Capítulo 16

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Parte 1

Lorena

Estava em Londres, com Ítalo para ampliar a agencia. O sonho dele era que expandíssemos para cá. E porque não?

Era a primeira vez em muito tempo que ficava sozinha, Breno não estava por perto, estava no Brasil, com a minha mãe. Estava morta de saudade, mas dava graças a Deus, meu filho me esgotava. Nicole estava viajando com o pai, era férias e eles estavam aproveitando. O meu caçula, Theo, estava com a babá, passeando pela cidade, junto com Ítalo, os dois também nunca me deixavam sozinha, NUNCA.

E eu estava aproveitando o momento, me organizando de novo. Desde que Theo nasceu, eu não conseguia, Breno estava morto de ciúmes e me esgotava mais, chamando a minha atenção de todas as formas. E para piorar, tinha que dar muita atenção ao bebê que necessitava de cuidados.

Estava prestes a surtar, as vezes chorava ou me escondia, porém Breno me achava.

Era o meu momento, ordenei que a babá fosse passear com Ítalo e o bebê. Estava sozinha, no apartamento, na banheira enquanto bebia um pouco de vinho, ouvia musica e quase dormia. Amava ficar sozinha, curtir a minha própria companhia.

Naquele momento eu descobri, o quanto eu precisava de mais momentos assim, mais para mim, para me cuidar, me amar. Ter um carinho por mim mesma. Já estava cansada de me condenar, me culpar e me sentir inferior a qualquer mãe. Claro que estava começando a me sentir mal por dar graças a Deus por estar longe dos meus filhos, dos três. Mas eu precisava, muito.

Um pouco longe, não faria nada mal. Né?

Fazia um pouco mais de um ano em que tudo havia acontecido, as traições, a separação. Aquilo não era pior, o pior era ter forças para superar. Para poder me encarar e dizer "Basta Lorena, é hora de superar, chega de sofrer!"

Foi difícil, briguei comigo mesma por muito tempo. Estava quebrada demais e não sabia o quanto. Chorei durante muito tempo, acreditava que Marcia era melhor que eu, em todos os sentidos. Me culpava pelas traições, por não ser suficiente, por não amar o suficiente ou me doar o suficiente.

Como eu chorava, escondida para que ninguém visse, ou deduzisse que chorava pelo ex-marido traidor. Chorava também por mim, por me permitir viver em um relacionando abusivo. Era real e eu havia vivido.

Muitas vezes tentei amenizar os fatos dizendo "Não foi um relacionamento abusivo, Luan nunca levantou a mão para mim", independe de bater, meu ex-marido me manipulou, mentiu, traiu.

Relacionamentos abusivos não são apenas agressões físicas, são também agressões psicológicas. Abusos psicológicos.

Precisei enfatizar tanto isso, tanto que havia passado por um relacionamento doentio, que a minha dor era mais profunda do que imaginava. O tanto que eu chorei ao descobrir e entender, tive que passar por cima de muitos conceitos. Tanto que demorei para aceitar o fato de um relacionamento assim.

Havia me culpado tanto, que ao analisar TODAS as ações de Luan pensava "Ah, mas Luan agia assim, porque eu provocava. Eu agia de formas, em que uma mulher casada não deveria agir" e não era assim, meu ex-marido agia daquela forma, porque era um sem noção. Amava ver a mulher na palma de sua mão e manipulando da forma que quisesse. E a culpa nunca era minha, nunca seria. Era totalmente dele.

A frase que mais machista que ouvia e me causava repulsa, era "É igual mulher de malandro, quanto mais apanha, mais ama"

Era uma das frase mais escrota que já ouvi. A mulher nunca amava um homem que fazia aquilo, NUNCA, ela amava quem ele era, antes das agressões, antes dos abusos psicológicos e manipulações. Mulheres nunca permaneciam apenas pelo amor, o maior fato de permanecer era pela manipulação, medo e quem ele se tornava para manipula-la. Ficava dócil e amável, se tornava quem ela queria que ele fosse, poderia dar até flores, ou para amenizar a culpa ou para ver cada vez mais o quanto ela estava em suas mãos.

Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora