Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDO

Capítulo 43

Lentamente abri meus olhos, minha visão estava turva, minha cabeça doía e tinha dificuldades em respirar, tentava lembrar o que havia acontecido, gemi de dor. Fechei meus olhos e senti uma tontura me invadir, meu corpo estava mole e tenso. Puxei todo o ar que podia e logo soltei. 
Abri meus olhos e já enxergava melhor, estava Luan e Júnior no quarto, ambos me olhavam, ansiosos e aflitos.
-Graças a Deus que você acordou– Disse Luan, me abraçando, senti seu corpo tremer e o coração, bater forte em seu peito.
-O que eu estou fazendo aqui? – Perguntei, Luan se afastou e me olhou.
-Você teve convulsão – Disse Junior. 
-Porque você fez ela correr? – Esbravejou Luan, irritado.
-Não foi eu – Junior se defendeu – Sabe o que causou isso?
-Não – Respondi e Luan perigou.
-Você se alterou demais – Disse Luan, mantendo o segredo que o fiz guardar.
-Cadê a Nicole? – Perguntei baixinho, ignorando os dois.
-Está lá fora – Luan respondeu em um leve sorriso.
-Quer conversar com ela? – Perguntou Júnior, assenti e o rapaz encarou Luan, incomodado e com ciúmes, saiu do quarto, para chamar Nicole.
-Lorena – Disse Lua lancei meu olhar para ele e o homem sentou na cama, me olhando – Devemos contar a todos sobre o câncer.
-Não Luan!
-Não dá para continuar, estão desconfiando.
-Não quero todo mundo sofrendo de novo.
-Lorena, isso é insano.
-Eu guardei a suspeita por meses, porque não pode guardar esse segredo?
-Pelo o amor de Deus, Lorena.
-Temos um problema maior agora.
-O seu câncer ter voltado? O que é maior que isso?
-Nicole.
-O que ela fez?
-Mãe – A menina me chamou, antes de entrar no quarto, olhou para nos dois e arregalou os olhos, tento a certeza de que o assunto era sério – Quer falar comigo?
-Quero – Respondi e ela fechou a porta atrás de si – O que você estava fazendo com aquele menino?
-Que menino? – Perguntou Luan, fora do assunto.
-Cristian.
-Aquele não era o Cristian.
-Era quem, então?
-Diego – Nicole respondeu, sem olhar para nos dois.
-Quem é ele Nicole? – Perguntou Luan.
-Irmão do Cristian.
-Meu Deus! – Resmunguei – Um pior que o outro.
-Nicole já mandei você ficar longe dele – Esbravejou Luan.
-O Junior já me deu bronca – A minha filha retrucou, sentando na poltrona.
-Não me interessa! O que você estava fazendo com Cristian? – Nicole deu de ombros, ignorando a minha pergunta – Nicole, responde! – Ordenei.
-Eu comprei uma coisa dele.
-O que? – Perguntou Luan, temendo pela resposta.
-Não sei se devo te contar.
-Mas eu quero!
-Não quero te decepcionar mãe.
-Filha, eu quero que você me fale – Falei, tentando manter a calma e ser serena.
-Eu estava muito mal na época – Nicole perigou – Queria me sentir melhor e fugir dos problemas.
-Fugir não é a melhor solução, Nicole – Falei e ela assentiu.
-Eu sei. Mas tudo piorou quando eu comecei a ter algo com Cristian, ele me tratava mal e dava muitos tapas – A voz de Nicole embargou e ela ofegou – Me sentia ainda pior, horrível.
-Porque você queria fugir, Nicole? – Perguntou Luan.
-Depois que você ficou em coma tudo ficou sobre a minha responsabilidade mãe, tinha coisas que não havia superado ainda e meu pai colocava todo em cima de tudo, Breno e Theo, resolver as coisas com a babá. Responsabilidades da casa e isso me esgotou. Eu não estava pronta! Cristian aproveitou da minha fragilidade e do que eu sentia por ele – A menina fungou e se encostou na poltrona, sem olhar para nos dois – Ele me ofereceu drogas e eu aceitei.
-Você o quê? Nicole eu vou te matar! – Berrou Luan –Perdeu o juízo Nicole?
-Estou extremamente decepcionada com você! E os conselhos que te dei? As nossas conversar? Foram todas atoa Nicole? Aonde estão “Não farei isso mãe”, “não seria capaz”? Você mentiu para mim!
-Desculpa mãe – Sua voz tremia, com sofrego.
-Perdi a minha confiança em você.
-Me castigue, mas não perca a confiança em mim – Nicole suplicou, choramingando.
-Pensasse nisso antes.
Você pode estar drogada a qualquer momento – Disse Luan, ríspido – Ou pode mentir para nós  e se encontrar com aquele filho da puta!
-Não quero mais isso, não quero mais ter algo com ele – A minha filha choramingou.
-Eu não quero mai você com ele, isso é uma ordem Nicole – Disse Luan.
