Capítulo 50

375 10 11
                                    


Ultimo capítulo

Era finalzinho de novembro, quase na hora do almoço, esperava Lorena acordar. O câncer estava acabando com ela, estava mais cansada e dormia ainda mais, passava quase o dia todo dormindo.

Havia deixado várias cartas sobre a mesa, para todos, Breno, Nicole, Theo, até para Emanuelle, que era como filha para a minha esposa, eu ficava feliz demais com aquilo.

Levantei e aproximei de Lorena, chamei, brincando como todas as manhãs, abrindo um pouco a cortina, dando luz ao quarto.

-Hora da carequinha mais linda do mundo acordar – Falei me aproximando, tocando a sua pele, assustei e dei um pulo para atrás quando senti sua pele gélida. Meu coração falhou em uma batida e eu ofeguei, sentindo dor e desespero. Minha garganta estava seca e mal poderia respirar.

Olhei para seu corpo e não vi o mesmo mexer, não vi seu peito subir e descer lentamente pela respiração, como todos os dias, chorei, abraçando e ouvindo seu coração, sem batimentos, sem respiração. Apertava Lorena, chorando, gritando, querendo expulsar a dor que alastrava o meu peito.

A mulher da minha vida estava morta! Como eu aceitaria?

Não! Não! Não! Não! Não!

Não poderia acontecer, não comigo!

Não poderia ser o fim de tudo!

Não queria aprender e ser obrigado a viver sem ela. Lorena era tudo para mim e agora como viveria? Como suportaria a dor?

Chorava feito uma criança, a dor voraz atacava e alastrava o meu peito, gritava de dor e prantos. Só sentia dor e mais dor, a mesma não desgrudaria de meu peito, nunca.

"A minha mulher havia falecido" – Repetia várias vezes, me torturando.

A ficha não caia e eu não aceitava e muito menos queria. Ela não poderia falecido, poderia ter me lavado.

Faria tudo por ela, tudo o possível para salvar e ter Lorena comigo.

Não dava para acreditar, como viveria, ou sorriria? Ou pior, como me sentiria vivo? Sem a mulher que me amava? Lorena estava morta, destruída pelo câncer, me destruindo também, me impedindo de viver com a minha amada.

E como viver? Como viver sem ela? Ela era o a minha melhor parte, era o melhor de mim e o meu refúgio, era o meu anjo e como viver? Não tinha razões, não tinha como viver sem ela, porque a amava demais, sem capacidade de viver sem Lorena.

O velório e o enterro foi horrível, era obrigado a ver os olhares, de pena. Ouvir o quanto eu era novo e poderia me casar, dali uns anos. Quase expulsei todo mundo, porém estava abalado demais, quase morte.

O pior, era chegar em casa, ficar sozinho e me deparar com a saudade.

Não sobreviria.

***

Já faziam dois anos em que o meu anjo da terra havia ido morar no céu, ainda estava em luto, ainda sentia dor e a saudade. Há muito tempo alastrava o meu peito. Ainda não superei e viver na casa onde morávamos, causava mais dor, havia mudado, com os meus quatro filhos e a babá, junto com Sirlei.

Não queria apagá-la da memória, mais ainda doía, tudo era tão recente. Lorena tinha me deixado e era difícil viver a cada dia sem ela.

Nicole já estava com 17 anos, Breno com 10, Manu e Theo estavam prestes a completar quatro anos.

A Nicole já estava namorando, foi bem difícil aceitar, já tinha perdido o grande amor da minha vida, não queria perder a minha filha, também.

Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora