Capítulo 06

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-Tem evento hoje Lola, você vai? – Ele fechou a porta do banheiro e sentou em minha frente.

-Não sei, talvez eu vá.

-Posso ir com você? – Ergui o cenho e o olhei.

-Pode, mas por quê?

-Lorena, você sabe que nesses eventos vão vários homens lindos.

-Ah, entendi – Ri e neguei com a cabeça – Você não tem jeito mesmo.

-Claro que tenho.

-Hoje, amanha e depois temos eventos Íta e não estou a fim, não estou no pique.

-Você tem que ir Lola, lembra? Era tudo isso que você queria.

-Sim, era. Mas essa obsessão me afastou da minha família.

-Não afastou tanto Lola – Concordei com o meu amigo e encostei a minha cabeça sobre a poltrona e fitei o teto – Você precisa assinar o contrato da Marcia. Precisamos fazer o álbum logo.

-Eu sei. Você trouxe?

-Sim. Vou deixar aqui – Assenti e masquei a goma – Preciso voltar ao trabalho, quando for o horário do almoço passo aqui.

-O.K – Ítalo saiu de minha sala, fechou a porta e seguiu alguém conversando. Consegui ouvi-lo.

Lembro-me de quando nós conhecemos, ele era ranzinzo e se escondia por baixo dos panos, não era assumido e nem nada. Apenas um fotografo, apaixonado pela profissão. Vi seu desesperado e desejando se libertar, conseguiu com muita luta, seu pai era machista e não aceitava v, então o moço conseguiu um bom dinheiro e alugou o próprio apartamento, se assumindo. Foi uma luta, que passei com ele. Ítalo sempre ajudou a dirigir a agência, dizia o que achava ou não correto, ele era o sub chef. As pessoas que trabalhavam para mim, o respeitavam, sem descrimina-lo por sua opção sexual. Quando não estava presente, ele comandava. Chegamos junto onde estávamos, éramos grandes, mas ainda não expandimos e o sonho dele era expandir para fora do Brasil. E assim com o tempo fomos ficando cada vez mais cumplices, amigos e confidentes. Ele sempre me ajudou com meus problemas, todos. Desde o da agencia, até o familiar.

Assinei o contrato que Ítalo deixou sobre a mesa, respirei fundo e levei minha mão sobre a barriga, imaginando se realmente estivesse gravida. O que era impossível, não tinha como estar gravida. A medicina dizia que aquilo era impossível, um problema que não entendia. Mas, e se estivesse, tudo mudaria. Teria que tirar a vida da correria e coloca-la na calmaria. Porém o bebê não traria Luan de volta, ele não voltaria para mim.

Às vezes me perguntava o que estava esperando para pedir o divorcio? Para deixa-lo ir para onde quiser, sem compromisso ou peso?

Nunca conseguia encontrar a resposta, sempre vinha o medo. Pensava nas crianças e como elas agiriam com aquela noticia. Também pensava em mim, pensava na dor que sentiria ao ver Luan seguir. Ou se não ligasse pela separação. Doeria muito, talvez mais do que já estava doendo.

Sabia que toda aquela dor era culpa minha, havia me afastado e muito. Sempre fui muito dedicada ao trabalho e dessa vez não foi diferente. Para chegar onde estava batalhei muito, me dediquei muito. Deixei muitas vezes as crianças com a babá e o Luan sozinho. Eram muitas festas e eventos, não tinha outra escolha a não ser me dedicar, estava realizando o que sempre sonhei. Luan tinha que entender. Ele sabia como ninguém, estava realizando um sonho meu.

Agora estava voltando, as coisas estavam se ajeitando. Conseguia ficar mais vezes com as crianças e ele ainda continuava sozinho, estava ferida demais para ir atrás. Mas deixei o orgulho e ferida de lado e fui atrás dele, fiz a surpresa, fui amável e doce, como ele gostava, fizemos amor e cresceu em mim, a esperança de tudo se resolver, mas não foi assim.

Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora