(Mapa mais moderno e atualizado de Penina - Crédito: Inkarnate.com)
EM ALGUM LUGAR NO CÉU DE PENINA.
À medida que voávamos sobre campos imensos de plantações, que seguiam depois dos limites da Cidade-Forte, tão escuros quanto o céu acima de nós, o vento cada vez mais frio batia contra meu corpo e me fazia ter calafrios, isso porque eu ainda estava pendurada nas patas dianteiras de Dingow e já estávamos voando a cerca de trinta ou quarenta minutos. Mesmo que eu tentasse ver além, não havia sinal nenhum de um lugar seguro que pudéssemos pousar – embora, mais cedo ou mais tarde tivéssemos que fazer isso.
– Tine! – Mabel me chamou quando percebeu meu estado trêmulo. – Não acha melhor pousarmos e você vir conosco aqui em cima? – sugeriu. – Desse jeito você vai acabar doente.
– S-sim, s-seria b-bom – eu gaguejei entre o bater dos meus dentes, até porque, se eu continuasse viajando por mais tempo pendurada daquele jeito, minha blusa também rasgaria por conta das garras do grifo.
Entretanto, nossa ideia foi frustrada assim que Mabel e eu nos calamos, pois ao olhar para frente lentamente vi o relevo dos campos de plantações se elevar como se formassem uma pequena colina quase imperceptível devido a escuridão lá de baixo e, atrás dela, as luzes fracas de um amontoado de casas se tornou visível. Senti um imenso alívio, uma vez que eu já estava começando a achar que não chegaríamos a um lugar seguro tão cedo.
– Veja, Tine – Mabel apontou –, onde acha que estamos?
– Não sei – respondi –, mas vamos descer e tentar acordar Dinter-Dim, pode ser que ele saiba.
– Acha seguro? – ela ainda perguntou, o que me fez olhar para aquelas casas pequenas com certa desconfiança. As luzes e a tranquilidade que víamos dali de cima passavam certa sensação de segurança, sim, mas ainda poderia ser perigoso, afinal.
– Não temos opção – conclui. – Além do mais, é um lugar bem claro. Se eu estiver certa, aquelas criaturas que deixamos para trás não gostam muito de claridade – assegurei, lembrando-me de que na Cidade-Forte elas fugiram quando as pessoas apareceram trazendo luzes.
– Tomara mesmo – Mabel ainda resmungou e então dei as ordens para que Dingow nos pousasse antes de sobrevoarmos a área das casas. Enquanto isso, fiquei quieta admirando o povoado do alto, pois embora ele tivesse muitas casas, a extensão era pequena e os limites davam um formato arredondado ao amontoado. Havia um lago mais adiante, fora do perímetro, que só vi porque refletia o brilho da lua e estava às margens de uma floresta que parecia preceder um outro povoado em meio as árvores, igualmente claro.
– Dingow, vamos pousar naquela estrada, certo? – eu pedi e ele atendeu à medida que perdíamos altitude. Primeiramente grifo me largou a poucos metros do chão e só então pisou com as patas livres. Aquela estrada era de terra e separava os campos de safras, que agora tinham ficado distantes além da colina, do povoado logo ali à frente. Quando me recompus, alisando a roupa e sacudindo das mãos a areia, olhei para a entrada que entrava para o povoado e ali havia um arco de dois troncos encimado por uma tábua de madeira grande em que havia inscrito "Bem-vindo à Província". De ambos os lados dos troncos partiam cercas que circulavam o perímetro do lugar. Parecia bem pacato e tranquilo e as pessoas pareciam viver de forma humilde, considerando os casebres e dos currais sem muita exuberância.
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Crônicas de Penina - Livro 1 - Os desenhos de Cornélio (COMPLETO)
FantasyAVENTURA/FANTASIA - O segredo que separa a realidade da imaginação é bem mais sensível do que todos imaginam, e Cornélio, um famoso escritor, tinha esta verdade como lema de sua vida e de suas obras, até seu último suspiro. Depois de sua morte, o a...