• sete •

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Betina acomodou-se na cadeira e cruzou as pernas, aguardando que Gustavo começasse com suas reclamações.

O jovem médico era perdidamente apaixonado por Betina, mas estava cansado dos jogos emocionais que ela lhe pregava.

Os sentimentos de Gustavo eram do conhecimento de Betina, embora ele nunca tivesse os mencionado. Não era necessário que ele se declarasse, pois quando estavam juntos em seu apartamento a paixão dele por ela era quase palpável.

Gustavo encarou os olhos azuis de Betina por alguns segundos, tentando manter a calma. Sua vontade era de gritar, virar a mesa, sair daquele jogo doentio no qual ela lhe fazia prisioneiro.

Mas ele apenas respirou fundo.

— Eu sei o que você vai dizer. – Betina disse, impaciente com o silêncio entre os dois.

As sobrancelhas de Gustavo arquearam-se e um riso cínico escapou de sua boca.

— Duvido que saiba. – ele a desafiou.

— Eu pedi pra você não ir até a minha casa, Gustavo.

— De quem era aquele Jeep Renegade?

Betina bufou. Dar explicações era uma das coisas que ela mais odiava.

— Gustavo, eu disse para não ir até lá. Você sabe que não podemos nos ver sempre que você quer. – Betina insistiu, ignorando a pergunta do jovem médico.

— Fala, Betina! – ele rosnou, controlando a vontade de gritar. — É evidente, tá estampado na tua cara, mas eu quero ouvir da tua boca!

Um calafrio percorreu a espinha de Betina e seu rosto ficou sombrio. A situação da qual ela tentou fugir por tanto tempo estava ali, diante de si.

— Já faz algum tempo que eu sei, mas não queria acreditar. – Gustavo disse, apático.

O homem que antes lutava contra sua própria fúria, agora falava com frieza.

— Gustavo, eu tentei te contar... – ela disse, com a voz melosa.

— Tentou me contar? – ele riu, sarcástico. — Quando? Quando estava transando comigo e dizendo que me amava?

Ela permaneceu em silêncio, mas dessa vez seu remorso era real.

Betina não era um monstro sem coração. Ela era egoísta na maioria das vezes, mas naquele momento ela conseguiu verdadeiramente entender a mágoa de Gustavo.

— Você ama ele? – Gustavo insistiu, confuso. — Você é capaz de amar alguma coisa?

— Eu não amo ele. – ela disse, e no mesmo momento sentiu um breve alívio em seus ombros. — Mas eu não consigo terminar com ele, nós estamos juntos a quase três anos, nossas famílias estão unidas, esse relacionamento não é mais só sobre ele e eu.

Gustavo balançou a cabeça em negação. Talvez se ela amasse o outro homem fosse mais fácil entender porque ela ainda estava com ele.

— Quase três anos... – Gustavo repetiu. — E faz dois anos que nós estamos juntos! Há dois anos tu diz não para os meus pedidos de namoro! Há dois anos tu leva essa vida dupla, com dois marionetes à tua disposição.

Gustavo levantou-se, furioso.

— Gus, por favor me escuta. – ela pediu.

— Eu já escutei o suficiente. – ele disse, e então se afastou, pisando forte contra o piso de porcelanato.

***

Após o almoço e as taças de vinho, Eduardo insistiu que Maite e Leo acompanhassem ele e Arthur até o gasômetro.

O Lado Bom Do Adeus [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora