14. Sob ataque

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NO CASTELO-FORTE.

Antes mesmo que o som alto das trombetas cessasse, a correria de soldados na ala de treino já tinha começado – homens comuns que até então eu não imaginava haver tantos vinham de todos os lados e aos montes para se equiparem com armas e armaduras. Observei os que ficavam prontos se organizarem em grupos de fileiras e marcharem em direções variadas. Estavam indo lutar.

Notei também que o céu já estava ficando escuro por conta da noite que chegava e ver toda aquela correria na ala de treino me deu calafrios porque, por um momento, pareceu que tudo o que tinha sido apenas um teste na minha mente agora estava virando realidade bem na minha frente.

Sem avisar, Dâna soltou meu braço e, juntamente com Celina e Ernet, saiu correndo rapidamente para fora dali, entre os homens e suas armas. Imaginei com isso que os três estivessem indo em direção ao salão do trono e por isso não pensei duas vezes em segui-los.

– Por que eles tocam essas trombetas tão assustadoras? – eu perguntei para Dinter-Dim enquanto ainda subíamos a escada e mesmo correndo com dificuldade atrás de mim ele respondeu:

– É para que todo o castelo fique em alerta... e também porque as pessoas da cidade precisam ser avisadas para que se trancarem em casa. Acredite, não é só aqui dentro que está toda essa correria.

– E o que está acontecendo afinal?

– Provavelmente há alguma ameaça lá fora ou aqui dentro.

Eu parei naquela pergunta porque as respostas já estavam me deixando assustadas demais, principalmente depois do que conversamos dentro daquela cabana, sobre os planos de Malcon, que agora me fazia ter a sensação de que não eram nenhum absurdo ou invencionice da cabeça de Dâna. Sem falar que eu não esperava ter que viver tão cedo aquela situação de novo, a sensação de desespero, de sobrevivência em meio ao coas, até porque eu já tinha começado a aceitar a ideia de que eu estava num castelo altamente protegido – o que não era mentira, já que Malcon precisou armar um plano tão bem articulado como aquele para começar um ataque de dentro, ele provavelmente reconhecia isso também – e, portanto, eu não precisava me preocupar. Mas Malcon estava cumprindo o que havia dito, eu e todos estávamos vendo que ele era mais esperto do que já tínhamos pensando.

Com toda correria, nós logo chegamos ao salão do trono, mas as grandes portas estavam fechadas. Ofegantes, Dâna, Celina e Ernet cogitaram:

– O rei pediu pra ficar a sós com os Mestres, lembram? – Ernet pôs a mão na cintura, eufórico.

– Não podemos esperar! O ataque vai começar de dentro do castelo... quer dizer, se é que já não está acontecendo! – Celina afirmou preocupada, aproximando-se da porta. – Vamos empurrar, é o único jeito.

Ela começou a colocar força, então nós cinco se posicionamos também. Por um momento senti a mesma esperança que tinha sentido naquele terrível teste, quando tudo parecia depender daquelas portas de madeira se abrirem para que os problemas acabassem. O bom foi que a força de cinco funcionou bem mais eficaz que apenas de dois e logo uma das portas começou a abrir.

Continuem! – Ernet gritou para nos encorajar.

Então conseguimos abri-la o suficiente para passarmos todos, porém a surpresa que tive do lado de dentro do salão quase me fez dar um grito. Celina foi a primeira a ver e a parar, depois todos ficamos paralisados junta a ela diante da cena, pois esperá-vamos encontrar o rei a tempo de avisá-lo que a transformação dos seus soldados em ratos era apenas um disfarce para desviar as atenções até que Malcon pudesse usar a magia possessiva para controlá-los num ataque de dentro do castelo, mas foi tarde demais...

Crônicas de Penina - Livro 1 - Os desenhos de Cornélio (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora