• capítulo trinta e um •

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O som da chuva acordou Maite. Espreguiçou-se, ainda na cama, pode sentir Sirius em seus pés. Ao esticar o pé, lembrou que estava lesionado e entristeceu-se ao encarar a muleta do lado de sua cama.

Já estava em casa há três dias, porém agora estava sozinha. A ideia de depender de Léo para fazer tarefas simples dentro de sua própria casa lhe frustrava. Seu amigo não conseguiu ficar nem 24 horas no apartamento dela, antes disso ela o mandou embora, assegurando que poderia se virar sozinha.

Levantou-se com dificuldade, pisando devagar. Caminhou até o banheiro sem a muleta, apoiando-se na mobília. Enquanto olhava seu próprio reflexo no espelho, escovando os dentes, relembrou de sua ultima conversa com Gustavo, ainda no hospital. Desde então, nunca mais se falaram.

Apesar de não conseguir compreender as motivações de Gustavo, preferia deixar aquilo para trás. Qualquer homem que tivesse vergonha de segurar sua mão em público, não mereceria tê-la entre quatro paredes. Agora ela finalmente entendia isso.

Preparou o café, posicionou seu notebook na bancada da cozinha e estava prestes a ler alguns trabalhos antigos da faculdade, quando tocou seu interfone.

- Sim? - disse, depois da difícil caminhada da cozinha até o interfone ao lado da porta.

- Bom dia! Trouxe um almoço pra você! - a voz de Arthur disse com animação

- Arthur? - ela questionou, incrédula.

Arthur apenas riu, e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, um bip anunciou que a porta estava aberta.

A garota abaixou o rosto, olhando para seu corpo. Estava usando um short de moletom soltinho, uma camiseta velha da sua turma da faculdade, uma atadura no tornozelo e seus pés descalços.

Em alguns segundos lá estava ele, com uma camisa social branca, jeans preto e aquele sorriso leve. Ele segurava um sacola de papel de alguma lanchonete, e assim que Maite abriu a porta ele entrou.

- Você não deveria estar salvando a vida de algum animal? - perguntou Maite, sorrindo.

- Aquela clínica está cheia de profissionais competentes, eles se viram sem a gente. - Arthur respondeu, indo diretamente para a cozinha.

Maite permaneceu incrédula, verdadeiramente surpresa e grata por Arthur ter aparecido, enquanto o rapaz esvaziava a sacola, colocando as embalagens sobre a bancada.

Ela caminhou lentamente até a cozinha, observando como Arthur preenchia aquele ambiente. A sua presença, sua voz, sua risada, o seu cheiro amadeirado. Tudo naquele homem encaixava perfeitamente no apartamento de Maite.

De repente um borrão preto surge, vindo do quarto. Sirius desfila pelo piso de cimento queimado, indo em direção ao visitante. Ao percebê-lo, Arthur para o que estava fazendo e abaixa seu corpo para pegar o felino no colo. Ele levanta Sirius com as duas mãos, levando o focinho do bichinho em direção ao seu rosto.

- Então o senhor é o proprietário desse imóvel? - Arthur perguntou para o gato, sorrindo.

Maite sorriu vendo o homem aninhar seu gato entre seus braços. Sentou-se em uma banqueta da cozinha, com dificuldade, enquanto Arthur afagava Sirius.

- Ele é um oferecido! - disse, se referindo ao gato. - Não pode ver uma pessoa nova que já quer fazer amizade.

Arthur sorriu, colocando o felino sobre uma banqueta, ao lado de Maite.

- Eu trouxe almoço para nós, imaginei que seria difícil pra você cozinhar com um pé só, e eu infelizmente sou péssimo na cozinha. - disse, fazendo Maite rir.

- Eu nem sei como te agradecer. - ela disse, genuinamente feliz. - Já estava meio cansada de ficar sozinha.

- Agradeça ao Léo. - ele disse, sentando-se em uma banqueta do outro lado da bancada. - Ele me ligou, perguntou se eu poderia dar uma passada aqui e ver como você estava, porque o trabalho dele fica longe... Você sabe, coisa de amigo.

O Lado Bom Do Adeus [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora