- Meu Rouge voltou, meu Rouge voltou. - Impossível não rir da alegria do Tiago após falar com Luciana.
Sentei na varanda com meu vinho, Karin sempre atenta veio discretamente falar comigo:
- Como você está amiga? Não deve ter sido fácil. - falou suave, mas analisando minhas feições.
- Foi bem mais fácil que eu pensava que seria, claro que foi rápido e sem muita profundida, mas foi fácil para o primeiro contato. - tomei um pequeno gole. - ela parece tão diferente da garota cabeça dura daquela época, ela me pareceu tão insegura. Nunca a imaginei dessa forma sabe. Como se ela não tivesse mais a mesma força. - Pensei um pouco. - Espero que seja só impressão, ela tinha uma força, uma luz, uma personalidade tão forte. Não consigo imagina-la como alguém frágil.
- Sendo sincera também tive essa impressão, mas vai ver seja só pela questão da situação, afinal ela não tinha contato com nenhuma de nós desde sua saída e do nada nós quatro entramos em contato, e ainda por cima com a possibilidade de retornamos para um show. Ela tem o direito de se sentir insegura.
- A Aline me disse que você se arrepende de não ter entrado em contato com ela. É verdade?
- Olha amiga, de todas nós eu era a que tinha menos motivo para ficar frustrada com a saída dela. - Me olha calmamente. - Você tinha por conta de tudo o que você sentia, a Willy era bem próxima a ela, a Li era a a melhor amiga, eu na real me dava bem com ela e tudo, mas não éramos melhores amigas.
'Adorava aquela baixinha, achava linda a sua voz, o seu talento e fiquei meio pistola dela ter desistido, mas no fundo meus motivos eram apenas por questões profissionais, as outras e você tinham motivos mais pessoais para ficarem magoadas com a decisão dela, então sim eu me arrependi de não ter entrado em contato. Nem que fosse para compreender melhor o porque da desistência dela, mas acabei preferindo ignorar qualquer duvida do que perguntar, afinal no fundo não iria mudar muita coisa .' - Ela me respondeu um tanto pensativa.
- A Willy está bem feliz com a possibilidade da volta né? - resolvi trocar de assunto, pois ela realmente parecia afetada por não ter entrado em contato com a Luciana.
- Sabe como é aquela maluca? Ela enxerga esse retorno como uma segunda chance sabe? De fazermos diferente, fazermos melhor. - ela solta um suspiro. - Rouge sempre significou alegria, sonho para os fãs, eu também acho que merecíamos um final mais digno. No fim nossos sonhos estavam nos sufocando, e não havia mais alegria em nós. Quem sabe a Willy não esteja certa e essa seja de fato nossa segunda chance? - fitou-me profundamente. - Inclusive para você finalmente colocar para fora o que a anos te sufoca em relação a ela.
- A Ká, nem tem porque em mexer nisso. Ela continua casada com o traste e eu tenho toda uma vida na Holanda, para que mexer nisso? Deixa como está. - mais um gole e continuo.- Hoje eu sou mais madura, não vou tentar evita-la, ou qualquer coisa por medo de deixar evidente o que sinto, até porque eu já aceitei que não era para ser.
- Sabe amiga, eu acho tão bonito o que você sente pela Lu, passou anos e você ainda não a esqueceu. Sei que você amou seu ex-marido, que reconstruiu sua vida longe daqui, mas também sei que no fundo você nunca a esqueceu, eu acho isso lindo.
- É, mas o que adianta eu amar tão profundamente e não ser correspondida?
- Você nunca soube se era ou não correspondia, você nunca se deu uma chance de lutar por ela.
- Ela namorava o pateta a anos, estava noiva, casou que chances eu tinha?
- E você deu a ela a opção de saber que ela tinha outra escolha? - eu só suspirei. - Entendo que você era jovem, estava insegura, afinal você estava apaixonada pela colega de grupo hetero que namorava a anos, mas você poderia ter arriscado. O clima já era ruim entre vocês, piorar é que não ia.- falou rindo.
- Besta! - a empurrei pelos ombros. - Ah Ká, era mais fácil me afastar, se distante meus sentimentos por ela só aumentavam, se eu me aproximasse eu iria enlouquecer.
- E mesmo com toda distancia, tempo você está ai ainda apaixonada por ela. Posso ver como sua tática funcionou bem. -Revida debochando da minha cara.
- Karin Hills eu fiz o que na época me pareceu melhor para mim. Posso ter feito escolhas erradas, mas estava tentando me proteger. - digo com falsa indignação e dou uma risada sem graça. - Não ajudou em nada, mas éramos todas jovens e imaturas, era de se esperar que cometêssemos erros, mas então depois de todos esses anos eu ainda estou aqui, no fundo esperando um sinal de que tenha uma chance, mesmo que mínima, apesar de ter me conformado que nunca ficaremos juntas.
- No fundo você nunca se conformou Fantinão. - olhei para ela questionadora. - Lembra a musica que fizemos juntas e que muita gente pensa ser para seu ex? Pois é, se naquela época que você estava borbulhando de raiva dela você afirmou que iria espera-la imagina depois de todo esse tempo?
- Sempre me perguntei se ela chegou a ouvir essa musica, mesmo que obviamente ela não fosse saber que era para ela. - Olhei para trás estranhando estarmos só nós duas conversando sem nem o Ti ou a Willy nos atrapalhar. - O que houve para nenhum dos dois vir aqui nos chamar?
- Pedi para falar com você em particular, sabia que você precisa conversar depois de falar com a Lu.
- Vamos voltar então, o Ti e a Willy estão tão felizes que eu não quero estragar isso por conta de sentimentos mal resolvidos.
- Você está bem mesmo? - Eu assenti. - então vamos voltar e vê enfia um sorriso nesse rosto porque senão eles vão te encher de perguntas.
Voltamos para dentro e Karin resolveu largar uma das suas para evitar que houvesse perguntas sobre o porque de nossa demora e eu silenciosamente agradeci com um pequeno movimento de cabeça.
Após essa pequena reunião voltei para o hotel cansada, só pensando em dormir.
Fora dois dias desgastantes, a gravação da surpresa para Paty ou Li hoje em dia, pelo nascimento da Antonella. Foi emocionante ver a mascote do grupo hoje mãe.
Sempre achei que Luciana seria uma das primeiras a ter filhos, afinal ela tinha um relacionamento longo com o mesmo ser , que nenhuma de nós era muito fã, isso e o fato dela se dar muito bem com crianças na época do grupo, contribuiu para eu acreditar que logo ela seria mãe, mas por algum motivo isso não ocorreu.
Aquele telefonema mexera mais comigo do que eu queria admitir. Ouvir a voz doce e delicada de Luciana depois de tantos anos. Sua insegurança então, algo que eu desconhecia vindo dela.
Luciana, era um nome proibido durante muito tempo em meus pensamentos, depois do termino do grupo, todas nos afastamos, mantive contato esporádico com Karin, mas tanto Willy e Patrícia perdi completamente o contato, até 2012 quando o Rick resolveu fazer uma reunião de 10 anos, achei que iria encontra-la, mas ela não aceitou esse retorno.
De certa forma até compreendia seus motivos, eu mesma quase não aceitei o reencontro, mas com a possibilidade de vê-la resolvi arriscar, mas para minha frustração ela não havia aceito.
Passado tanto tempo eu não sei o que será desse reencontro, mas acho que já é tempo de virar essa pagina e recomeçar uma nova historia.
OBS: desculpa qualquer erro.
