Acordei um tanto assustada, pois eu estava abraçada a alguém e não sabia quem era, apesar de eu ter uma ligeira desconfiança de quem poderia ser, porem só tinha certeza que a pessoa cheirava a morangos.
Tentei forçar a mente para o dia anterior, mas ultima coisa que me lembrava era da Karin me chamando de celibatária, depois disso era um grande e enorme branco.
Estiquei o pescoço sem me mexer para tentar ver quem era a pessoa que eu abraçava, só para confirmar minhas suspeitas e poder fazer minha dança interior, e assim que eu confirmei meu sorriso foi de orelha à orelha e tudo em que podia pensar que aquela tinha sido a melhor manhã da minha vida.
Mesmo dura da ressaca, com uma dor de cabeça infinita, sabendo que não teria condições alguma de fazer coreografia nenhuma nos ensaios e que provavelmente o Rômulo iria querer me matar. Nada disso importava, eu acordei com a Lu em meus braços...tá certo, estávamos bêbadas, ela nem deveria lembrar como viemos parar aqui juntas, eu ao menos não fazia ideia, e sequer tenha sido escolha dela dormir comigo, mas foda-se. Ela estava nos meus braços.
Queria aproveitar aquele momento ao máximo posto que não sabia se teria outra oportunidade de abraça-la de forma tão intima.
Ela se aconchegava a meu corpo em busca de conforto, provavelmente pensando ser o marido e só de pensar nisso me enojava, e até me dava uma certa vontade de me afastar, pois parecia que eu estava tirando proveito dela enquanto ela dormia, mas a vontade de estar junto a ela era maior que meus escrúpulos naquele momento.
Inalei seu aroma enquanto a observava ressonar. Ela tinha um leve sorriso nos lábios enquanto dormia, fiquei imaginando com o que ela estava sonhando.
Passei um bom tempo ali contemplando a beleza delicada dela dormindo. Meu braço estava quase dormente, mas eu nem me importava.
Em determinado momento tentei levantar, mas assim que ameacei tirar a mão que a envolvia, ela em seu sono segurou apertado meu braço, como exigindo que eu permanecesse ali. Esperei ela voltar a relaxar em seu sono para fazer uma nova tentativa, desta vez ela apenas resmungou algo ininteligível, mas ao menos não evitou de eu retirar meu braço. Dei um suave beijo em seus cabelos e me levantei.
Por mais que eu quisesse passar o dia abraçada a ela naquela prisão maravilhosa eu tinha que levantar, além de precisar passar no hotel para tomar um bom banho e trocar de roupa, eu ainda precisava ligar para minha família, principalmente para a minha filha.
Sei que poderia fazer isso na casa da Karin, mas eu gostava de um pouco de privacidade para falar com os meus, então apesar de eu querer ficar eu teria que partir.
Assim que levantei peguei celular e fui ver as horas, eram pouco mais das 10 e meia da manhã, ainda teria tempo de ao menos fazer um café para todas antes de sair.
Sai do quarto ainda um pouco tonta, não havia me recuperado completamente de tudo que bebemos no dia anterior, cheguei a sala e enxerguei a Li esparramada no sofá, nem deveria ter tido condições de chegar ao quarto.
Notei então que eu tinha sido a primeira a acordar, e como não teria como fazer meu ritual da manhã resolvi agilizar o café da manhã das bebuns, como se eu não tivesse bebido junto.
Como já conhecia tudo ali, quase sempre que vinha ao Brasil visitava a Karin e muitas vezes ela me fazia de cozinheira, então não tive dificuldade alguma de achar o necessário.
Aos poucos o povo foi acordando.
Primeiro a Willy, provavelmente acostumada a dormir pouco por causa do Caramelo, logo em seguida devido ao barulho que a Willy fez ao tropeças nos próprios pés a Li, até chegar a Karin já perguntando.
- ué todo mundo de pé tão cedo?
- mulher é 11 da manhã, sei nem porque a Fanta tá fazendo café. - responde a Willy com a maior cara de sono.
- Pela hora que a gente foi dormir para mim é madrugada. - responde a Karin na cara de pau.
- Alias que horas a gente foi dormir? - perguntou a Li toda manhosa.
- Você dormiu cedo pra caramba mulher, você e a Willy, tão velhas, mal aguentam uma noitada.
- Tenha filha pequena e depois fala comigo! - respondeu a Li indignada, se debruçando na mesa quase dormindo.
- Mas sério Ká, que horas no geral fomos dormir? - eu questionei já tomando uma xícara de café.
- Era umas 6h. - falou enquanto comia um pedaço de queijo. - A Li desmaiou no sofá e a gente até tentou levar para o quarto que ela dividiria com a Willy, mas ela não levantou por nada. - Se servindo de café continuou.- A Willy a Lu e eu conseguimos arrastar. Agora você estava no automático, só seguia o fluxo.
- Nossa! Juro não lembro de quase nada depois de certa hora. - disse surpresa, pois realmente eu não lembrava de absolutamente nada.
- Depois a gente fala sobre a sua divida comigo que só aumenta? - falava se referindo a distribuição dos quartos com que fez que eu tivesse que dormir com a Lu.
- Hã? - me fazendo de desentendida.
- Não te faz de burra que isso com certeza você não é! - me olhou incisiva.
- Tá Ká, depois a gente conversa! - me rendi, pois era inútil me fazer de desentendida.
- Acho bom mesmo!
- Odeio os segredinhos de vocês. - Falou a Willy toda bravinha. - antes era a Lu com a Li, agora é vocês e eu sempre sobrando.
- Ai more a gente te ama e você sabe disso, a gente só não quer te envolver nos nossos problemas. - falo carinhosa.
- E se eu quiser fazer parte dos problemas? - falou ainda fazendo dengo.
- Com certeza em algum momento os problemas virão até você. - falou Karin sabiamente.
- Ok profeta! - disse Willy brincando, mas no fundo eu tinha certeza que a Willy sabia do que a gente falava.
- E vocês nem me metam nisso porque o que foi dito não pode ser desdito e jamais será repetido. - disse Li ainda grogue, não sei se e sono ou da bebida.
- Repete o que você falou e explica o sentido porque estamos ainda com os neurônios em déficit. - falou a Willy brincando
- Sei lá, só me venho na cabeça, nem lembro mais. - já voltando a se debruçar na mesa.
Fiquei ali por um tempo ainda tomando café e conversando com as meninas, quer dizer conversando com a Ká e um pouco com a Willy, a Li estava quase babando em cima da mesa.
Tive que me organizar e voltar para o hotel, deixei um abraço para a Lu já que ela não tinha acordado ainda e a Karin não perdeu tempo:
- Abraço, sei bem que é abraço que você quer mandar para a Lu! - me disse cínica e eu só mostrei o dedo do meio dando a língua enquanto saía.
OBS: amanhã tem mais um cap e depois eu viajo e não sei ao certo quando poderei postar novamente, mas certeza que não haverá abandono.
PS: agradeço quem comentando, favoritando ou apenas lendo mesmo, espero que estejam gostando do que escrevo e desculpem qualquer erro.
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