Não posso amar você

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Ontem à noite, eu estava entediado como sempre. Mais um jantar de negócios, dessa vez com Eric, meu sócio na empresa que mora em outra cidade e por isso vai passar uns dias aqui na minha casa, o que não me agrada nem um pouco. Ele é um homem sem escrúpulos, não sabe a hora de parar com seus galanteios à todas as mulheres que passam por ele, até mesmo com Elisa.

Tudo bem, eu concordo com ele, ontem à noite ela estava linda. Pela primeira vez Elisa conseguiu fazer com que meus olhos não desgrudassem dela, estava arrumada como uma verdadeira mulher e não como uma adolescente. Fiquei realmente impressionado, poderíamos ter conversado um pouco se Eric não tivesse passado o jantar inteiro a elogiando. Isso não me agradou nem um pouco e eu temo que ela tenha notado, não quero que pense que tenho algum interesse nela além de mantê-la sob minha guarda.

Faltam apenas algumas semanas para o seu aniversário, logo ela completará dezoito anos e eu voltarei a ter minha vida normal. Bem longe de Elisa.

Saio de meu escritório e vejo Eric, indo em direção ao porão. O que ele quer por lá? Fazer mais de seus elogios baratos à Elisa? Penso em ir atrás dele e fazer com que deixe-a em paz, mas penso duas vezes e vou para meu quarto. Elisa sabe bem o que faz. É quase uma adulta.

Fecho a porta e sento-me na cama e respiro profundamente. Não consigo parar de pensar no que Eric foi fazer no quarto de Elisa, eu deveria ter ido até lá? Não, não. Essa garota está me deixando louco. Não vou perder uma noite de sono preocupado com ela.

Deito-me devagar e observo a aliança que uso na mão esquerda. A aliança que foi comprada por mim, para simbolizar o laço que criaria com Luisa. Já faz muito tempo, e só agora percebi o quanto fui tolo em continuar com isso em meu dedo. Ela jamais voltou, e jamais se importou. Me deixou sozinho para que eu continuasse minha vida sem ela, jogou fora tudo que eu havia criado por ela. Retiro a aliança e coloco no criado mudo ao lado.

Fecho meus olhos mas não consigo dormir, viro para um lado e para o outro, mas nada. Decido descer e ir até a cozinha, tomar um chá ou alguma coisa que me faça dormir. Desço as escadas devagar, sem fazer barulho, já passa da meia noite e não quero que todos saibam da minha insônia.

Quando me aproximo vejo Elisa sentada no chão da cozinha, chorando, com um copo de leite nas mãos. Vou me aproximando devagar, sem assustá-la.

- Elisa ... - Sento-me no chão ao seu lado para que possa olhar em seus olhos.

- Senhor Hunt... - Ela diz, mas eu a interrompo.

- Me chame de Joseph ... Porque está chorando? - Enxugo suas lágrimas delicadamente.

- Eu ... Hoje faz um mês ... Do assassinato dos meus pais, e eu me sinto tão sozinha, eles eram tudo que eu tinha ... - Ela diz, soluçando, com a voz um tanto embargada.

Passo a mão por seu cabelo, pondo-o para trás de sua orelha, deixando seu rosto totalmente à mostra. Ficamos parados por uns poucos segundos, olhando-nos fixamente, posso ouvir sua respiração ofegante e sentir o calor de sua pele. Quando nossos lábios finalmente estão quase se tocando, a luz é acesa por Alícia.

- Desculpe senhor, eu não sabia que ... - Ela diz rapidamente, com os olhos arregalados para nós dois.

- Não tem o por que de se desculpar, não estava havendo nada aqui. - Retiro-me rapidamente da cozinha.

Eu quase cometo um erro terrível essa noite, felizmente Alícia apareceu. Não posso amar Elisa, não posso beijá-la, ela é anos mais nova que eu, é como uma criança que eu devo cuidar. Não posso abrir meu coração, não posso arriscar magoá-la e principalmente, não posso me machucar mais uma vez. Devo manter meu coração fechado para o amor.

- Não posso amar você, Elisa. - Digo para mim mesmo.



























Elisa - Vol. I Onde histórias criam vida. Descubra agora