Sabia que Li e talvez até a Willy se surpreendessem com meu abraço na Luciana, mas não me contive.
Ao vê-la ali tão frágil e vulnerável, não pude evitar de abraça-la, precisava demonstrar que estava realmente desarmada, coisa que só um abraço sincero poderia transmitir.
Fora o encaixe perfeito, como se ela tivesse nascido para viver entre meus braços, mas antes que eu me perdesse mais naquele momento e acabasse deixando situação ainda mais inusitada do que já era, a soltei sentindo o vazio que o findar daquele abraço me deixará.
Depois do silencio e algumas hesitações foi dado inicio o seu desabafo.
Ela então revelou suas motivações, suas frustrações, seus medos.
O que a levou a aquele fatídico dia em que decidiu se afastar completamente do grupo.
Não consegui me conter e saí dali antes que eu explodisse e deixasse transparecer toda a raiva que eu estava do embuste que ela chamava de marido.
Sabia que era questão de tempo para Karin vir atrás de mim tentar me acalmar, mas tudo o que eu queria era ir atrás daquele verme e encher ele de desaforo.
Senti a aproximação de Karin e virei em sua direção.
- Amiga, calma , respira!
- Eu não entendo... Como...como ela pode se permitir ficar presa nessa relação por tanto tempo, Ká? - perguntei frustrada. - ela era tão cheia de força, de luz, de energia e agora eu vejo uma mulher frágil, apagada, como se ela não se sentisse bem dentro dela mesma.
- Eu também não entendo, mas agora não é hora de julgar!
- Eu não estou julgando ela, eu estou condenando ele mesmo! - disse alterada.
- Não te culpo, mas você sabe que matar alguém da cadeia, né?
- Você pode falar sério? - questionei rindo nervosa.
- Tá então falando sério! Você sabe que existe uma boa chance dela te questionar sobre sua reação?- Eu só assenti ainda nervosa.
- Eu sei, não consegui me controlar! - Respirei fundo. - Não vou me fazer de santa porque tenho certeza que devo ter parte de culpa na pressão que ela sentiu. - ela fez uma careta como duvidando do que eu disse. - Você sabe tão bem quanto eu que é bem possível, mas por causa do embuste ela quase desistiu dos seus sonhos, ela entrou em depressão! - Falei indignada. - Se eu tivesse tentando mais... sei lá mostrar o quão nociva era essa relação, me esforçado mais para ela notar a real personalidade daquele merda.
- Nossa você realmente tá estressada, falando palavrão e tudo! - olhei para ela com cara de que aquilo não era hora para piadas. - ok, não está aqui quem falou.- levantou as mãos em rendição. - Amiga, se for pensar assim todas nós temos culpa! Praticamente desde que conhecemos o Leonardo soubemos que ele não apoiava a Lu, mas ninguém poderia imaginar que ele se mostraria ser alguém abusivo dessa forma.
- Ah Ká, a Li chegou a pensar na possibilidade dele ter sido o real motivo dela ter saído, a gente é que não deu ouvidos. - passei a mão pelo rosto tentando em vão me acalmar. - Eu desconfiava que ele era um merda, mas nunca imaginei que a merda fosse tão grande assim, afinal quem iria imaginar que o príncipe encantado que a Luciana pintava na real era praticamente um carcereiro?
- É, talvez com a Li ela tenha sido sincera em seus desabafos e por isso ela chegou a pensar na possibilidade, mas preferiu manter segredos sobre o que a fez pensar nessa possibilidade do que tentar nos convencer. - suspirou. - Talvez por lealdade a Lu, quem sabe?- ela então fez uma cara pensativa como se tivesse descoberto algo. - sabe, pensando bem, creio que fora ele que a convenceu de não manter contato. A Li e a Willy eram muito amigas dela para se desligar assim completamente, não creio que tenha sido uma decisão apenas dela.
- Não duvido de nada vindo desse embuste! - expirei e inspirei algumas vezes para me acalmar.
- Olha a gente pode e vai ajudar. E talvez essa seja a sua chance! - diz como se tivesse tido uma grande ideia.
- Hã ... O que!? - a olhei confusa.
- Mostre para ela que ela tem outras opções, que ela pode ser feliz. Que ela não precisa viver presa a esse babaca!
- Não posso Ká, não posso me aproximar dela com ela frágil dessa forma. Vou obvio tentar ajudar, dar apoio, mas eu a quero inteira e não aos pedaços. Ela está incompleta Ká, ela não é mais ela mesma. - passei a mão frustrada pelos cabelos. - Você viu o que eu vi, você ouviu o que eu ouvi. - gesticulava nervosa. - aquela não é a Luciana que conhecíamos. Algo está muito quebrado dentro dela e ela precisa se reconstruir, precisa se redescobrir. Se for para eu tentar qualquer coisa será depois que ela estiver inteira, quando ela voltar a ter a força que ela sempre teve.
- Quando eu acho que eu não posso te admirar mais, que eu não posso me surpreender com o tamanho do amor que você sente por aquela baixinha você me vem com essa. - deu uma leve pausa e acrescentou. - Eu sou muito azarada mesmo! - Olho para ela com a testa franzida por não entender de onde ela tinha tirado aquilo. - Eu nunca conheci alguém que me amasse dessa forma....Oh inveja!!! - fala com bom humor característico.
Comecei a rir da besteira que aquela louca havia dito.
- Só você mesma para conseguir me fazer rir apesar disso!
Ficamos ali mais alguns instantes até eu realmente me acalmar, Karin realmente conseguia mudar meu humor com sua paciência e obviamente com suas besteiras.
Quando voltamos Luciana parecia mais leve, ainda um tanto constrangida, como sem saber qual o limite das brincadeiras as quais poderia participar, mas já interagia mais a vontade principalmente com a Willy, que tem o dom natural de fazer a gente se sentir mais leve.
Ela volta e meia me olhava, provavelmente ainda sem entender minha saída repentina da sala após suas revelações.
O ambiente estava mais alegre com as tiradas da Karin, mais leve por conta da personalidade da Willy.
Em determinado momento resolvo pegar um ar no jardim, desta vez apenas para colocar os pensamentos em ordem, quando sinto um leve toque no meu ombro e quando viro na direção de quem me tocou me surpreendo por ser ela.
OBS: Novamente queria agradecer a todos que estão acompanhando a historia e me desculpar qualquer erro.
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