Lorena
Senti a dor queimar o meu braço, era a agulha do soro. Doía e incomodava muito. Resmunguei e quis chorar pelo incomodo no braço, cansada e frustrada por estar deitada e sempre sem poder fazer nada.
Encarei o teto sem poder acreditar que estava ali... Estava com câncer e eu tinha certeza daquilo, a causa das minhas confusões e dores horríveis de cabeça. Muitas vezes, não conseguia entender os que as pessoas diziam, eu concordava e sorria, por vergonha de pedir para repetir. Achava que era falta de atenção e muito cansaço.
Mas, câncer?
Como poderia imaginar? Era saudável e nem sabia que isso aconteceria. Logo comigo. A única coisa que justificaria, era genética, porém as causas eram desconhecidas e variadas. Ninguém nunca poderia ter a certeza de o porquê..
Ouvi o resmungo do homem e olhei de imediato, dormindo na poltrona marrom.
O que Luan estava fazendo ali? Era a pergunta que me fazia, desde que ele havia trocado de lugar com Ítalo.
Apesar de que não fazia mais de dois dias que estava internada, minha mãe, irmã, Ítalo e agora Luan, se revezavam para ficar comigo. Eu me sentia muito amada por aquilo, mesmo com todos tão preocupados, cuidavam muito bem de mim.
Mas a presença de Luan, ainda me incomodava. Ainda havia rastros do que ele fez. Havia muito a superar e lidar, estava ferida. Claro que superaria tudo em etapas, não estava 100% ainda.
E nem era pelo câncer que modificava a personalidade, nem sabia ainda por quanto tempo estava em mim, mas todos os outros danos que haviam, era pelo relacionamento abusivo, eu não conseguia conviver com Luan, era difícil para mim.
Suspirei, sentindo a dor piorar em meu braço. Cansada demais para continuar ali, fechei os olhos e permaneci, até quando ouvi Luan acordar e levantar, até chegar a mim. O homem resmungou, respirou fundo, logo em seguida tocou a minha bochecha acariciando. Aquilo era loucura! Qual era o problema dele?
Meu coração galopou em meu peito, sentindo o toque de Luan, tão sentimental ao me tocar, não conseguia distinguir o que ele queria com aquilo.
-Eu te amo tanto – Luan murmurou, afagou meus cabelos e fungou.
Me incomodou e eu abri os olhos de imediato, encarando o homem enquanto ele recuava e perigava, constrangido.
Não conseguia entender o que ele sentia, há um tempo dizia e jurava que amava a sua mulher, agora estava comigo, dizendo que me amava! Me deixou, me traiu com ela, agora me amava?
Não queria entender.
-Luan – Murmurei, encarando o rapaz, ele me olhou, com os olhos embargados de sentimentos, engoli a seco, nem a agulha me incomodava tanto quanto ele.
Luan me ignorou, deitou na cama, encostando a cabeça em minha barriga, sem se importar se ia quebrar, ou se eu queria ou não. Não se importou comigo, só com ele, como sempre fazia.
-Vai quebrar – Resmunguei, com medo da possível fragilidade.
-Não vai. Só você ficar quietinha.
-Não. Pode voltar para a sua poltrona?
-Não.
Luan subiu, deitando ao meu lado, espremendo. Virou o meu corpo, de costas para ele e me abraçou, invadindo meu espaço. Eu queria lutar, recusar e dizer que não.
Não tinha forças e nem coragem para dizer aquilo, ele afagava meu cabelo. Eu quase chorei, questionei a minha consciência, quis gritar e dizer o quanto ele me destruiu, dizer o quanto era insegura, por culpa dele.
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Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDO
RomanceTRILOGIA DO AMOR Após descobrir a nova amante de seu marido e ser deixada por ele, Lorena grávida e com seus dois filhos se vê obrigada a lidar com a separação dolorosa e os danos causados por Luan, sozinha educa e cuida dos filhos, Nicole e Breno...