(Os escritos que seguem na imagem são do dialeto Avriet e são um tipo de carácteres usados para escrever nesta língua, chamados Tsûlees.)
São um a criação do autor e qualquer tentativa de plágio é crime!
ACIMA DOS PAREDÕES.
A caverna que encontramos era lúgubre e úmida. O terreno acidentado, acima daqueles penhascos, era cheio de colinas e rochas grandes que variavam, ora descendo, ora subindo para formarem em certos pontos aberturas ou fendas fundas cheias de água – outras nem sequer eram possíveis de saber se tinham uma profundidade confiável.
Antes disso, Dingow teve que bater as asas com dificuldade em meio ao temporal, como um potinho branco ganhando altitude entre o crescente penhasco, contornando as torrentes de água que caiam lá de cima, e já lá em cima, teve que pousar com um solavanco sobre uma rocha íngreme para que pudéssemos descer. Ali nós caminhamos por mais alguns metros e durante um bom tempo na direção que acreditávamos ser o leste. Os trovões nos assustavam o tempo todo e lutávamos também contra o vento, pois Dingow não aguentava sequer abrir as asas com as penas encharcadas. Então enfim nós chegamos numa rocha grande com uma abertura larga o suficiente para nos proteger sem inundar. Entramos nela exaustos e abalados e Dinter-Dim ainda chorava. Vi que Mabel também e eu, mesmo que estivesse tentando, não conseguia afastar da minha cabeça a imagem de Lila caindo sem vida. Ficamos ali por algum tempo, encostados nas paredes que escorriam água em silêncio até que o frio começou a bater e o tremor já era perceptível no bater dos nossos queixos.
– V-vamos m-morrer de hipotermia s-se não n-nos aquec-cermos – Mabel balbuciou, agarrada aos próprios cotovelos.
– Eu s-sei, mas n-não temos cob-bertores...
Dinter-Dim nada acrescentou ao que dissemos, permaneceu calado com sua própria dor. Ele tinha tirado o chapéu da cabeça careca e estava agarrado a ele, chorando em silêncio. Aquilo me deu pena, mas senti que era necessário para ele expor ao invés de guardar. Lila tinha sido muito corajosa e graças a sua coragem nos ajudou mais do que qualquer um poderia, afinal, agora só tínhamos um Flagelo em nosso encalço, o que soava bem menos assustador do que antes. Entretanto, pelo que eu pude ver, Dinter-Dim tinha a fada em muita estima e respeito e estava mesmo sentido sua perda, mas infelizmente não podíamos fazer mais nada.
Depois de um tempo em que Mabel e eu apenas o fitamos, ele murmurou entre as lágrimas:
– Ela sempre foi corajosa. Lembro-me de que quando me tornei druida de Cornélio, ela já servia Festos, o Místico, há décadas e já tinha ajudado o Mago em quase todos os grandes problemas que surgiram. Foi um exemplo de druida pelo tempo em que viveu. – Aquilo mais soou como um discurso em memória e honra à fada do que como um desabafo, o que acabou fazendo mais lágrimas escorrerem pelo rosto do bobo. – Lila viu o próprio povo ser exterminado sem nada poder fazer, e isso porque estava lutando para proteger um povo que nem sequer era o seu. As fadas eram seres extraordinários, mas... – Ele se levantou e ficou parado, olhando para o céu fora da caverna. Fez-se um silêncio em honra enquanto isso e depois, com a mão fechada, ele a encostou no peito e depois levantou-a acima de si, dizendo como um lema: – Vriâv-âz-âthâtz! Que a luz desta raça retorne ao Ato, do qual veio, e a memória permaneça entre nós até o fim. Mais uma raça de Luz foi extinta e outra vez o Âmru prevalece... – Ele suspirou com pesar. – Até quando o silêncio durará?
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Crônicas de Penina - Livro 1 - Os desenhos de Cornélio (COMPLETO)
FantasyAVENTURA/FANTASIA - O segredo que separa a realidade da imaginação é bem mais sensível do que todos imaginam, e Cornélio, um famoso escritor, tinha esta verdade como lema de sua vida e de suas obras, até seu último suspiro. Depois de sua morte, o a...