Passado doloroso - Baekhyun

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 — Querido, o seu tio veio nos visitar. Arrume-se e desça! — disse minha mãe que se encontrava parada ao lado da porta de meu quarto.

Eu fiquei muito feliz. Afinal, gostava muito do meu tio. Não o irmão do meu pai, mas sim, de seu marido: Suho. Ele era um ômega muito divertido. Sempre brincava comigo e, quando tinha a oportunidade, pagava-me um sorvete de uva quando saíamos. Ele era como um irmão mais velho para mim; um irmão que Kris nunca fora. E eu o amava de verdade.

Me arrumei rapidamente, e desci depressa pelas escadas. Logo encontrei meus pais e meus tios no andar de baixo. Sorri quando vi Suho me avistar. Eu queria abraçá-lo, no entanto MinHo estava com os braços em volta de sua cintura, impedindo-o de sair de perto. Ele acenou para mim e esboçou o sorriso bonito de sempre. E, antes que eu me sentasse ao lado de minha mãe, tratei de acenar discretamente para o meu tio predileto.

Toda aquela conversa que mantinham era entediante, já que eles só falavam de negócios — mais precisamente meu pai e o tio MinHo —, minha mãe apenas ficava ao lado, ouvindo tudo aquilo e fingindo entender alguma coisa. Eu suspirava aborrecido a cada instante, mas parei assim que vi Suho falar algo baixinho para MinHo. E, logo depois, Suho me chamou para brincar no quintal — após pedir permissão para os meus pais, obviamente.

Peguei em sua mão quente e o segui até o meu quintal. Ficamos em uma área perto da piscina; sentados no sofá que se localizava ao lado da sauna. Ele como de costume me aconchegou em seus braços pequenos e, com uma de suas mãos, fez carinho em meus cabelos. Eu adorava quando ele fazia isso, me acalmava.

— Deixe-me adivinhar... — falou depois de um tempo, quebrando o silêncio —, Kris está em outro acampamento de pequenos Alfas, e seu pai não deixou você ir...

— Sim —assenti —, mas Suho, eu não fico mais triste pelo meu pai achar que o bobão do Kris vai ser uma alfa melhor que eu. Ele pode até mandá-lo para esses acampamentos todos, mas eu sei que, independentemente do que ele ache, vou ser muito mais legal que Kris — falei segurando na blusa branca que Suho usava; encostando minha cabeça em seu peito, onde pude sentir o cheiro doce de rosas que tanto gostava no tecido.

— Meu menino cresceu mesmo! Quando for adulto vai ser um alfa de muito respeito — Suho disse depositando um beijo em minha cabeça. Sorri satisfeito com que ele havia dito.

— Mas eu não pensava assim, Suho. Foi só depois que encontrei um menininho na empresa do meu pai, no dia que ele nos levou para conhecer o seu trabalho, que as coisas mudaram. Nesse dia o meu irmão ficou fazendo chacota comigo, dizendo que eu nem me parecia com um alfa. E que seria um fracassado. Eu saí correndo totalmente chateado. Muito mesmo. Até chorei — me levantei para olhar o meu tio que me escutava atentamente. — Entrei em uma sala para chorar quando eu vi um menininho brincando ao lado de uma mesa, ele era bem pequenino e bonitinho. Ele perguntou o motivo que me levou a chorar tanto e disse tudo o que meu irmão havia me dito. O garotinho ficou nervoso, e falou que o vovô dele disse que as pessoas não devem deixar de viver bem por causa do que os outros dizem. O garoto falou tudo tão bonitinho, tio. Ele parecia ter gravado as mesmas palavras que seu avô disse, tanto que até se atrapalhava ao falar — ri ao me lembrar dos biquinhos que o menininho fazia para falar as palavras difíceis. — Eu lhe disse que ninguém ia gostar de mim por não ser como outros alfas, e ele me abraçou. Depois me disse que amor não possui padrões, e que quem tiver de gostar de mim, vai gostar independentemente do que os outros acham.

— Ele disse isso tudo? — perguntou. — Que menino inteligente! Ele tem razão, afinal. Quem tiver de gostar de você, só vai gostar e pronto — sorriu segurando minha mão como uma forma de carinho.

— Ele foi legal! Tão pequenino e tão sábio. Eu me senti um bobo por ter chorando. Descobri que tenho que ser eu mesmo: livre da opinião de qualquer um. E, antes que pudéssemos conversar mais, um homem chamou o menininho.

MEU ALFA - CHANBAEK | ABO - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora