Elisa - Vol. I

Não me deixe ir

A coragem me invade por completo e finalmente giro a maçaneta da porta do escritório de Joseph. Ele estava lá, sentado em sua enorme cadeira de couro preta, com uma pilha de papéis sobre a mesa.

- Senhor Hunter... - Bato duas vezes na porta entreaberta.

- Elisa ... Algum problema? - Ele diz, soltando os papéis imediatamente.

- Não... Na verdade, eu quero perguntar uma coisa ao senhor. - Fecho a porta, ainda mantendo uma certa distância.

- Sente-se então.

- Eu não quero incomodá-lo .. mas eu não conseguia parar de pensar no que houve ontem à noite ... O nosso quase beijo. - Expressões preocupadas tomam conta do meu rosto.

- Elisa ... Aquilo foi um momento de fraqueza, precisa esquecer aquilo. - Joseph pisca os olhos rapidamente, como se estivesse incomodado com o assunto.

- Então é isso que sou para você? Um simples consolo?

- Eu nunca disse isso Elisa ... Mas você estava chorando e eu ... Estava pensando em umas coisas do passado. - Joseph Levanta-se de sua cadeira e aproxima-se de mim.

- Tudo bem ... Eu ... Já entendi tudo. - Viro-me rapidamente em direção à porta mas sou puxada de volta por Joseph, que segura meu pulso com força.

- Não é um consolo para mim, Elisa. Você é a moça mais forte que eu conheço, é incrível, é linda ... - Joseph passa sua mão lentamente por meu rosto.

- Mas não sou suficiente para você.

Saio rapidamente  do escritório do Senhor Hunter, eu realmente estava pensando sentir algo por ele, mas como eu poderia amar alguém assim?

Fecho a porta devagar, as lágrimas escorrem por meu rosto. Essa casa não é o meu lugar, eu não pertenço ao mundo do Senhor Hunter. Se eu continuar aqui, vou ser um fardo na vida de Joseph, e eu não quero isso. Desço até o porão rapidamente, abro o guarda-roupas, pego minha velha mochila azul e coloco minhas roupas dentro.

Subo as escadas e caminho rapidamente em direção à porta da frente, quando novamente meu pulso é puxado por alguém. É Joseph, bem atrás de mim.

- O que está fazendo? - Ele diz, e pela primeira vez vejo expressões preocupadas em seu rosto.

- Estou tornando sua vida mais fácil, vou fazer dezoito anos daqui a duas semanas e não tem com o que se preocupar. - Afasto sua mão de meu pulso e continuo caminhando rapidamente.

- Elisa! - Joseph grita meu nome eu paro no mesmo instante.

Senhor Hunter corre em minha direção, ficamos novamente com nossos corpos próximos como na noite passada. Minha mochila despenca de meu ombro mas eu deixo ela onde está.

- Você nunca tornou minha vida complicada, pelo contrário, desde que você chegou tudo ficou mais simples para mim ... De um jeito louco, mas a sua presença conseguiu aquecer o meu coração, que por anos eu esqueci que o possuía bem aqui. - Joseph põe minha mão sobre seu peito esquerdo.

- Eu estava indo embora ... o jeito que me tratou nos primeiros dias, o nosso quase beijo que você chamou de momento de fraqueza, tudo isso vem me machucando e inconscientemente eu já estava sentindo algo por você ... - Digo, apoio meu rosto no rosto de Joseph.

Nossos lábios tornam a ficar tão perto quanto na noite passada, a diferença é que dessa vez eles se tocaram. E foi a melhor sensação da minha vida, uma mistura de frio e calor dentro de mim. As mãos de Joseph que passeam por meu corpo e as minhas que pela primeira vez tocam em seu rosto.

- Não quero que me deixe ... Por favor, não vá embora. - Diz Joseph, respirando ofegante.

- Então não me deixe ir.