Capítulo 28

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Estava exausto, morto por dentro. Assim não seria ajuda, a ninguém, nem a minha filha.

Nicole estava arrasada, desconsolada, se recusava a acreditar que a mãe estava com tumor. Também não queria aceitar, até preferia que eu sofresse e tivesse tumor e não Lorena.

Após muita insistência e custo, levei Nicole embora. Não queria que se sentisse sozinha, queria ficar com ela, consolar a minha filha, para ela se sentir próxima a mim e ter ainda mais certeza que não estava sozinha. Eu também sentia, mesmo que a minha dor fosse maior que a dela.

Eu não suportava ver Nicole chorar e sofrer.

-Vou tomar banho – Avisou Nicole, desanimada. Seu rosto estava vermelho de tanto chorar – Vou ver se a babá ainda está aqui, ai você já pode ir.

-Eu vou ficar – Nicole me olhou de imediato.

-E a sua mulher?

-Depois me resolvo com ela.

-É folga da Jayne, minha mãe dispensa ela após ás 23:30 e já são 02:30.

-Dispense ela amanhã cedo. Pagarei essa hora extra.

Eu não sabia descrever o que sentia, havia uma dor que alastrava o meu peito, queimava e doía. Havia também um rastro de esperança e amor. Torcia e almejava que ela fosse forte o bastante para viver, até ficar velhinha.

Eu conhecia os riscos, sabia o que poderia muito bem acontecer. E saber que Lorena poderia morrer, me quebrava.

-Pai – Nicole me chamou, eu olhei – A mamãe vai passar por isso e vai viver né?

Eu quis assentir, quis dizer que Lorena viveria e passar por tudo aquilo, porque era forte e incrível. Mas havia a chance de ela não aguentar e morrer. Aquela era a parte que doía e nos quebrava.

Como poderia dizer a Nicole, que a mãe ficaria bem? E sobreviver a fase mais dolorosa?

Eu não poderia.

-Ela não pode morrer – Disse Nicole, lutando contra o choro – Ela não pode me deixar – A menina soluçou e logo em seguida o choro veio, doloroso e carregado de sofrego.

-Vai ficar tudo bem – Falei e a menina veio até mim, me abraçando, apertando, sofrendo pela mãe.

-Você não sabe pai e se ela morrer?

-Ela vai sobreviver Nicole.

**

Subi as escadas e olhei o quarto dos meus três filhos, conferi se estavam dormindo. Até Nicole que parecia não dormir, dormiu. Fui ao quarto de Lorena, sendo arrebatado de dor e saudade, o cheiro dela exalava, a saudade também me quebrava. Eu sentia tanta a falta de Lorena e crescia a cada dia. Eu não sabia lidar, ou controlar.

Era difícil e tenso demais.

Eu sentia tanta a falta de Lorena, que havia dias em que eu almejava sentir seu cheiro e seu corpo colado ao meu. Sentia saudade do sexo que fazia com ela, antes de tudo de ruim acontecer, eu amava sentir o corpo dela, era tudo tão intenso e gostoso.

A amava tanto, que meu peito doía de arrependimento. Me arrependia e me culpava tanto por ter perdido Lorena.

Sabia que merecia, era infiel a mulher que jurava amar. Era frio e tóxico. E admitir que era um homem abusivo me quebrava em pedacinhos, me odiava por aquilo.

Eu precisei analisar cada passo, cada coisa que lembrava. Fui horrível com Lorena. Queria mudar, corrigir e ser melhor, se ela me permitisse, seria o homem que ela quisesses.

Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora