Capítulo 11

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Encarei meu pai, não queria sair do carro, não queria fazer parte daquilo. Não queria sentir a dor que alastrava meu peito. Queria sumir de novo, ir embora e ficar com a minha mãe, queria o colo dela e poder chorar até aliviar a dor que me matava.

Só queria ela e continuar ali, era como se eu fosse cúmplice.

-Pai, vamos logo – Falei, emburrada.

-Não – Ele respondeu sem paciência. Alisou a face de Márcia e deu um leve sorriso. Revirei os olhos, uma raiva me dominou, e o ciúme me engolfou. Queria tirar meu pai dali e faze-lo enxergar a burrada que estava fazendo. Estava destruindo tudo o que tinha construído com a minha mãe.

Suspirei e falei com rispidez.

-Não vou aceitar isso pai, ainda está casado com a minha mãe. Continua sendo traição, para! Por favor. Não quero te ajudar a enganar a mamãe, ela não merece isso – Vociferei, encarando o meu pai. Márcia me olhou, ergueu o cenho e suspirou.

-Ela tem razão Luan, vocês ainda estão juntos – Ela disse com um pouco de desdém. A pelo menos agora ela tem senso! Agora né?

Meu pai se afastou, concordando.

-Outro dia trago Nicole.

-Quem disse que eu quero vim?

-Nicole – Disse Márcia sua voz emanava calmaria, a mesma sorriu e os dois viram em direção ao carro – Podemos ser amigas.

-Não vou ser sua amiga – Falei de imediato, a mesma me olhou séria e irritada – Não sou idiota como o meu pai – Murmurei.

-Só quero respeito – Ela pediu, rolei os olhos.

-Amante não merece respeito – Márcia arregalou os olhos e sorriu com ironia.

-Vai ter que me engolir garota – Márcia murmurou e eu hesitei.

Queria responder, retrucar. Mas era mais cobra do que eu imaginava. E eu não conseguia nem responder.

Meu coração estava disparado, estava paralisada encarando a mulher que seria a minha madrasta. Era tão baixa e vulgar. Mas era o que meu pai merecia naquele momento.

-Acho melhor você ir – Disse Márcia ao meu pai.

-Já vou.

-Mande um beijo para a sua mãe e seu irmão – Ela disse com desdém para mim, eu apenas virei o rosto e fechei o vidro, enquanto o mesmo subia mostrava o dedo do meio para ela, torcendo para meu pai não ver.

-Que vergonha! Deveria respeitar mais as pessoas – Meu pai resmungou, ao adentrar no carro, batendo a porta – Você está demais – Alterou o tom de voz – Não tem um pingo de respeito e educação com os outros – Em toda a minha vida ele nunca gritou comigo e aquilo só me machucava, e quanto mais me machucava mais queria correr e fugir dele. Menos eu reconhecia meu pai.

-Estou demais – Ri incrédula – Você que está demais, está trocando a minha mãe.

-Respeite a Márcia, Nicole, respeite as pessoas! – Luan dirigia o carro, rápido.

-Quem é você para falar sobre respeito? – Vociferei, encarando meu pai, tão brava quanto ele – Desrespeitou a sua família, a troco de que? – Não esperei ele terminar de falar e continuei, nervosa demais para parar – Ela não é nada minha, você ainda não se separou da mamãe. Nunca vou considerar esse bebê como meu irmão. Ele veio de uma sujeira e eu não quero ele como meu irmão, como nada. Fosse bom se essa mulher e essa criança morressem! – Gritei, meu pai me olhou assustado e agiu, dando um tapa forte em minha coxa. A raiva me arrebatou, encostei a minha cabeça sobre o banco e fechei os olhos, respirei fundo tentando conter as lagrimas, estava doendo, não apenas o tapa, mas o coração.

Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora