava bem e acentuava-lhe as ligeiras curvas existentes no corpo magro e esbelto que ela exibia. Voltando-se a concentrar na sua tarefa de fazer o laço, Henrique sentiu uma mão delicada na sua mão, fazendo com que este, estivesse frente a frente a Aurora, esta largou a mão de Henrique e começou a fazer o laço que se via tão atrapalhado.
- Obrigada. - agradeceu Henrique, agarrando no casaco dele e de Auora, enquanto a mão livre estava a abriu a porta, por onde Aurora fora a primeira a sair.
A viagem de táxi, até à igreija local, fora feita em silêncio. O único som, era o das rodas do táxi, o motor do mesmo e dos carros em volta. Aurora ainda não se habituara ao sentido em que os carros andavam, eram o oposto de Portugal. Quando um autocarro vermelho, na faixa ao lado, atravessou perto do veículo amarelo, Aurora gritara de medo que o autocarro os atropelasse. Entre risos tímidos e discretos, Henrique agarrou Aurora, até esta estar encostada a si, com a cabeça fragil e delicada de Aurora no peito de Henrique, enquanto este a acalmava.
Já à entrada da igreija anglicana, Henrique abriu a porta do carro e ajudou Aurora a sair do mesmo, depois de ter pago ao motorista e de se ter desculpado pelo grito de Aurora. Os dois amigos ficaram perplexos ao olhar para a dinâmica e austeridade do local.
- Não tencionava trazer-te aqui. - disse Henrique, entrelançando a mão de Aurora na sua quando começaram a subir as escadas, em direção á entrada onde estava o pai de Henrique e a sua irmã.
Chegando ao fim das escadas a menina de nove anos, correu em direção ao irmão saltando para o seu colo. A menina escondeu a sua cara no pescoço de Henrique, chorando e dizendo que tinha sentido a sua falta. Henrique abraçou a irmã apertadamente, não a largando, quando esta recuperou, exibiu a cabeça e limpou as lágrimas com ambas as mão.
- Tens que ser forte. - disse Henrique, limpando as últimas lágrimas da face da irmã.
- Quem é esta, Henrique? - perguntou a criança, Sara, em susurros.
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a cor da vida
Ficção AdolescenteA história de uma rapariga de 16 anos, que foge para Londres onde faz um amigo para a vida e onde desenvolve o seu conhecimento e paixão pela música e pelas artes.