" De volta à universidade... " pensava Aurora, bufando de seguida.
- Bom dia, guys! - cumprimentou Angela desmotivadamente, sentando-se numa cadeira e colocando a cabeça entre os braços. O seu cabelo ruivo despenteado caira-lhe sobre os ombros pálidos que constratavam com o vermelho cereja.
Aurora, tão desmotivada como Angela, apoiava a cabeça sobre um braço. Sentia a cabeça pesada de tanto sono que tinha.
- Bom dia, meninas! - saudou Henrique com o seu melhor sorriso fresco, mas logo o seu ar fora de cansaço e a sua boa disposição matinal, foram reveladas falsas depois de um bocecho lhe invadir o rosto!
Aurora levantara a cabeça repentinamente, dilatando os olhos dissendo:
- Eu sabia que não podias tar assi... - a sua frase de vitória foi interrompida pelo bocecho contagiante de Henrique.
- Porra Aurora! Agora tamb... - Angela também se deixara contagiar, não acabando a frase e deitando novamente a cabeça sobre os braços.
- Vocês são muito fraquinhos! - gozou Rodrigo, que na realidade era o único e genuinamente desperto e fresco. - Não aguentam estar acordados até ás duas da manhã! - continuava abandando a cabeça de desaprovação.
Ninguém se moveu, assim como as raparigas, Henrique havia fechado os olhos, submetidos ao cansaço da viagem da noite anterior, que acabara chegando à universidade, somente ás duas da manhã.
- O Gonçalo? - perguntou Aurora, obrigada a levantar a cabeça, para receber o seu pedido de pequeno-almoço, trazido por Rodrigo, que naquele dia era o único com forças sufecientes.
- Ficou na sala a treinar mais um pouco. - respondeu Angela danedo um golo no seu Compal de manga laranja.
- Ok. Então e vocês rapazes como vão as vossas aulas de desenho?
- Vão bem. - responderam ambos em uníssono, fazendo uma troca de olhares ameaçadores entre ambos. Os dois ainda não eram os mais chegados, especialmente depois da troca de olhares e bocas indesejáveis durante a viagem.
A tal viagem que endureceu mais a relação entre Henrique e Rodrigo, teve lugar na noite anterior, Henrique, como mais velho mas ainda assim sem carta, ia a conduzir com Aurora ao seu lado, dado que Gonçalo pedira para trocar com ela a meio da viagem, pois Angela deixara se dormir e Gonçalo queria deixa-la o mais confortável possível. Rodrigo sentava no banco atrás do condutor.
" A fazer de vela! " pensou bufando, mas dando-lhe uma visão periférica do que se passava à sua volta. Henrique institivamente, colocou a sua mão no joelho de Aurora, desenhando pequenos circulos com o polegar. Aurora riu com a sua atitude dando-lhe um beijo na bocecha.
A viagem prosseguia de uma forma calma e tranquila. A música mexida estava a começar a roer os ouvidos de Aurora, fazendo-a mudar para uma estação de rádio de jazz. Aurora era o tipo de pessoa que não tinha um estilo de música certo. Apreciava todo o tipo de música e ouvia um pouco de todos os tipos. Desde de jazz, a rock, classica, rap, todo ela gostava de tudo um pouco.
Ao longo da música compassada lentamente, enquanto o solo de saxofone decorria e o contrabaixo ritmava, Aurora deixou-se levar lentamente até ao inconsciente.
- Shh! A Aurora adormeceu! - avisou Henrique os dois restantes rapazes que contavam anedotas.
- Então, Henrique... - começou Rodrigo verificando, por cima do ombro de Henrique que Aurora não o ouvia - O que aconteceu entre ti e a Aurora, hoje de manhã quando eu vos " apanhei " ? - perguntou Rodrigo fazendo aspas om os dedos, acentuando a palavra "apanhar".
- Nada simplesmente caimos. - esclareceu Henrique, dando como terminada a conversa pelo seu lado.
- Hum... É que a mim não me pareceu que vocês simplesmente... cairam... - Rodrigo continuava a pressionar Henrique, na esperança que desse um passo em falso para o apanhar.
- Mas nós simplesmente caímos! - defendeu-se Henrique encolhendo os ombros.
. Mas mesmo assim...
- Mesmo assim o quê? - Henrique elevara o seu tom, fazendo Rodrigo sorrir vendo a reação que estava a ter nele.
Gonçalo, vendo o amigo em apuros, interveio:
- Então, Rodrigo, se ele diz que só caíram, é porque é ser verdade. O Hwenrique não é mentiroso.
Henrique não desviando o olhar da estrada agradeceu mentalmente a Gonçalo.
- Henrique! Henrique! - Henrique ouviu três vozes chamarem-no enquanto passava o episódio da noite anterior na sua cabeça, reparou que estava demasiado dentro dos seus pensamentos e não deu atenção ao que decorria em seu redor. Como num feitiço, Henrique acordou.
- Sim! - respondeu inspirando uma lufada de ar fresco, como se não respira-se à longos minutos. - Desculpa estava só distraído.
- Meu isso assustou! - disse Rodrigo. - Quando voltei estavas fixando na Aurora e quando te chamei para te dar isto. - continuou entregando o café - Tu simplesmente não ouviste. Parecia que estavas a dormir mas quando te chamavamos tu não acordavas!
- Desculpem estava a pensar.
Aurora pulou da cadeira que até agora, estivera em silêncio, e abraçou Henrique com as suas forças.
- Não voltes a fazer isso! - sussurrou ao seu ouvido.
Rparando no estado de Aurora, Henrique abraçou-a com os seus longos braços, acolhendo-a nos seus braços. Aurora colocou o rosto na curva do pescoço de Henrique como que para esconder a expressão assustada e preocupada. Henrique consolou-a e beijou a sua cabeça, como que para ter calma.
- A pensar no quê? - perguntou Angela com um sorriso maléfico.
Antes que pudesse tentar responder foi salvo, novamente, por Gonçalo, que entrou no bar saudando a todos com um bom dia e um aceno de mão. Olhou para Henrique e depois para o corpo que estava ao seu colo. Sentiu-se confusa e franziu a testa, mas logo que visualizou Angela dirigiu-se, à mesma, para lhe dar um longo e apertado abraço, mas foi empurrado pela mesma.
- Nem penses! Estás todo suado! - Gonçalo riu-se mas ainda assim abriu os braços e avançou. Angela, sendo pequena, baixou-se passando por Gonçalo e correndo para a rua. Gonçalo seguiu-a apanhando-a à porta, estava a chover, o que deu um ar romântico aos olhos de Aurora, que levantara o olhar por causa da confusão envolvente.
- Pelo amor de deus! - gritava Rodrigo.
Aurora estava a rir da cara de enjoada que Rodrigo apresentava e deitou-lhe a lingua de fora enquanto este simplesmente revirava os olhos. Olhou para Henrique porque sabia que este também estaria a olhar para ela. Os olhares cruzaram-se e recordações da manhã anterior voltou-lhe à mente, mas, simplesmente se deixou estar, no seu colo, sendo apertada pelos seus braços e sorrindo para ele, assim como ele sorria para ela.
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a cor da vida
Teen FictionA história de uma rapariga de 16 anos, que foge para Londres onde faz um amigo para a vida e onde desenvolve o seu conhecimento e paixão pela música e pelas artes.