• oito •

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As palavras se embolaram na garganta de Maite, que permaneceu imóvel segurando a porta.

— O que faz aqui? – foi tudo que ela conseguiu dizer.

— Bom... – ele suspirou, sorrindo sem jeito – Eu tive que sair às pressas, fui chamado no hospital. Desculpe não ter te mandado nenhuma mensagem, achei que seria melhor vir aqui e pedir desculpas pessoalmente.

Maite sorriu. Afastou-se, abrindo espaço para que ele entrasse em seu apartamento.

Ele caminhou até a bancada da cozinha, acariciou o mármore escuro enquanto sorria, lembrando da noite anterior.

— Aceita uma cerveja? – Maite perguntou, notando a devassidão no olhar de Gustavo.

Ele assentiu, sentando-se em uma banqueta. Ela foi até a geladeira, pegou duas long necks e sentou-se na banqueta ao lado, dando uma das garrafas para Gus.

Ambos bebericavam em suas garrafas, com os cotovelos apoiados na bancada e olhando para frente, em direção à sala.

— Como foi o teu dia? – Gus perguntou, quebrando o silêncio.

— Foi legal. – ela respondeu, após pensar por alguns segundos. — E o seu?

— Foi uma bosta. – ele riu sem humor. — Estava mesmo precisando de um pouco de álcool. – completou, olhando a garrafa em suas mãos.

Maite sorriu, mas permaneceu em silêncio. Estava confusa sobre como se sentia em relação à Gustavo.

Ela não queria se apaixonar por ele. Ela sabia que seria uma péssima idéia.

Apesar das várias coisas em comum, haviam muitas diferenças entre os dois.

Gustavo sempre teve uma vida privilegiada. Filho de família rica e com várias mulheres aos seus pés. Jamais teve que lutar por nada, a fortuna de seus pais sempre lhe garantiu uma vida farta.

Maite sempre foi "a gorda". Independente de qualquer dom, habilidade ou feito marcante.

Filha única de uma costureira e um construtor civil, Maite só conseguiu ir para a faculdade por ter ganhado uma bolsa de estudos. O salário que ganhava trabalhando em um Pet Shop jamais teria lhe possibilitado estudar medicina veterinária.

Eles eram como Heavy Metal e Hip Hop. Dia e noite. Sol e lua.

Mas ainda assim, eles adoravam conversar um com o outro.

- Desculpe pela forma que fui embora. - Gustavo disse, quebrando o silêncio novamente.

- Não tem porquê pedir desculpas. - ela forçou um sorriso, fingindo não se importar. - Foi só uma noite, sem compromisso.

Gustavo assentiu, observando o rosto de Maite. Tentando ter certeza de que ela estava realmente tranquila sobre aquilo.

Mas ele não sabia o quão bem ela poderia fingir.

- Não precisa ter sido só uma noite. - Gustavo disse, com um sorriso malicioso nos lábios.

Maite levou a garrafa até seus lábios, permitindo que a cerveja gelada descesse por sua garganta enquanto pensava no que Gustavo estava sugerindo.

- Amizade colorida? - ela riu.

- Porque não? - ele retribuiu o riso e deu um gole em sua garrafa. - Nós somos bons juntos. - ele deu de ombros. - Muuuito bons! - ele ressaltou, fazendo Maite rir.

Gus levantou-se. Deu alguns passos em direção à sala, sob o olhar curioso de Maite.

Ele caminhava lentamente pelo *loft, observando alguns quadros na parede e livros na estante. Seus passos eram um desfile para Maite, que o observava com atenção enquanto terminava sua cerveja.

O Lado Bom Do Adeus [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora