Capítulo 47

192 6 5
                                    


Luan
Acordei com a luz do sol invadindo o quarto, resmunguei, ainda mole pela bebedeira da noite anterior. Lentamente abri meus olhos e já fui sentindo uma dor de cabeça e ânsia, horrível. Era a resseca, sabia que ela viria logo pela manhã e ficaria durando o dia todo. Assim como a saudade que estava cravada em meu peito.
Levantei e caminhei reclamando até o banheiro, precisava de um banho e de glicose, qualquer coisa para tirar a maldita ressaca.
Me despi e adentrei no box, abrindo o registro em seguindo, sentindo a agua morna bater em meu corpo, me aquecendo.
Estava de olhos fechados e recordei da minha noite, dolorosa e horrível, eu fingia estar gostando, mas o tempo todo pensava em Lorena, com sôfrego e dor, muita dor.
(...)
-Olha o papai! – Disse a minha mãe, animada com a neta – Dá bom dia para ele – A minha filha sorriu, animada ao me ver, se agitando – Quero fazer algo contra Márcia. Não posso deixar assim, olha o estado da menina!
-Vamos fazer o que ? Um B.O contra ela?
-Claro! É a minha neta, sangue do meu sangue. Não posso deixar passar – Assenti e deitei no sofá, ainda com os vestígios da ressaca – Lorena veio aqui ontem – Minha mãe se aproximou, sentando no outro sofá.
-Veio? – Perguntei, com um pouco de desdém e magoa.
-Sim. Você não lembra?
-E o que ela veio fazer?
-Ela veio atrás de você.
-Ela disse algo?
-Viu o que você fez na casa dela.
-O que?
-Disse que achou lindo e precisava falar com urgência, com você.
Neguei com a cabeça, com desdém e sôfrego. Meu coração doeu, pela magoa que latejava, e a saudade. Eu amava Lorena, mas precisava agir. Não poderia me permitir ficar assim, sempre que ela precisava, eu estava lá, cuidado. Mas sempre que ela podia, corria atrás de Junior.
Eu não fui feito para tapar buracos! Ou Lorena ficava comigo, e fosse inteiramente minha, ou ficava com Junior, sem voltar para os meus braços.
Dali em diante, viveria por mim, desistiria de Lorena. Ela só me feria com a sua indecisão.
-Lorena voltou com o Junior – Falei, visivelmente magoado – Não quis sair comigo por causa do meu atraso.
-Ela disse – Minha mãe fez uma pausa e fungou – Lorena não voltou para Junior, veio até atrás de você.
Preferi não responder e fiquei quieto.
Tínhamos decidido, ela disse que ia com ele e ficaria. E por mais que amasse Lorena, não poderia lutar mais por ela, já lutei demais, já implorei demais, estava ao meu limite. Lorena queria Junior, eu não poderia ficar mais atrapalhando e ficar sempre no meio dos dois.
Ela quis ir, não a obriguei a sair da minha vida! Saiu de boa vontade, por que decidiu. Agora seria a minha vez de viver, por mim. Tinha que seguir em frente, com ou sem um novo amor. E mesmo sem querer deixarei Lorena  partir, para tentar ser feliz outra vez.
Queria Lorena , queria com todas as minhas forças, eu amava ela, a desejava e  sentia desejo insaciável para estar com ela e viver o tempo em que a vida permitisse. Mas, fui obrigado a deixa-la.
A mulher, merecia e precisava ser feliz, ter um novo recomeço e eu também.
**
Eram 14 horas, o céu estava nublado, as nuvens estavam escuras e cinzas, chovia muito. As gotas castigavam quem se atravesse a se arriscar a passar. As ruas não tinham movimento, todas desertas, poderia até passar pelo sinal vermelho, mas decidi esperar pelos segundos.
Olhei para Manu no retrovisor, a bebê dormia no sono profundo em sua cadeirinha rosa. Era tão linda, ela tinha alguns traços da mãe, mas não eram tão chamativos quanto os meus. Não tinha duvidas de ser a minha filha, era tão linda quanto eu.
Torcia para Emanuelle ser a companheira de Theo, poderia até ser amiga intima de Nicole, e também morreria de ciúmes dos amores de Breno, era a minha família, meus filhos. Mesmo que fosse fruto de uma traição, era amada por mim, e por minha família, Breno era o que mais brincava e amava.
Olhei para a menina que passava pela facha de pedestre, ela estava encharcada e tremia, abraçava a si mesma pelo frio, eu reconheci e periguei pela imprudência da menina.
O que Nicole estava fazendo ali? De baixo de chuva? Apertei a buzina com rigidez e encarei Nicole, ela olhou para o carro e revirou os olhos, continuou a andar.
Fui atrás dela, me preocupando com a doença que poderia pegar com a chuva e o vento gélido.
-Onde você vai? – Indaguei, abaixando o vidro, a menina reconheceu a minha voz e parou de andar, me olhando.
-Fui na casa de uma amiga minha – Arqueie a sobrancelha direita – Estou falando sério.
-Entra aqui – Destravei a porta e Nicole tremeu, de frio.
-Vai molhar o carro pai.
-Entra logo – Nicole assentiu, correu até o outro lado e adentrou, sentando e molhando o banco – Porque não pediu para a sua mãe te buscar?
-Ela não está bem – Olhei para menina, me recusando a perguntar o porque – Quimio.
Nicole estava tremendo de frio, batia o queixo, com muito frio, até sua boca estava roxa. Tirei a minha jaqueta e entreguei.
-Cuida da minha jaqueta. – A menina pegou a jaqueta, feliz por ser aquecida. Sorri e olhou para Emanuelle – Porque ela está aqui?
-A mãe dela não quer mais cuidar, então estamos cuidando – Respondeu minha mãe e Nicole assentiu – Marcia estava maltratando a Manu.
-Nem duvido – Disse Nicole, também com desagrado no assunto. Minha filha mais velha, sorriu, olhando a irmã – Ela se parece com você – Nicole sorriu.
-Sou bom nisso – Sorri de volta, minha filha se ajeitou no banco ao meu lado e me olhou.
-E como foi o encontro com a minha mãe?
-Não teve.
-Porque?
-Porque ela não quis .
-O que você aprontou?
-Cheguei atrasado. 
-Não acredito pai. Arrumou tudo para nada?
-Não foi para nada, ela deve ter visto.
-Que mancada! – Ela disse negando com a cabeça .
-Quer dormir em casa hoje?
-Quero! Sabe que o Breno vai querer ir também né?
-Leva ele.
-Se a minha mãe deixar, eu vou – Ela sorriu – Pode parar na farmácia?
-O que você tem que comprar? – Perguntei assim que estacionei o carro e olhei para a menina.
-Coisas de mulheres.
-Eu vou com você – Nicole revirou os olhos e saiu do carro – Preciso comprar fraudas para Emanuelle – A menina assentiu e correu em direção a farmácia, adentrando e indo na ala de absorventes.
-Vai ter que usar frauda – Falei rindo e caçoando da menina.
-Não enche – Nicole respondeu, séria e envergonhada.
-Quer talquinho?
-Eu não preciso de talquinho! Dá para comprar as suas coisas?
-Vou comprar um talco para o Theo.
-As vezes você passa dos limites – A menina resmungou e eu ri.
**
-Mãe, cheguei! – Nicole anunciou e eu a segui.
Olhei em volta e a sala estava uma bagunça  os brinquedos de Theo e de Breno estavam jogados e espalhados. Lorena estava deitada no sofá, com a coberta e abraçava Theo.
Breno estava no tapete, brincando com seus carrinhos.
-Comprei as coisas.
-Tá – Lorena respondeu, calma e a minha filha foi até ela – Só não comprei tudo.
-Por que?
-Por quê um idiota não deixou  – Ouvi Lorena rir. Nicole tirou a jaqueta e jogou no sofá, perto de Lorena, a mulher reclamou de dor ao sentar e pegou a jaqueta, com curiosidade.
-De quem que é?
-Do meu pai – Lentamente Lorena levou a jaqueta em seu nariz, respirou fundo e sentiu o meu perfume, abraçando e agarrando a jaqueta, eu almejei e supliquei estar lá.
Quando Lola afastou a jaqueta, encostando o rosto na jaqueta e deitou sobre ela.
-Tem um cheiro gostoso – Sua voz emanava docilidade.
-Mãe – Disse Nicole animada, com o tom de pidona.
-O que você que Nicole? – Lola olhou para o filho, brincando.
A vontade de seguir a minha vida, sem Lorena, se esvaia, crescia cada vez mais a vontade de insistir, mais uma vez.
-Pede você pai – Nicole murmurou, neguei com a cabeça .
-Eu não vou deixar – Disse Lorena, sem permitir que Nicole pedisse – Está frio e chovendo – Lola levantou e continuou com minha jaqueta em sua mão. Linda e meiga.
Lorena fez menção de ir a cozinha, assustando ao me ver parado e olhando para ela, cheio de sôfrego.
Meu coração estava acelerado, seu olhar era penetrante , intenso e brilhoso. Era tão apaixonado por Lola que podia viver na base de seu amor, poderia deixar o amor me mover, me fazia viver e me sentir vivo. Era o que me motivava a ser melhor, todos os dias.
-Meu pai quer que eu durma na casa dele.
-Eu também! – Gritou Breno.
Lola desviou o olhar de mim, perigou e disfarçou, deixando a jaqueta no sofá.
-Breno vai amanhã – Falei perigando.
-Isso – Lorena concordou – Não quero dormir sozinha.
-E Junior?
-Não namoro com ele – Lorena deu de ombros, seguindo para a cozinha.
-Por que? – Indaguei com o rastro de esperança.
Meu coração batia forte em meu peito, ansiando e amando Lorena, minha respiração falhava e meu corpo tremia, sentia o sangue correr denso em minhas veias. O olhar de Lorena estava sobre mim, quando ela voltou, aquecendo o meu coração. Via o corpo dela tremer, quis sorrir, ao saber que mexia com ela, assim como mexia comigo.
-Deixa eu ir, mamãe? – Pediu Breno, indo até a mãe.
-Hoje não filho.
-Porque?
-A mamãe não quer dormir sozinha, amanha você vai.
-Ah, mamãe.
-Hoje deixo você dormir comigo, pode ser? – O menino assentiu, feliz.
-Vamos, Nicole? – Falei enquanto fitava Lorena, a mesma me olhou e me obriguei a desviar o olhar.
-Irei pegar minhas roupas – Assenti e a menina disparou escada a cima.
-O que foi fazer em casa – Perguntei e periguei com o olhar de Lorena – Ontem.
Lorena colocou suas mãos no bolso de trás, fazendo um pequeno bico e balançou a cabeça para cima e para baixo. Estava linda, fui preenchido pela vontade de beijar a sua boca, abraçar, o desejo latejou, forte demais.
-Fui falar com você, mas estava ocupado.
-Não estava – Lorena deu de ombros – O que queria?
-Nada – Lorena respondeu e se afastou, pegando o caçula no colo, enquanto o menino dormia. 
-Desculpa por ter me atrasado – Pedi e ela assentiu – A Emanuelle está em casa, doente e precisa de muitos cuidados.
-Tudo bem Luan – Lorena ajeitou o menino no colo e balançou a cabeça – Não se preocupe.
-Tchau, mãe – Nicole deu um beijo nos dois irmão e na mãe, feliz vem até mim, me despedi também e sai com a menina – Nossa como você é lerdo – Disse minha filha rindo.
-O que?
-O que ele fez? – Minha mãe perguntou quando entramos no carro. 
-Ele é lerdo vó, não percebeu ainda o porque a minha mãe largou do Junior.
Neguei com a cabeça, dei partida no carro e fomos para a casa.
Havia dentro de mim a esperança, sabia que Lorena voltaria para mim e ser novamente um casal. De ela me amar, como eu amava.
Meu corpo pedia por ela, meu coração batia e vivia por ela. O amor latejava dentro de meu peito, suplicava e eu não sabia viver sem ela. Meu coração pulsava e a cada batia chamava, clamava, pedia por Lorena, almeja pôr  seus toques e seus beijos.

Mais três capítulos para o fim, e se até lá eles não ficarem juntos, eu morro, juro.
A partir de agora, os capítulos serão enormes espero que gostem.

Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora