(Segundo mapa de Penina feito à mão pelo autor - atualizado, mas não definitivo)
NO SALÃO DO TRONO.
Otiniel, embora surpreso e de olhos arregalados, permaneceu imóvel, assim como Dâna, ambos se encarando.
Eu, por outro lado, não sabia nem o que estava acontecendo e nem o que poderia fazer. Continuei parada olhando para todos eles pelo tempo que aquilo durou.
– O que está havendo? – O rei, então, esbravejou, tão quão confuso, e seus guarda-ratos, próximos do trono, já tinham se colocado em alerta para protegê-lo.
– Lady Dâna é uma traidora da Guilda de Dulin, majestade – Otiniel foi direto em anunciar seus motivos, claramente rancoroso e indiferente.
– Não – Celina defendeu a irmã, com o arco e flecha ainda firmes em mãos, mirando. – Ela só traiu você, Otiniel. Só você. Ainda sofre por isso?
– Como uma ladra, você não tem a mínima autoridade para defender ninguém – Otiniel retribuiu a ofensa, ainda imóvel e impassível. – Abaixe esse seu elástico e esse graveto pontiagudo – ordenou, debochando da arma.
– Posso arrancar sua língua com ele antes que repita isso – Celina ameaçou, com ira. – Mande seus amiguinhos abaixarem os cristais também.
Otiniel ainda a encarou com asco e despreocupação, mas não demorou e então ergueu uma das mãos e os Mestres atrás dele desceram os cristais brilhosos que seguravam, tornando o clima menos denso. Celina fez o mesmo.
– Podem me explicar o que foi isso? – o rei exigiu, irritado por ter sido ignorado. Seu bigode sacudia acima dos dentes finos à amostra e vi também que seu pelo do rabo estava um pouco ouriçado.
– Como eu disse... – Otiniel até começou, mas Dâna o interrompeu, dando dois passos em direção ao rei:
– Eu não traí nada e nem ninguém, majestade, e o que fiz não me arrependo porque tive motivos, mas fato é que abandonei a Guilda há anos e Otiniel me culpa por isso.
O Mestre meneou a cabeça, sem concordar.
– Se você tivesse apenas fugido, seria menos ofensivo conosco, mas você levou uma intrusa para as câmaras – ele indicou Celina, com o nariz torto –, roubou artefatos, porções e escarneceu seus votos diante de todos. – Ele olhou para a mão dela, que estava enrolada com o pano de antes, e acrescentou: – Veja, ela esconde a marca, sente vergonha de quem foi um dia.
Ignorando-o e escondendo a mão para trás da capa, Dâna continuou para o rei:
– Majestade, peço que meu passado não interfira nas decisões que precisam ser tomadas agora. Não podemos perder tempo. Aqui está Cristine – ela pegou em meus ombros e me puxou. – Convença-os a ficar do nosso lado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crônicas de Penina - Livro 1 - Os desenhos de Cornélio (COMPLETO)
FantasyAVENTURA/FANTASIA - O segredo que separa a realidade da imaginação é bem mais sensível do que todos imaginam, e Cornélio, um famoso escritor, tinha esta verdade como lema de sua vida e de suas obras, até seu último suspiro. Depois de sua morte, o a...