Capítulo 59

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Thay 💫

Vim, fui julgada e no final,graças a Deus não deu em nada.

Tô livre e agora posso voltar a todas as minhas atividades normalmente.

O neguinho tinha limpado a minha ficha, só precisava vim no tribunal pra fechar as coisas.

Quando fui sair, vários jornalistas vinheram pra cima de mim.

Me perguntando se eu apoiava o tráfico, se eu fazia parte e falando como o tráfico matava várias pessoas.

Thay: Vocês querem falar de bandidos? Vamos falar dos bandidos de terno e gravata! Aqueles que ao invés de criar mais escolas,pra dar mais oportunidades para as crianças das periferias, prefiro criar mais presídios! Parem de ser hipócritas, o inimigo usa terno e gravata e sempre mentiu!

Sai voando pela multidão.

Gente chata.

Agora me diz se isso vai ter toda a repercussão, a mesma repercussão que teve no assalto.

Pra julgar tem vários, pra ajudar, ninguém tá ali!

Entrei no carro do neguinho que me esperava na outra rua.

Neguinho: Já passaram a tua meta, falou tudo pô! Pareceu até cria da favela falando.- Brincou.

Thay: Sou quase.- Sorri de lado.- Vai no meu apartamento, por favorzinho.

Ele confirmou, fui mostrando o caminho pra ele.

Ele desceu comigo, entrei no condomínio recebendo olhares de todos os tipos.

Principalmente pro neguinho.

Olhares de desdém.

Neguinho: Colfoi cara? Olha assim pra tua mãe! - Falou pro cara que passou quase quebrando o pescoço de tanto olhar.

Thay: Tu é a melhor pessoa, sério! - Falei rindo.

Entramos no meu lugarzinho e ele encarou tudo aquilo, como coisa de outro mundo.

Thay: Para de olhar assim, meu pai.- Reclamei indo pro quarto.

Ele me seguiu,parecendo um pinguim.

Neguinho: Tu é mó ricona né, Colfoi do bagulho tio? - Apontei pra cama e ele se jogou.

Thay: Sempre trabalhei muito.- Sorri de lado.- É claro que meus pais ajudaram, mas eu ralei muito também.

Neguinho: Minha coroa ia amar essa vista! - Se levantou indo pra varanda.

Parei de arrumar minhas coisas e olhei pra ele que tava de bruços olhando tudo aquilo.

Thay: Tu não ganha dinheiro do tráfico não? - Sentei olhando ele de costas.

Neguinho: Ganhava pô, eu era o fogueteiro,bagulho nem pega tão pesado assim! Nem peça eu tinha, mas minha coroa nunca gostou, sempre reclamou, ficava triste.-Olhou pra mim.- Passei uns 5 anos nesse meio, depois que ganhei um bom dinheiro, sai e fui curtir com minha coroa, não tenho tanto dinheiro pra lazer, mas tudo que eu tenho,é da minha mãe.

Realmente, olhando agora,o Fabrício era o único que não saia ostentando por aí.

Saia com coisas simples, nos bailes não se mostrava por portar whisky mais caro.

Ele era simples e feliz.

Caminhei até uma gaveta e peguei a chave reserva do apartamento.

Estendi pra ele e ele me olhou rindo, debochadão pra caralho.

Thay: Para de rir,toma!

Neguinho: Bagulho é teu morena, o pá minha cara de quem vai aceitar.

Continuei séria.

Thay: Olha a minha cara de quem vai morar aqui! Minha vida é outra agora. Trás tua mãe pra morar aqui, vem com ela ou sei lá! Só sai dali, tu faz inveja a muita gente nego, tu sabe né? Muitos te invejam por ser quem tu é, por cair e continuar com o sorriso no rosto, muita gente que te ver cair! Tu é um homem da porra Fabrício, tu merece uma vida melhor que aquilo, qualquer um merece. Faz tua mãe feliz, essa não é a tua única preocupação?

Ele me olhou sério, continuei com a mão ali.

A coisa mais linda que eu vi até agora, foi quando ele começou a deixar várias lágrimas caírem pelo rosto dele!

Esse preto é ouro.

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Próximo capítulo vai ser narrado pelo Neguinho ❤
Quero mts comentários pra eu poder soltar.

Coração VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora