Capítulo 23

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A minha cabeça doía, latejava demais. Não era apenas pela bebida alcoólica, era a enxaqueca que me perseguia há semanas, eu não aguentava mais. Deveria ser por conta do trabalho excessivo.

-O que aconteceu? – Indagou Vitoria, me recusei a abrir os olhos e dei de ombros – Junior está estranho, vocês brigaram? – Neguei com a cabeça – Lorena – A mulher me chamou e olhei.

-Sim.

-Não percebeu nada?

-Percebi – Respondi.

-Não vai fazer nada?

-O que?

Junior estava estranho, seus olhares eram frios e sérios para mim. Até ontem, eram quentes, doces, cheios de amores, quais aqueciam o meu coração.

Mas o que poderia fazer? Além de perguntar se estava tudo bem? Junior era adulto, não uma criança mimada e birrenta. Ficar emburrado não iria funcionar, não comigo.

-Acho melhor você conversa com ele, Lorena – Concordei, me levantei e fui, me arrastando, sentindo a dor piorar. Os corredores eram gigantes, tantos cômodos e poderia me perder.

Não entendia e não sabia o que iria fazer, não lembrava de nenhuma atitude que pudesse deixar Junior chateado. Realmente não sabia. Até onde lembrava, estávamos bem. Até eu realmente encher a cara e dar PT. Até o maldito momento com Luan, era a única coisa que estava bem nítida e vívida em mim.

Parei em frente ao quarto de Junior, respirei fundo sentindo o rastro de culpa, talvez por encher a cara e passar vergonha. E poderia entender o porque de estar estranho, eu queria saber e compreender.

-Está sem água o outro chuveiro – Disse Carol, enrolada na toalha.

-A vagaba não perde tempo – Murmurei, sentindo meu coração disparar em meu peito, fazendo meu corpo todo tremer. Sentia asco, ânsia. A cabeça rodava e eu só queria sair dali, só queria deitar pela enxaqueca. E sumir, nunca mais aparecer.

-O que você tem Juninho? – Ela perguntou, encostada no batente do banheiro, enquanto o rapaz estava no cômodo.

-Nada.

-Fala bebê – Rosnei e rolei os olhos. Puta.

-Não enche.

-Você está mesmo com Lorena? Nunca levou ninguém a sério.

-Ninguém valia a pena.

-Nem eu?

-Te levei a sério?

-Não.

-Ok – Carol respondeu e soltou a toalha, ficando nua.

Encarei a mesma incrédula, parecia uma coisa chata e clichê de novela. Mas o que poderia esperar de Carol? A mulher vivia assistindo novelas, conseguia acreditar que tudo era real, se acontecesse com a personagem poderia acontecer com ela. Faça mil favores, era ridícula. Parecia uma adolescente.

A ânsia crescia em mim, me sentia cada vez pior, a cabeça pesava, minhas pernas estavam enraizadas no chão, eu mal me movia. A raiva estava densa, mais forte que a enxaqueca. E para piorar, a crise emocional começava a dar sinal de vida. Estava cada vez mais péssima, coração doía e pesava. Quase na aguentava mais.

Ouvi o salto de Vitoria bater no chão, cada passo era uma pontada em minha cabeça, até fechar os olhos doía. Eu tremia, prestes a falecer de tantos sentimentos, tanto que bombardeavam em mim.

Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora