- Erika, você sabe que horas são? - Eduardo perguntou, com sua voz sonolenta.
- Eu não te ligaria se não fosse urgente, Eduardo!
- O que a Betina fez dessa vez? - o rapaz levantou-se da cama, já preocupado.
- Estou com o carro estacionado aqui na frente da sua casa. Preciso da sua ajuda.
- Puta merda! - foi tudo o que ele conseguiu dizer antes de desligar o telefone.
Saiu correndo do quarto, de pés descalços e vestindo apenas uma bermuda branca, de pijama. Abriu a porta principal da casa e correu pelo gramado até o carro estacionado na calçada.
Erika saiu do veículo, olhando em volta, mas àquela hora da madrugada todos os vizinhos de Edu já dormiam profundamente.
- Onde ela está? - Edu perguntou, assustado.
- Olha só... Fica calmo. Eu posso explicar. Mas não aqui. Me ajuda a levar ela pra dentro da tua casa e lá eu te explico.
- Ela está dentro do carro? - ele sussurrou, querendo gritar.
Em silêncio, a ruiva simplesmente abriu a porta de trás, permitindo-o ver sua irmã inconsciente.
Sem demora o rapaz pegou sua irmã no colo e a levou para dentro de sua casa, sendo seguido por Erika.
Ele a colocou em sua cama. Após deita-la, notou que o topo de sua testa estava sujo de sangue. Assustado, afastou os fios loiros de sua irmã para ver o ferimento.
- Eu fiz isso. - Erika disse, chorosa. - Ela queria... Eu não podia deixar... Ela... Meu Deus! Eu sou uma amiga horrível, ela nunca vai me perdoar! - completou, aos prantos e soluços, cobrindo o rosto com as mãos.
Instintivamente, Eduardo checou os sinais vitais de sua irmã, constatando que ela ainda estava viva.
- O que a Betina queria fazer, Erika? - ele perguntou, se aproximando da ruiva, que observava tudo da porta do quarto.
A garota não conseguiu falar. O choro sufocava sua garganta. Ela tinha certeza de que Betina jamais a perdoaria.
- Erika... - Edu chamou, se aproximando mais. - Tá tudo bem. Fale comigo. - completou, tocando gentilmente e simultaneamente os ombros da garota.
- Ela falou algo sobre renascer das cinzas... - disse em meio ao choro. - E queria queimar a casa de Arthur. Nós estávamos lá, ela estava prestes a queimar tudo... Mas eu não poderia deixar. Ela estaria arruinando a própria vida, ela nem se importou com as consequências que viriam...
O choro incessante da garota comoveu Eduardo, que a abraçou carinhosamente.
Transtornado com a insanidade de sua irmã, Eduardo agora teria que lidar com outro problema alheio.
***
Outro dia de trabalho em campo. Outro dia de novas experiências. Com a supervisão de Guilherme, Maite e Rodrigo examinavam algumas cabeças de gado que acabaram de chegar na Fazenda.
Seu José guiava os animais já examinados até o campo enquanto outro peão selecionava os animais no curral para a avaliação.
Na porteira do curral, Maite e Rodrigo examinavam o animal juntos, um de cada lado. Avaliavam os olhos, dentes, orelhas, úbere, pele e cascos.
Era quase 17h00. Devido ao calor e a facilidade para se sujar que o cenário oferecia, todos estavam sem jalecos.
- Esse está com ferimentos no pescoço - disse Rodrigo, chamando a atenção de Guilherme.
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O Lado Bom Do Adeus [COMPLETO]
RomanceRecém formada, depois de anos focando apenas em seus estudos, Maite conseguiu a tão sonhada vaga no programa de residência da Clínica de Medicina Veterinária Weiller. Almejando seu progresso profissional e sem tempo para romances, a jovem se desesta...