- Estou tão nervosa... - sussurrou Aurora, no elevador, falando para consigo própria. - É hoje. - continuava sussurrando enquanto as portas metálicas do elevador abriam lentamente. - E eu vou conseguir.
Aurora saiu do elavdor com a cabeça erguida num gesto de coragem e bravura, e segui, em passadas largas e confiantes, de violoncelo ás costas, o seu melhor amiga, companheiro e confidente, até à sala de orquestra, onde ainda poucos membros se encontravam presentes.
Aurora colocou-se num pequeno canto, a retirar o violoncelo do estojo, retirou o arco e colocou cuidadosamente resina no mesmo. Subiu para o palco, em seis lugares de violoncelos Aurora colocou se no mais escondido e no mais atrás, de forma a tentar que ninguém reparesse nela.
Para aquecer os seus pequenos e frágeis dedos, começou por tocar a escala de dó. Cada nota era delicada como o ar e sublime como as ondas do mar, cada nota era uma história, uma cor, uma vida. Aquele magnifico som que era produzido por simples vibrações emitidas pelo roçar de crinas de cavalo em simples cordas de ferro. Uma pequena multidão se formava para observar Aurora, que estava tão concentrada em cada nota, em cada movimento que não tinha reparado. Quando deu por termina a sua pequena escala. Ergueu o rosto, deparou-se com imensos olhares sobre ela, corou, especialmente quando todos os presentes batiam palmas.
Um ecoar de uma porta pesada a abrir-se e fechar-se, tudo mudou. Músicos apresavam-se agora para se colocarem nos respetivos lugares, com os respetivos instrumentos em posição para serem tocados e pautas prontas para serem lidas, mas nada disso se passou. O maestro colocou-se em frente da sua estante, com a batuta na mão, lantamente possou-a.
Todos sabiam o que isto significada, murmúrios e comentários de baixo tom invadiram o pequeno auditório.
- Como já todos devem ter percebido tenho novidades. - fez uma breve pausa, respirou - O que para uns pode ser ótimas notícias, para outros pode ser o reflexo de todo o dinheiro que os vossos pais investiram em vocês para a vossa carreira musical a ir por água a baixo. -
Ninguém presente respirava, falava ou piscava os olhos, perplexos com as palavras que acabavam de sair da boca do professor.
- O concerto pelo qual estamos já a trabalhar à um mês, terá lugar brevemente.
O maestro, Michael, era um homem por volta dos 40 anos, não era a pessoa mais simpática que Aurora já tivera conhecido, mas esta também não desgostava dele. Transmitia-lhe algum conforto, respeito, familiar. Todos os membros da orquestra contavam histórias sobre o que lhe teria sucedido para este ter ficado assim. Todos com histórias diferentes, umas mais complexas, umas mais imaginárias e irrealistas que outras.
- E com este mês, observei-vos, ensinei-vos, ouvi-vose mais importante, avaliaei-vos. E foi com base nessa mesma avaliação que eu decidi quais os papeis de cada um de vós para este concerto de final de curso e será este mesmo conserto que abrirá várias portas a muitos de vós.
Todos ouviam e assimilavam as palavras proferidas.
- E eu já me decidi. - agarrou na batuta e apontou-as para os primeiros violinos, mais especificamente para um aluno em especial. - Richard serás o chefe de naipe e o concertino desta orquestra, por favor coloca-te na primeira cadeira.
Richard levantou-se da cadeira onde estava, para se colocar naquela que o maestro tinha indicado, ao som das palmas dos seus outros colegas. O maestro apontou então para cada um dos naipes, em especial para certos alunos que irão ser o chefe desse mesmo naipe indicado.
- Jeff, Kevin, Sarah, Stefan, Steve, Jonh, Mariah, Adam and Sam.
Michael apontou para o último grupo que falatava, os violoncelos. Olhou para os mesmos, e voltou a olhar. Aurora tremia, era este o momento, era para isto que tinha trabalhado para estar à frente, para ter a opotunidade de fazer a sua música ser ouvida.
O maestro levantou a batuta, Aurora seguia esta com o olhar, começou por apontar para cada um dos alunos mas sem proferir os seus nomes.
- Última cadeira, rapariga de cabelo preto quel o teu nome?
- Aurora.
- Aurora és chefe de naipe. - disse sem demonstrar animação na sua voz, mas Aurora também não lhe pedia isso.
Se me escolheu por algum motivo fora certo? pensava ela ainda petrificada.
- Anda lá, mexe-te.
Aurora não queria acreditar, era surreal o que acabara de acontecer. Richard piscou-lhe o olho e em sussurro deu-lhe os parabéns assim como o chefe de naipe dos fagotes, esta agradeceu e retribuiu.
No fim do ensaio todos foram arrumar os seus instrumentos e almoçar, Aurora deixara-se ficar para trás, tentando assimilar e processar a informaçãoi dada. Palmas solitárias vindo do fundo do corredor do auditório, ecoaram, uma silhueta era visivel na penumbra. Caminhando em direção à luz veio-se revelar um sorrisso e uns olhos verdes radiados de orgulho.
- Parabéns, Branca de Neve.
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a cor da vida
Novela JuvenilA história de uma rapariga de 16 anos, que foge para Londres onde faz um amigo para a vida e onde desenvolve o seu conhecimento e paixão pela música e pelas artes.