- Despacha-te, Patrick, estrela!
Aurora riu com os desenhos-animados de domingo de manhã. Estava a ver o Spongbob, a sua esponja quadrada preferida do mar. Um cheiro a pão quente, vindo do exterior do quarto, fê-la levantar-se e dirigir-se à porta, assim como se enfeitizada pelo cheiro a pão quente do exterior. Abriu a porta e deu de caras com um sorriso e com uns olhos verde-azeitona á sua frente.
- Lembrei-me que gostas de ver desenhos-animados e conclui que ainda não tivesses comido o pequeno-almoço, a refeição mais importante do dia!
Aurora riu-se e roubou-lhe o saco de papel, de onde saía o cheiro. Regressou para dentro da cama, onde retirou um scone com manteiga derretida. Henrique por sua vez entrou no dormitório, fechou a porta e ficou em pé a olhar para Aurora.
- Senta-te, oh Da Vinci!
Henrique seguiu as ordens de Aurora, sentando-se ao lado de Aurora olhando para o televisor, juntamente com ela. Aurora entregara-lhe o segundo scone, que este recebeu com satisfação. Os dois não tinham dito uma palavra enquanto degustavam os scones quentes. No final do episódio do spongbob e no final do pequeno-almoço, Aurora dirigiu-se a Henrique:
- Obrigada, pelo pequeno-almoço!
- Sempre ás ordens!
Os dois riram e decidiram ver mais um episódio da esponja quadrada. Era dificíl não rir e também não se esforçaram para não rir.
- Calma, calma! - disse Henrique cessando as gargalhadas mas ainda com a respiração ofegante. - Isto não foi a porta a bater?
- Também me pareceu...
Henrique levantou-se em direção à porta, onde se deparou com dois adultos, uma senhora e um senhor, bem vestidos e com um ar extremamente formal.
- Mãe? Pai? - disse Aurora sem querer acreditar no que os seus olhos viam.
- Olá filha... - disse o pai seriamente.
- Com licença. - Henrique saíu do quarto em direção ao corredor onde ficou à espera que a conversa familiar acaba-se.
- O que é que vocês fazem aqui? - perguntou Aurora, levantando-se da cama.
- É para isto que andamos a pagar o teu curso?
- Desculpe? Vocês andam-me a pagar o curso? - Aurora riu-se - Eu nunca, mas mesmo nunca vos pedi nada, a única coisa que queria de vocês era que vocês não se metessem na minha vida! A única coisa que me deram a vida toda foi: um quarto, as minhas aulas de violoncelo e comida! Roupa sempre comprei sozinha e o mesmo fiz com o curso, fui eu a pagar o voo, a estadia desta semana e refeições e caso não se lembrem eu ganhei uma bolsa, portanto não existem gastos! - um silêncio comum a todos os presentes - Peço desculpem por terem gasto o dinheiro da viagem até cá, mas como vêm eu estou bem! Agora se não se importarem saíam!
- Mas filha...
- Não, mãe esquece! O pai entrou a matar, sem ter factos para poder reclamar! Agora saím, por favor.
Rafael voltou-se para trás, trazendo Madalena com ele. Henrique reparou que os dois estavam a seguir pelo corredor até ao elevador, mas Rafael parou em frente dele.
- Atreve-te a tocar-lhe com um dedo!
Rafael largou Madalena e seguiu sozinho para o elevador, estando ainda Rafael de costas Madalena olhou nos olhos de Henrique.
- Consigo ver nos teus olhos que não és mau miúdo. Faz me o favor de cuidar da nossa menina.
Henrique assentiu com a cabeça.
- Não se preocupe, ela está em boas mãos. Ela foi uma grande ajuda e suporte nos últimos dias! Não vou deixar que nada lhe aconteça! Têm a minha palavra.
Madalena sorriu aliviada.
- Madalena, despache-se! - ordenou Rafael.
Assim que o casal desapareceu das portas do elevador, Henrique correu para o quarto de Aurora que estava surpreendentemente a tocar.
- Aurora, estás bem?
- Sim, não te preocupes, aprendi à muito a lidar com a raiva do meu pai, mas nunca o tinha confrontado desta maneira! - Aurora sorriu, como se um peso dos seus ombros tivesse saído dos seus ombros.
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a cor da vida
Teen FictionA história de uma rapariga de 16 anos, que foge para Londres onde faz um amigo para a vida e onde desenvolve o seu conhecimento e paixão pela música e pelas artes.