O Desconhecido

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Meus olhos estavam pesados quando tentei abri-los, mas assim que os abri fui me acostumando com a claridade do local e vi o teto todo branco. Olhei para baixo e reparei que estava em uma maca, com lençol branco por cima. Provavelmente em hospital, pelo pouco que eu me lembro, havia visto um carro dentro da cafeteria, que quase me atropelou, e depois disso uma dor forte, além de Baekhyun tentando falar comigo.

Virei devagar à cabeça sentindo um pouco de dor, vi a parede toda azul e uma janela grande aberta, com cortinas brancas impedindo que o sol adentrasse o quarto, e ao lado dela, estava Baekhyun deitado de um jeito desajeitado na poltrona. Reparei que o seu braço estava enfaixado. Será que foi tentando me salvar? Meu coração chegou a acelerar, fiquei acanhado, ele também dormiu aqui ao meu lado, eu não poderia me sentir melhor, mesmo que fosse uma situação um tanto trágica, eu estava vendo o lado protetor do meu alfa e me sentia acolhido e feliz por isso.

Fui até ele, me levantando devagar da cama, para não fazer barulho e acordá-lo. Mesmo que ele estivesse sentado de um modo despojado, ainda assim, era lindo. A pouca luz que adentrava pela cortina branca iluminava sua pele sem nenhuma imperfeição e seu cabelo preto que reluzia como se pudesse refletir a luz. Reparei em sua boca rosada, pequena e carnuda, senti até meu peito apertar com intensidade do calor que percorria meu corpo. Seus lábios estavam tão convidativos, eu queria saber o seu sabor, sentir a sua textura, queria tomar os seus lábios com toda minha vontade em um beijo. Engoli seco, sentindo a corrente de desejo que possuía o meu corpo, mordi os lábios, minha mão começou a suar frio, apertei-a até cravar minhas unhas na palma, controlando minha vontade de abaixar e beijá-lo.

Para piorar, quanto mais sentia o seu cheiro, mais cada pelo de meu corpo se arrepiava. Fechei os olhos minimamente e as pernas também, sentindo uma sensação estranha. Devia ser por causa do meu aniversario que estava próximo, e com ele vem o cio.

Aproximei-me devagar da poltrona, agachei ao seu lado e com as mãos tremulas não resisti em tocar sua bochecha, fazendo um carinho singelo. Porém antes que eu notasse, ele segurou forte minha mão, me fitando com os olhos cinza, ouvi um rosnado, levei um susto tão grande que senti meus músculos travarem. Só não aconteceu de cair no chão, porque ele me segurava, mas assim que notou que era eu, soltou e sentou mais corretamente na poltrona.

— Me desculpa, não sabia que era você. Achei que era um enfermeiro tentando me tira de perto de você de novo — ele falou rápido pegando em meu pulso com mais delicadeza, me afastei do seu toque e me sentindo envergonhado fiquei em pé um pouco longe dele.

— E-eu que me desculpo — falei desviando do seu olhar.

Baekhyun se levantou, mas notei que ele estava um pouco hesitante para chegar perto de mim.

— Está melhor? Você acabou desmaiando depois de bater a cabeça na calçada, eu estive muito medo de te perder— sua voz saiu sussurrada e ele se aproximou de mim, me encolhi quando sua mão tocou em meu braço, acho que ele percebeu e se afastou. Não é como se não quisesse ser tocado por ele, eu queria e muito, mas tinha certa vergonha de tudo que ainda estava sentindo, do calor do meu corpo, dos arrepios involuntário em cada toque, de como não conseguia enfrentar a intensidade de seu olhar, porque me sentia fraco, frágil, necessitado.

— Estou me sentindo bem, mas e você ... Está bem? — apontei para sua faixa no braço.

— Sim, estou, foram só algumas esfoliações. E em relação ao acidente, o motorista vai responder na justiça, não só por está dirigindo além do limite permitido, como também por estar dirigindo embriagado, quase causando a sua morte, como de muitos que estavam na cafeteria, fora os outros prejuízos, espero que ele pague. — Baekhyun falou sério olhando para janela. Foi quando eu lembrei que tinha algo importante para contar a ele, quase dei um grito.

— Baekhyun, tenho algo para te contar— falei rápido, ele rapidamente se virou para mim.

— Conte-me — pronunciou sentando em minha cama, e me chamando para sentar ao seu lado com o olhar. Fui sem jeito para perto, tentando não gaguejar, porque poderia ser loucura minha, ou trote de alguma criança, e não uma ameaça.

— No domingo, pelo horário da manhã eu ouvi um barulho e levantei assustado, e vi que haviam jogado uma pedra na minha janela e nela estava um bilhete amarrado dizendo "Terá volta", logo pensei em uma ameaça, mas pode ser loucura minha. — tentei rir, mas não consegui, sua expressão estava séria demais — Mas eu nunca fiz mal para ninguém— falei sofrido olhando para chão.

— Acredito que seja ameaça também, foi bom ter me contado, porque recebi uma mensagem com esses mesmo dizeres. Hoje você vai direto para minha casa, porque lá estará mais seguro, contratarei seguranças para que ninguém faça algo contigo — senti sua mão tocar em meu queixo, respirei fundo quando ele virou meu rosto para si, seus olhos me fitavam com afeto, sentia a sinceridade de suas palavras. Ficamos em uma troca de olhares, que me deixava ansioso, seus olhos fitaram meus lábios, mas logo desviaram, assim que ele soltou o meu queixo, me deixando com sensação de seu toque ainda presente. Baekhyun ficou em pé em minha frente, andando de um lado para outro, parecia aflito.

— Pensando agora, até esse acidente me parece suspeito, vou a delegacia contar sobre o que você me disse — parou em minha frente.

O modo que havia dito tinha me dado um pouco medo, se tudo fizesse sentido eu estava sendo ameaçado e nem sabia o porquê. Pelo menos agora poderia ficar um pouco tranquilo, pois, Baekhyun estaria ali por mim e foi bom ter contando a ele, eu sabia que podia confiar no meu alfa.

— Irei hoje para sua casa? — perguntei.

— Sim, assim que médico te libera, eu ligo para seus pais explicando tudo e mando meus empregados buscarem as suas coisas.

Fiquei em silencio porque não tinha o que discordar, vi que era a melhor opção morar com ele, embora ainda me sinta desconfortável em ter que ir de imediato. Pois, ainda não caiu a ficha por completo que seremos casados em semanas, eu devia estar acostumado com essa dinâmica da nossa sociedade. Mas admito que sou muito fantasioso, pensava que seria algo como encontro, romance em forma de namoro e um casamento, não que fosse tudo tão rápido. Com certeza se não tivesse ocorrido esse acidente, teríamos mais encontros, e nos conheceríamos mais. E não me sentiria inseguro, embora seja engraçado o fato do meu cérebro pensar assim, mas o meu corpo ao contrário. Ele se atrair ao dele, como se estivesse certo de que ali é o meu lugar. Com vontade de está junto a si, de desejar os seus toques, seus beijos, sentir o seu cheiro mais próximo.

Chega ser insana essa dualidade, penso que, com a aproximação do cio a tendência é o meu corpo sofrer essas mudanças, o que me deixa confuso para o que sinto de verdade, se é a ânsia dos meus hormônios de ômega, ou porque ele de fato é diferente aos meus olhos. Mas acho que só tempo dirá. Por agora eu vou tentar conter meu corpo, para não apresar tudo, e não confundir os meus sentimentos.

Não demorou muito para que o médico chegasse, assim que Baekhyun saiu para falar com a enfermeira. Ele disse que estava tudo certo com a minha cabeça, que não tinha sofrido nenhuma fratura, só havia deslocado o ombro, mas já tinha recolocado, e disse que tomaria alguns analgésicos para dor e inflamação. Senti-me aliviado por não ser nada sério.

Quando Baekhyun voltou o médico já se retirava, lhe dei a receita dos remédios, ele prontamente pegou e disse que iria mandar o seu empregado comprar, e que já havia ligado para meus pais informando que estaria indo para sua casa. Saímos do meu quarto, rumo ao estacionamento, segundo ele o motorista tinha trago seu outro carro. Andamos todo trajeto em silencio, e por incrível que pareça não era desconfortável, sua presença me transmitia calma, conforto e proteção. Tanto que timidamente tomei a iniciativa de tocá-lo, e fui correspondido com aperto firme de suas mãos.

Mas logo toda calmaria foi embora, com alguém gritando o nome do Baekhyun. Olhei para trás e vi um rapaz com roupas coloridas, blusa rosa claro, calça azul e tênis vermelho. 

Seu rosto tinha traços delicados, e o seu cabelo era loiro, parecia bem jovem. O mesmo sorria e corria em nossa direção, mas precisamente de Baekhyun, que sorriu de volta. E aquela presença repentina me incomodou muito, pois ver Baekhyun sorrir de volta para ele doeu o meu peito, porque era o modo que eu desejava que ele sorrisse para mim e isso me deixou agoniado.

(...)

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MEU ALFA - CHANBAEK | ABO - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora