O julgamento de Pecos
Muitos dias haviam se passado após os últimos acontecimentos e o suave outono
de Tebas principiava a descer sobre todos os seus habitantes. Naquela manhã
límpida e serena, Jasar, montando seu cavalo, troteava pela estrada poeirenta.
Seus pensamentos eram de ansiedade e prazer. Caminhou por algumas horas,
finalmente parou, reconhecendo a gruta onde durante dois anos vivera com o
velho eremita.
Saltando do animal, dirigiu-se apressadamente para a caverna. Lá
entrando, porém, não encontrou ninguém.
- Deve estar fora - pensou.
Sentou-se numa pedra que lá havia a fim de esperá-lo. No entanto, suas
pálpebras cerraram-se em um sono estranho. Parecia-lhe que o lugar se
transformara e que podia enxergar através das paredes da gruta. Viu logo após,
que algo se aproximava, como uma nuvem e aos poucos assumia a forma do
velho amigo que viera visitar.
Olhou-o surpreso. Ele falou:
- Escuta. Quando te pedi que aqui viesses, sabia que já estaria morto para o
mundo. Sabia também que poderia falar-te como agora. Esperas que te declare
tua missão. Não me é dado revelar os desígnios do Alto. Sua prova será de
renúncia, paciência e amor. Sabes que peregrinamos na Terra em inúmeras
existências, sabes também que tudo quanto nos acontece aí é temporário. Para
haurir experiência e desenvolver teus potenciais de espírito eterno, precisas
aceitar as determinações da vida. Ela é Deus em ação. Não coloques a felicidade
nas ilusões do mundo mas nas verdades espirituais do universo. Elas te levarão ao
estado de felicidade interior que nada poderá destruir. Lembra-te, oh! Jasar, que
carregas compromissos não resolvidos do passado. Atende-os agora, para que te
libertes deles definitivamente e possas então realizar tuas aspirações de progresso
e luz.
Agora, meu filho, vai em paz, lembrando sempre que Deus ampara o
caminhante da senda do bem, colocando a seu lado os amigos, os espíritos
bondosos, que lhe suavizarão a passagem terrena e depois, vencida a etapa, estaremos todos juntos na pátria espiritual. Posso afirmar-te que tudo quanto
conheces sobre as leis da vida e da morte é absolutamente certo. Espero
futuramente poder dar-te maiores detalhes. Agora, adeus! Quando quiserdes
procurar-me, faze uma prece a Deus e ao Espírito Superior que rege todas as
coisas no mundo. Chama-o por Celeste Amigo, que será como todos o chamarão
quando mais tarde habitar a Terra. Boníssimo como é, nos ajudará. Concentra
depois o pensamente e a vontade em mim e virei ver-te.
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O Amor Venceu
DuchoweLivro de 1958 Esta obra conta uma história que se passa na cidade de Tebas, no Egito antigo. Narra a dor do amor impossível entre dois casais, que buscam resgatar a sua verdadeira existência. Fundamentado nas leis da reencarnação, procura explicar o...