- Bom dia, Vanessa! - cumprimentou Henrique, passando pela receção da Universidade. Carregou no botão de acesso ao segundo andar e cantarolou uma música, que lhe insistia em permanecer na cabeca desde da noite passada.
Chegando ao andar dos amigos, reparou em Aurora e Rodrigo à conversa. Ela estava encostada à parede branca e ele estava com o braço direito esticado, onde se apoiava na mesma parede que Aurora.
- Bom dia! - disse bem humorado e com um sorriso malicioso entre lábios, lembrando-se que Rodrigo ontem estragara o clima entre ele e Aurora. " Hora da vingança! "
- Bom dia! - cumprimentou Aurora, retirando o braço de Rodrigo, que se desiquilibrou ao ficar sem apoio, dando passagem para Aurora para dar um abraço a Henrique, este encarando Rodrigo riu-se da sua quase queda.
Rodrigo acenou com a mão e revirou com os olhos.
- Bom dia, novos amigos! - saudou Gonçalo. - A Angela ainda não acordou?
- Já batemos à porta, ela disse que saia daqui a cinco minutos.
- Ok, obrigada Aurora. - agradeceu sorrindo abertamente para a amiga.
- Já cheguei! - anunciou Angela, cumprimentando cada um com dois beijinhos. - Vamos andando?
Hoje era um dia diferente do habitual. Hoje era o dia de descanso da Universidade e os cinco amigos combinaram ir conhecer Londres, pois a maior parte não era de cá.
- Então Gonçalo, és de onde? - perguntou Aurora, interropendo o silêncio que se instalara a descer as escadas da universidade.
- Eu venho da Irlanda do Norte.
- E tu, Angela?
- Eu venho da Escócia.
- Eu venho de Manchester. - respondeu Rorigo advinhando que a próxima pessoa a quem Aurora iria perguntar era a ele mesmo. Aurora sorriu como agradecimento por ter respondido.
- E vocês, Henrique e Aurora, de onde vêm? - perguntou Angela.
- De Portugal! - responderam em coro, rindo de seguida.
- Eu venho do Algarve. - especificou Henrique. - mas mudei-me para Londres à dois anos.
- Eu de Lisboa.
Ao longo do caminho, todos os cinco amigos, conversaram, identificando os fatores em comum uns com os outros como a banda preferida, a comida preferida, a cor preferida, coisas básicas.
- Eu amo preto! - gritou Aurora nas ruas de Londres, tapando de seguida com a mão a boca, vendo as pessoas da rua em que se encontravam a olhar para elas e os seus amigos a morrer a rir. Nem a própria Aurora se conteu e também ela propria se riu da sua figura.
Com tantos risos e com tantas mãos no estomâgo de tanto rir, Aurora desiquilibrou-se à beira da estrada, soltou um grito, pois não se conseguiu aguentar em pé e um carro ia a passar, no mesmo exato momento. O carro apitou, as pessoas pararam, Aurora temia pela vida, o mundo parara na sua mente, a imagem de um carro lhe passar por cima da cabeça, ficou gravada.
Aurora perdia a esperança, até que sentiu um par de barços a rodea-la pela cintura e a puxa-la novamente para cima. Ainda com a respiração ofegante do susto, Aurora ouvia as pessoas a baterem palmas. Ainda de costas para o individuo que lhe acabara de salvar a vida, Aurora voltou-se, ainda rodeada pelos braços musculados, frente a frente com Rodrigo.
- Obrigada! - disse colocando os seus braços em volta do pescoço de Rodrigo.
- Não tens que agradecer!
Rodrigo apertava o corpo de Aurora com os dois braços em volta da sua cintura, beijara o seu cabelo, tentando acalma-la, sentindo os seus batimentos cardíacos no seu peito e a respiração acelarada no seu pescoço.
" Devia ter sido eu!" pensava Henrique sentindo-se culpado, "Eu prometi à mãe dela, que tomava conta dela! " mas ainda assim aliviado por ela estar bem, " Eu tinha o dever de a proteger!"
O grupo avançou na direção de Aurora e Rodrigo abraçando-a com todas as forças.
- Não queres ir ao hospital? - perguntava Angela preocupada.
- Não! Não é preciso, foi só um susto. Já estou bem. - disse forçando um sorriso.
- Tens a certeza? - queria certificar-se Gonçalo.
- Absoluta.
Decidiram que era hora de uma pausa, os três rapazes entraram no starbucks, comprando queques e batidos para todos, enquanto Aurora e Angela, sentavam-se na esplanada a conversar.
- Então como as coisas entre ti e o Gonçalo? - perguntou a curiosidade de Aurora.
- Vão bem! - disse rindo - Ele é querido, simpático, têm imenso talente e é giro! - ambas se riram do enfase que Angela utilizara na palavra "giro".
- E as coisas entre ti e o Henrique?
- Quais coisas? - perguntou Aurora confusa - Somos simplesmente amigos.
- Eu reparei, Aurora.
- Reparas-te no quê?
- Na forma como ele olha para ti!
- Ora não sejas parva! - disse Aurora, rindo das palavras de Angela. - Um olhar não trasmite nada!
- Ouve o que eu te digo!
Aurora revirou os olhos com a teimosia de Angela.
Já dentro do starbucks a conversa dos rapazes era outra.
- Parabéns pelo salvamento da Aurora hoje. - felicitou Gonçalo.
- Fiz o que tinha de ser feito! Já que mais ninguém se mexeu, tive que ser eu! - Rodrigo deitou um olhar incriminatório a Henrique, fazendo com que este ainda se culpasse mais.
Os rapazes pagaram e dirigiram-se de novo à esplanada, onde as raparigas estavam!
- Comida! - gritava Aurora esfomeada e divertida.
- Já recuperaste? - perguntou Rodrigo.
Aurora assentiu com a cabeça dirigindo agora toda a sua atenção para o tabuleiro que Gonçalo segurava.
- Ok, trouxemos... - anunciou Gonçalo chegando à mesa - Batido de chocolate e queque de chocolate para a Aurora...
- Chocolate! - festejou Aurora. - Eu não consigo viver sem chocolate!
Uma gargalhada geral instalou-se quando Aurora beijou o queque.
- E para a Angela, um batido de chocolate e um queque de limão.
- Obrigada! - dando um beijo na bochecha de Gonçalo como agradecimento. Gonçalo corou e olhou para Angela, os olhares cruzaram-se e ficaram ambos a olhar um para o outro. Mas como sempre Rodrigo, o anticlimático do grupo, amachucou um guardanapo e mandou à cara de Gonçalo.
- Estamos a mais?
Angela riu envergonhada enquanto Gonçalo mandava de volta o guardanapo.
Aurora entre risadas reparou que o olhar de Henrique permanecia nela, mas quando esta olhou para ele desviou de imediato o olhar.
"Estranho ele estar tão...estranho!"
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a cor da vida
Teen FictionA história de uma rapariga de 16 anos, que foge para Londres onde faz um amigo para a vida e onde desenvolve o seu conhecimento e paixão pela música e pelas artes.