• vinte e um •

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As malas estavam prontas no canto do quarto. As melodias de uma música do Ed Sheeran vinham do aparelho de som na sala. O relógio já marcava 22h00 mas Leo e Maite conversavam despreocupadamente sentados na cama. Sobre as coxas de Maite, estava Sirius dormindo confortavelmente enquanto recebia afagos de sua tutora.

- Ansiosa? - Leo perguntou

- Demais. Vai ser difícil ficar tantos dias longe de casa, e com dois dos meus chefes.

- Ainda mais depois... - Leo fez uma pausa, risonho - Do Beijo.

- E do que Guilherme disse. Não podemos esquecer disso.

- Ah, Maite! - ele revirou os olhos - Tá parecendo que ele só disse isso pra incomodar mesmo.

- E qual seria o motivo dele beijar a Lilian no começo do dia, e no final do dia me beijar?

- Isso é algo que só ele pode responder.

Maite deu um riso nasalar. - E você espera que eu pergunte isso pra ele?

- Ué, e porque não? - ele deu de ombros - Ele te beijou no mesmo dia que você pegou ele beijando outra, nada mais justo que você querer saber qual é a dele.

- É, nessa viagem eu terei tempo pra descobrir.

- Mas mudando de assunto... E o médico embuste?

Maite suspirou, relembrando.

- Aquela noite, na casa do Edu, ele disse que o Gustavo nunca assumiria um relacionamento comigo... - engoliu a saliva como se houvesse uma pedra em sua garganta. - Porque eu não sou magra.

Leo franziu o cenho, incrédulo.

- Será que ele é babaca a esse ponto? - perguntou.

- Eu não sei o que pensar, Leo. Quando o Edu falou isso, não pareceu que ele estava falando do cara que me cobria de beijos e me tratava como se eu fosse a mulher mais gostosa do mundo.

- O Edu tava falando do Gustavo que demorava dias pra responder uma mensagem sua, que nunca te levou a um lugar público e que teria vergonha de te apresentar para os amigos dele. O Gustavo que ele era contigo, era o Gustavo que queria te comer.

Maite permaneceu em silêncio, olhando fixamente para Sirius enquanto o afagava. Leo percebeu que o que disse atingiu Maite com força, mesmo que sua intenção fosse apenas alerta-la.

- E ele é um idiota por perder uma mulher incrível como você. - completou. - Maite, eu sei que quando estamos nessa situação não queremos ver o que está na nossa cara. Por que é doloroso, e porque nós pensamos "não é possível que eu tenha sido tão boba", mas pessoas como o Gustavo não estão nem aí para os sentimentos alheios. Ele te achou gostosa e quis te comer, e fez o necessário para conseguir.

Maite deu um riso amarelo, ainda cabisbaixa. As palavras de Leo eram dolorosas porque eram verdadeiras. E agora, com a estrutura emocional que lhe sobrou, Maite teria que supera-lo.

***

Na manhã seguinte, já na Clínica Weiller, Maite e outros veterinários estavam reunidos no estacionamento.

Eles iriam em dois carros. Duas Toyota Hilux brancas, adesivadas com a logomarca da Clínica nas portas. Uma delas estava equipada com um reboque de transporte para bovinos, onde Bob estava confortavelmente acomodado.

Rodrigo e Maite aguardavam enquanto Arthur e Guilherme discutiam, há alguns metros de distância.

- Esses dois só não se matam porque ainda é crime. - Rodrigo comentou, vendo os dois.

O Lado Bom Do Adeus [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora