Capítulo 21

326 4 5
                                    


Lentamente abri meus olhos, já de imediato senti a minha cabeça pesar e logo doía. Tão forte quanto nas ultimas semanas. Resmunguei, sentindo a garganta seca. A mesma ainda doía, por conta de gritar muito.

Olhei em volta, ainda confusa, sem lembrar de muita coisa. A única coisa que tinha certeza, era que a festa havia sido uma loucura.

Eu fiquei bêbada, muito! Cheguei a dar PT!

Já estava começando a me arrepender de ter bebido todas. Parecia que a qualquer momento a minha cabeça iria explodir. Estava morta, largada na cama que ainda nem era minha.

Me obriguei a me levantar, ir ao banheiro, com lentidão e tontura me levantei. Parecia que o efeito do álcool não havia passado totalmente. Assim fui, lenta, com a cabeça pesando logo de manhã. Parei em frente ao espelho, ainda com a maquiagem da noite anterior, com os cabelos bagunçados. Estava parecendo uma louca.

Havia lembrado de uma coisa, que queria esquecer. E nunca mais lembrar:

Estava em um lugar isolado da festa, havia mandado Junior me deixar sozinha. Estava envergonhada por brigar com Marcia, e ainda estar fora de mim. Ou seja, bêbada.

Senti o perfume de Luan pairar pelo local, e logo em seguida sentou perto de mim, no chão. Seu cheiro masculino era delicioso, era o meu favorito. As minhas pálpebras pesaram, em necessidade de fecha-las, como uma forma inútil de sentir melhor. Era estranho!

-Você está bem? – Ele indagou, assenti.

-Só um pouquinho bêbada – Falei e dei um pequeno sorriso.

-Eu também – Luan confessou e eu assenti. Querendo o silêncio.

-Lorena – Ele me chamou, lentamente olhei – Preciso que você me diga uma coisa – Abri ainda mais os olhos, para adivinhar o que Luan queria. Meus olhos percorreram aos dele, curiosos, tanto quanto aos meus.

-O que?

-Você me ama? – Luan perguntou sem me olhar, franzi o cenho, tentando entender. O meu coração disparou em meu peito, forte. Como se quisesse pular para fora. Não conseguia respirar, desviei o olhar, tentando assimilar a pergunta de Luan.

Era só responder.

-Luan – Murmurei, ainda assimilando, sem saber o que responder – Eu não amo você – Falei, franzindo o cenho.

Meu peito ardia e ali me questionei:

Ainda amava Luan?

E a resposta veio de imediato, sim.

Ofeguei, querendo chorar. Ao lembrar de tudo o que havia passado, por todas as coisas ruins.

- Não minta – Luan suplicou.

-Já viu bêbado mentir? – Indaguei séria – Não estou mentindo.

-Eu ainda amo você – Ele falou, encarei Luan.

-Tá infeliz com a mocreia? – Perguntei com desdém – Tá infeliz e resolveu voltar para mim?

-Não falei em voltar – Luan retrucou.

-Não quero mais você – Balancei a cabeça, sentindo meu coração doer. Por tudo de ruim que ele me fez passar – Você me matou quando me deixou pela Marcia – A minha voz embargou em choro, Luan fez menção de encostar em mim e rosnei – Não encosta em mim!

-Lorena – Ele disse com calma e pena.

-Cala a boca e me deixa falar! – Ordenei, Luan assentiu – Você me destruiu Luan. Me destruiu! Tem noção disso? Eu amava você! – Gritei e me pus de pé apontoando o dedo na cara dele, alterada. – Você destruiu a nossa família, machucou nossos filhos. Teve a capacidade de dizer a culpa de toda a dor era minha. Mentira! – Gritei de novo – A culpa era sua, só sua. Você quem traiu e decidiu ir embora. Você destruiu tudo o que lutei para construir. Matou nossos planos, meus sonhos. Você destruiu a minha confiança, não só em você, em mim mesma! Não venha com esse papinho, que me ama, porque não vou acreditar. Porque você nunca me amou!

-Eu sinto muito – Luan disse, choramingando – Eu sinto tanto.

-Você não ama ninguém Luan! Você nunca me amou! Nunca!

-Eu amo você – Luan choramingou – Eu não sei o que fazer! – Ele gritou e olhou para baixo – O meu coração dói, todos os dias. A dor me destrói. Está difícil, eu não sei o que fazer. Só sinto dor, eu só sinto muito por tudo o que fiz com você, com os nossos filhos. Estou enlouquecendo Lorena.

-Meu Deus – Murmurei com desdém.

-Eu não tenho saída. Eu não sou feliz! – Luan me olhou, com os olhos cheios d'agua – Eu só sinto dor e mais dor. Estou sozinho Lorena! Olha quanta gente em minha volta! Olha! E me sinto sozinho! Sinto dor, estou destruído!

-Não quero saber disso – Falei.

Meu coração queimava em meu peito, não era apenas pena. Eu sentia a dor de Luan, estava tão nítida, tão forte. Estava em seus olhos, em sua voz. Eu não poderia fazer parte disso.

-Eu chorei, sofri Luan – Falei – Enquanto você ria de mim!

-Eu nunca ri de você.

-Não foi o que a sua mulher disse.

-Só me diz uma coisa – Luan se pôs de pé, se aproximou, segurou em meus pulsos e me encarou. Levemente seus dedos tocaram a minha pele, seus olhos estavam transbordados de dor e saudades. Estavam marejados – Diz a verdade Lorena, diz que ama. E me ilumina.

-Não dependa de outra pessoa para se iluminar Luan, se ilumine sozinho.

-Por favor – Sua voz estava embargada de sôfrego.

Luan me abraçou forte, eu não correspondi. O mesmo desceu, abraçando e agarrando as minhas pernas.

-Pode dizer que não sente nada por mim. Por favor Lorena!

-Luan – Murmurei, tentando afastar Luan. Meu coração sangrava, estava dilacerado.

-Eu não aguento mais a dor Lorena!

-Aguenta sim – Falei, enquanto lutava para levantar Luan.

-Diz que me ama, por favor.

-Eu não te amo Luan, para de tentar, esquece.

-Me perdoa, eu já perdi você.

-Me solta – Ordenei.

-Me perdoa por te traído, por ter te deixado. Me perdoa por ter te feito infeliz – Luan chorou, suplicou.

-Não posso te perdoar! – Gritei, nervosa – Agora me solta Luan. Meu coração doía e sangrava. Eu poderia ajudar, conversar. Mas o orgulho latejava, me quebrava e dominava – Você ferrou com tudo – Luan me soltou, se jogando ao chão. Tremulo e chorando. Olhei com desdém e me afastei.

Eu não queria amar Luan, nunca mais.

Sentei ao chão do banheiro e chorei. Agarrada em minhas pernas e chorei, sentindo meu peito arder em dor.

Me torturei tanto na noite passada, como me torturava agora. Me questionava e brigava comigo mesma, por amar Luan. O amor estava em meu peito, guardado e eu trancava. Não era um amor que me aquecia, como o de Junior. O amor de Luan me destruía, todos os dias e sempre iria me destruir.

Luan não mudaria!

Lutei tanto, lutei por mim. Me reconstrui, para ser destruída de novo, por Luan? Eu não poderia fazer aquilo, não poderia amar de novo. Ele não.


EITA PORRAAAAAAAAAA  

Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora