Rodrigo acordou sonolento, desbloqueou o telemóvel para verificar as horas, eram 8 em ponto. Espreguiçou-se, colocando os braços ao comprido, ocupando todo o colchão. Sentiu um corpo estranho a impedir a sua perna de ocupar o canto inferior esquerdo. Levantou a cabeça e observou que era o saco de cama de Henrique.
" Madrugador, o atrasado! " pensou ele.
Saiu da tenda e inspirou profundamente o ar da serra. O aroma era fresco, enchendo os pulmões daquele ar da natureza envolvente, Espreguiçou-se mais uma vez, bocechando. Olhou em redor, não conseguiu ver viva alma.
" Ou acordam todos com as galinhas ou são todos uns dorminhocos! "
Rodrigo ficou em pé, vendo a água cristalina do rio a passar calmamente, ouviu o vento a embater nas árvores e os passáros a chilrrear pela manhã. Neste ambiente tão acolhedor e pacifico, Rodrigo ouviu um partir de um ramo. Olhou em direção da fonte sonora e nada viu. Aquele misterioso ruído voltou a mostrar-se, Rodrigo parecia confuso e algo assustado.
" Isto aqui não há ursos certo? Quer dizer estamos a fazer acampamento selvagem mas mesmo assim... não se iriam a aproximar tanto do acampamento? Ou iriam? " Rodrigo já não tinha certezas de nada. O som exibiu-se novamente, mas agora mais perto.
" São ursos! Tenho a certeza! Eles querem-me comer! "
Um último ruído foi o sufeciente para Rodrigo gritar aterrorizado. Um grito que se podia comparar aos gritinhos de uma menina de seis anos.
Rodrigo deu um salto, voltando-se para o lado oposto, onde um som, desta vez diferente, se fez ouvir. Era a tenda da Angela e de Gonçalo a abrir-se.
- Quem e porquê o grito? - perguntou Angela ainda de olhos meio fechados, por causa da luminosidade do ambiente, a quer as pupilas não se adaptaram de imediato. Gonçalo saiu logo de seguida atrás de Angela, o seu cabelo sempre tão penteado e cuidado, estava agora o oposto.
- UM URSO! EU VI UM URSO! - gritava Rodrigo.
- Calma assustadiço! - pediu Henrique, saindo da tenda de Aurora, já bem acordado. - Tu viste ou ouviste um urso?
- Eu ouvi passos! Aproximando-se cada vez mais! Tenho a certeza que era um urso! - diminuiu o som e apontou com o indicador, proveniente do ruído.
O espaço onde se encontravam era grande e espaçoso, algumas árvores espalhadas, aqui e acolá. Henrique dirigiu-se ao local indicado por Rodrigo. O espaço era amplo com uma e duas árvores plantadas. Colocou-se entre as duas e olhou...para a esquerda...e depois...para a direita. Os seus olhos arregalaram-se e um sorriso envolveu o seu rosto.
Aurora juntava-se agora o grupo, desejando os bons dias a todos, mas foi ignorada. Percebeu então que estavam todos extremamente focados em cada movimento de Henrique.
" Aquele Rodrigo é tão idiota! " Henrique avançou em direção à árvore, à sua direita, e baixou-se. Os seus braços ergueram-se agarrando num objeto desconhecido pelo grupo, mas os seus movimentos eram ocultados pelo trono espesso da árvore.
- Isto todo é por causa daquele grito histérico que ouvimos? - perguntou Aurora a Angela que saira do seu trance. Rodrigo olhou para ela com um ar reprovador. Aurora ficava agora mais confusa...
- O Rodrigo pensara que tinha visto...
Aurora interrompeu a amiga.
- Calma! O grito era do Rodrigo? - Angela assentiu rindo, assim como Aurora. - E o menino ficou com medo e teve de ir o menino mais velho resolver o dilema?!
- Sim, foi basicamente isso! - Ambos estavam a rir do ataque de pânico de Rodrigo e o seu grito ameninado. Passado uns segundos fora a vez de Angela se dirigir a Aurora. - Porque é que o Henrique estava na tua tenda?
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a cor da vida
Ficção AdolescenteA história de uma rapariga de 16 anos, que foge para Londres onde faz um amigo para a vida e onde desenvolve o seu conhecimento e paixão pela música e pelas artes.