-Eu quero você tenha distancia desse menino está me ouvindo? Não quero saber se você gosta dele ou não. Você vai ter distancia dele, não quero te ver com ele e nem drogada – Fiz uma pausa para respirar – Te eduquei bem, cuidei de você, fui exemplo para você. Nunca me droguei e agora você vem me dizer aconteceu com você? Que exemplo é esse Nicole? O que vão pensar de você? Como reagirão as seguidoras do seu blog? É esse o exemplo que você que ser para elas? Para os seus irmãos?
-Esse é o problema eu não quero ser exemplo para ninguém! – A menina esbravejou – Não quero ser a garotinha que é vigiada por onde passa, a mimadinha filhinha do Luan Santana. O típico exemplo não rola para mim, mãe.
-Nicole – A chamei e ela se pôs de pé, brava.
-Eu precisei de você – A menina me encarou – Fui obrigada a crescer mais quando os dois separaram, vocês se ausentaram, não viram o quanto eu estava sofrendo. Eu fiz o melhor que podia, cuidei do Breno e do Theo. Tentei ocupar o vazio dos dois, você me obrigaram a isso!
-Estou com raiva de você! Falei e ela me encarou – Você tem noção do que me causou?
-Você tem noção do que a sua ausência causou, mãe? Eu estou cansada emocionalmente! Vocês só cobram e cobram muito. Faça isso Nicole, faça aquilo. E não importa como eu faça, nunca é bom o bastante. Meu pai estava tão desesperado sem você, que quis me colocar no seu lugar. Eu não sou a minha mãe, pai! – Nicole encarou o pai – Você cobrou o que eu não poderia te dar, eu não sou a mamãe, não sei como ela lida com a babá ou com a governanta. Não sei cuidar dos meninos, não consigo ficar com eles mais de dez minutos!
A dor alastrava o meu peito, doía e queimava. Estava tão decepcionada e frustrada, que eu não sabia como lidar. As lágrimas escorriam em minha face, pelo desabafo de minha filha, pela culpa que eu sentia. Tão focada em minha dor, que não conseguia ver a dela. Que tipo de mãe, eu era?
-Que vergonha de você, Nicole – Luan disse, com raiva e magoa. Nicole chorou ainda mais, soluçado, a menina olhou assustada para o pai, ainda mais triste, com dor em seu olhar.
-Por esses motivos que eu comecei, você nunca entende! Só quer ver seu lado, não precisa ter vergonha de mim. Eu não matei ninguém, não roubei, tem gente que faz coisas piores. Só fumei maconha.
-Há quanto tempo Nicole? – Perguntei.
-Seis meses.
-E você vai parar? – Luan perguntou, irritado, magoado com a filha, decepcionado.
-Vou.
-Vamos te dar uma chance Nicole, a última – Falei – Vamos cuidar você, não é para você usar, nada. Se tiver com vontade me procure, mas não procure por Cristian.
-Estou muito decepcionada com você.
-Não seria mais fácil interná-la em uma reabilitação? – Indagou Luan, baixo para mim.
-Não Luan, acho que damos conta de cuidar de Nicole – Murmurei de volta.
-Me perdoa? – Ela pediu, soluçando – Eu sei que errei, mas não me olhem assim, não falem comigo dessa forma, por que me machuca ainda mais.
-Estou magoado com você, acha que vou agir como? Bem? Te melar e dar os parabéns? Não são assim que as coisas funcionam, Nicole.
-Não vacile, o meu estado pode ficar pior, pelo emocional – Falei e a menina arregalou os olhos.
-Não quero que nada de ruim aconteça com você, não vou fazer nada.
Olhei para Luan e o mesmo havia concordado, satisfeito por começar a resolver o problema. Eu suspirei, apesar de magoada com a minha filha, estava satisfeita porque ele estava comigo, dando o apoio e amor que eu precisava.
**
-Eu te amo demais, não sei o que seria de mim, da minha vida se não tiver você. Seu amor para mim é tudo, Lola – Disse Luan, quando eu estava prestes dormir – Sei que você tem medo, conheço as feridas que te causei, os choros. Me arrependo tanto –Luan fungou, afagando meus cabelos – Quero você de volta. Sei que está tudo difícil, mas, mesmo assim, você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu vivo você.
Rosnei baixinho para mim, quando neguei sentir e aceitar o amor. Ele havia me destruído, por mais que tivesse perdoado, havia marcas. Não queria o sofrimento, muito menos a dor que se alojou em meu peito. Também não queria me arrepender de estar com ele.
Porém, era nítida a mudança de Luan, seus olhos brilhavam quando estava comigo. Seus olhares  transpareciam sinceridade quando dizia o amor e o arrependimento. Tinha sua total atenção e todos os seus cuidados, o melhor, era o carinho e confiança. Ah, ele estava me reconquistando, estava sendo tão fofo, carinhoso e amoroso como nunca tinha sido. Poderia deixar rolar, mas o medo e o orgulho me impediam.