Frente à frente

9K 648 124
                                    

Minhas pernas tornam a ficar bambas assim que o Senhor Hunter puxa a cadeira para sentar-se. Espero não estar corando.

- Já posso pôr a mesa, senhor? - Diz Alícia, esfregando as mãos em seu avental branco.

Senhor Hunter apenas acena com a cabeça e como uma máquina programada Alícia sai em direção à cozinha.

No instante em que ficamos frente à frente sozinhos, observo cada detalhe seu. discretamente é claro.

Ele usa uma aliança dourada em sua mão esquerda, uma aliança de casamento. Porém não há esposa. É estranho a maneira como Joseph sempre está tão elegante, mesmo em sua própria casa. Sempre com terno e blusa social.

- Elisa ... Tenho certeza de que você não está onde gostaria, mas a situação pode ficar cada vez mais incômoda se você continuar sem dizer uma palavra. - Diz Joseph Hunter, com seu tom arrogante e prepotente.

Meu corpo treme por inteiro assim que ele diz o meu nome pela primeira vez, agora sim, tenho certeza de que não só minhas bochechas mas o meu rosto inteiro deve estar corado.

- É... Eu ... Realmente não sei o que dizer. - Digo piscando meus olhos rapidamente e olhando para todos os lugares menos os olhos do Senhor Hunter.

- Ontem quando você chegou eu não quis ser inconveniente, mas acredito que será melhor se eu não ver você. Quero que mantenha o máximo de distância. Se possível, quero esquecer que está morando aqui. - Ele diz, friamente, olhando diretamente em meus olhos. Suas mãos estão cruzadas sobre a mesa, e eu me sinto sendo julgada e avaliada o tempo inteiro.

- O senhor está certo, eu não estou onde queria estar. E acredite, sua presença é tão incômoda para mim quanto a minha é ao senhor. Pode ficar tranquilo, irá esquecer que estamos sob o mesmo teto. - Levanto-me da mesa rapidamente e vou em direção ao meu quarto - Porão - Meu coração bate tão forte quanto nunca. Pelo olhar do senhor Hunter, ninguém nunca havia sido tão "honesta" com ele.

Desço as escadas e fecho a porta do meu quarto devagar. Respiro profundamente. Surpreendo-me ao ver Rose, com a mala aberta sobre a cama, dava para perceber que ela havia chorado.

- Rose ... O que houve? - Digo, pondo a mão sobre seu ombro esquerdo.

- Desculpe senhorita ... Não vou poder ficar ... minha tia está doente e não tem ninguém para cuidar dela fora eu. - Diz Rose com lágrimas escorrendo por seu rosto.

- Tudo bem, eu ficarei bem e espero que a sua tia também. - Digo, tentando confortá-la enquanto enxugo suas lagrimas.

Sem dizer nenhuma palavra Rose me abraça fortemente, logo em seguida pega sua mala e sobe as escadas. Espero que fique tudo bem com ela e sua tia. Apesar de não termos passado muito tempo juntas, tenho um carinho especial por Rose. Ela me ajudou e me fez companhia quando não havia ninguém por mim.

Agora, com a partida de Rose, estou mais uma vez sozinha, na casa de um homem frio, arrogante, prepotente e que só se preocupa consigo mesmo.























Elisa - Vol. I Onde histórias criam vida. Descubra agora