• dezenove •

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- Você sabe que isso vai dar problema, não é?

- Não ligo pra isso. Tenho outras preocupações no momento. - a loira deu de ombros, virando a taça de Martini em seus lábios.

As duas estavam sentadas em um confortável sofá de couro branco, na sala de estar do apartamento de Betina, que tinha uma bela vista para a cidade.

A ruiva inclinou-se, servindo em suas taças mais da bebida.

- Quais preocupações, exatamente? - perguntou, entregando a taça para a amiga.

- Atormentar Arthur.

E ela estava falando sério. Estava obstinada a se vingar. Ela não toleraria que ele a abandonasse, mesmo que tivesse dado todos os motivos para isso.

- Eu não entendo. Porque não fica com o Gustavo agora?

- Ah, Erika. Não seja ingênua. - ela disse, revirando os olhos. - Ele não chega a ser um pobretão, mas nunca vai ser do mesmo nível que Arthur.

- Amiga, você já tem uma vida ótima, não entendo porque precisa de um homem rico. Além de quê, mesmo com todo o dinheiro que tem, o Arthur tem espírito de pobre. Ele gosta de coisas... Medíocres. - Erika disse, suspirando.

- Pouco me importa o que o Arthur gosta. Ele é o Arthur Weiller, um veterinário conhecido no país todo, respeitado na profissão, uma referência. Não se trata só de dinheiro, mas de status. E isso o Gustavo nunca terá. Ele nunca será uma referência de médico bem sucedido, ele sempre será só um médico sem reconhecimento algum.

Erika ficou alguns minutos em silêncio, pensando no que a amiga disse. Mesmo conhecendo-a a anos, sua frieza nunca deixaria de lhe surpreender.

- Então você não gosta nem um pouquinho do Gustavo?

- Gosto, claro que gosto. Ele é lindo, uma delícia na cama... - ela fez uma pausa, dando um gole em sua taça. - Mas eu penso com a cabeça, não com a vagina. Eu preciso de mais do que o Gustavo pode me oferecer.

- Olha, eu sinto muito em te falar, mas depois de envenenar o Loki, qualquer chance que você tinha com o Arthur foi aniquilada.

- As minhas chances com ele já estavam aniquiladas antes de envenenar aquela merda de cachorro. Eu só fiz isso pra ele sofrer.

- Ele vai ligar os pontos, já deve saber que foi você.

- Provavelmente. Aquele inútil do Eduardo deve ter falado que eu estive lá.

- E você não está preocupada com isso?

- Por quê estaria? - ela riu, em zombaria. - Até parece que a lei liga a mínima para um cachorro morto.

***

Após a morte de Loki, um silêncio sepulcral pairou sobre a Clínica Weiller. Tudo que se ouvia eram cochichos. No mesmo dia, Arthur pediu um atestado de óbito à Daniel, e um laudo de Guilherme, ambos os documentos atestando a causa da morte do cão.

Ele sabia quais passos deveriam ser tomados nessa situação, mas nunca se imaginou nela.

A dor era a mesma que sentiu ao perder sua irmã. Loki era um membro de sua família, era amado, e o que mais lhe doía era saber como a lei é branda pra tal crime.

Com a companhia de Eduardo e Maite, Arthur foi à polícia, fazer um boletim de ocorrência. Após horas de depoimentos, relembrando cada segundo de um dia infernal, o jovem veterinário saiu da delegacia com a sensação de impunidade sobre seus ombros.

- Arthur... - Edu disse em um suspiro, ao entrar no carro. - O que faremos agora?

O loiro colocou o cinto de segurança e apoiou as mãos no volante, olhando para a rua à sua frente, buscando pela resposta.

O Lado Bom Do Adeus [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora