• dezoito •

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Os funcionários que estavam no local permaneceram em silêncio, sob o peso da tensão que pairava ali.

Com o envenenamento de Loki, apenas Denise demonstrou algum interesse em ouvir a história de Lilian sobre a noite com o chefe.

Todos os outros funcionários queriam se mostrar ativos no atendimento de Loki. Não era segredo pra ninguém o quanto Arthur amava o cão, e todos tinham muito carinho pelo chefe, todos queriam ajudar.

Arthur saiu da emergência, correndo pelos corredores até a recepção, do outro lado do edifício.

Ao notá-lo, Eduardo levantou-se e caminhou ao seu encontro. Seus olhos estavam estáticos, ele estava visivelmente assustado.

- Arthur, eu sinto muito! Eu não sei o que aconteceu... Ele estava bem.

- Ele foi envenenado. - Arthur disse. - Alguém esteve na sua casa? Talvez algum vizinho que não goste de animais.

- Não, ninguém esteve lá. Só a Betina, mas ela disse que estava com saudade do Loki e...

- Foi a Betina! - Arthur interrompeu. - Ela não gostava do Loki, ela não estava com saudade. - ele afagou a barba rala em seu rosto, desorientado - Maldita! - esbravejou.

Guilherme aproximou-se novamente. Ele segurava um tablet branco contra seu tórax, no aparelho haviam informações sobre o animal.

- Podemos conversar? - ele disse, pigarreando. - De veterinário para veterinário.

Arthur respirou profundamente, contendo dentro de si o medo de perder seu amigo fiel. Permaneceu em silêncio, de pé com apenas Eduardo ao seu lado. A recepção estava vazia. Apenas as recepcionistas atrás do balcão presenciavam a cena.

- Você sabe o que vem a seguir. - Guilherme falou, dando o tablet à Arthur. - Além do mercúrio, também encontramos monofluoracetato de sódio. Nós fizemos uma lavagem gastrointestinal no Loki, mas não há mais nada que possamos fazer.

-Leva pra hemodiálise! - Arthur disse, lacrimejando.

- Arthur, olha pra mim! - Guilherme gritou. - Nós já recebemos animais envenenados muito mais vezes do que gostaríamos, você sabe que não há nada que reverta o efeito do monofluoracetato de sódio. Nós podemos levar o Loki pra hemodiálise, podemos filtrar todo o sangue dele e podemos entupir ele de medicamentos, mas nada irá desfazer o estrago que o veneno fez nos rins e no fígado do Loki.

Uma lágrima rolou pelo rosto de Arthur. A verdade dolorosa estava ali e nada poderia mudá-la. Guilherme tinha razão. Medicamento algum poderia reverter a ação do monofluoracetato de sódio.

Eduardo colocou a mão sobre o ombro de Arthur, confortando-o. Ele permaneceu em silêncio, em choque com tudo que estava acontecendo, tão de repente e tão rápido.

O tablet de Guilherme tocou, sinalizando uma notificação. Ele olhou o aparelho, lendo as informações recebidas.

- O tempo dele está acabando. - disse, com a voz firme. - Vamos! - disse, voltando para a emergência.

Arthur e Eduardo seguiram Guilherme pelos corredores. Atravessaram uma porta larga de vidro, entrando na emergência, e em seguida outra, branca, entrando em uma sala de atendimento.

Sobre a mesa fria e metálica estava Loki. Em pé ao seu lado estavam Daniel e Maite.

A jovem checava as pupilas, enquanto Daniel injetava mais algum medicamento no acesso intravenoso na pata do animal.

- Ele vomitou e teve duas convulsões. - Daniel disse, ao ver Arthur. - Agora ele está sedado para não sentir dor, mas o óbito é inevitável.

O dono de Loki nunca esteve desse lado da história. Nunca antes ele esteve do lado que recebe as notícias ruins, que ouve as explicações dos veterinários. Nunca antes ele esteve do lado da perda.

O Lado Bom Do Adeus [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora