Mostre-me O Que Vê

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Boa leitura

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Acordei no meio da noite com alguém chamando pelo meu nome. Primeiro achei que era apenas algo da minha cabeça, até que escutei pela segunda vez. Não consegui identificar quem era, de início achei que fosse Alex ou Lowe tentando me pegar com alguma de suas pegadinhas, mas dado ao momento em que nos encontrávamos, acho que nem mesmo eles fariam algo assim. Além que era uma voz diferente da deles, uma voz fraca e distante; o som saia abafado como se algo o impedisse de falar.

"―Jonathan! "

Outra vez a voz chamou pelo meu nome, só que agora parecia angustiada e com medo, parecia que estava chorando. Me levantei, decidido em buscar pela fonte daquela voz. Uma parte de mim me alertava do perigo daquele ato, mas a outra parte, a parte da qual eu obedecia, dizia para que eu fosse em frente, que precisavam de mim. Era algo movido ao meu instinto, não podia ignorar.

O silêncio reinava, o que era estranho para uma casa com tantas pessoas, sempre tem alguém acordado esperando o momento certo para assaltar a geladeira, ou simplesmente se levantar para tomar um pouco de água e ir ao banheiro.

Como Chris era muito estabanado, toda vez que acordava no meio da noite, acabava acordando a casa toda também por ter derrubado algo. Sem mencionar os episódios de sonambulismo de Léo, poderia ser ele que estava me chamando, mas não era. Léo dormia calmamente em seu quarto com a porta aberta, ele tinha esse péssimo habito.

"―Jonathan......por favor! "

Novamente aquela voz, ela me parecia familiar, mas ainda assim estava distante demais para que conseguisse identificar de quem era. Após um novo chamado, acompanhado de um pedido de ajuda, tive certeza que se tratava de um menino, ele parecia muito fraco, devido a fragilidade de sua voz.

Um forte som de uma porta de ferro sendo aberta com brutalidade ecoou por toda a casa. Instantaneamente levei um grande susto, fazendo meu coração bater dez vezes mais rápido do que o normal, em seguida o silêncio voltou a dominar. Como ninguém havia acordado ou demonstrado a menor reação, tive certeza que era apenas eu que ouvia aquele som estranho.

Olhei pela janela da cozinha, admirando a lua que iluminava a noite escura e parcialmente sem nuvens. Era noite de lua cheia, e lobisomens são muito sensíveis a ela, não sabemos ao certo o porquê, mas especulasse que tenha algo haver com o dia que a maldição dos lincantropos foi criada por Escarmom e Morgana. Porém não importava qual fosse o motivo, a lua cheia nos tornava mais poderosos, e muitas vezes não resistíamos a vontade de nos tornarmos feras descontroladas, mas graças ao treinamento de Kaleb, agora conseguimos resistir a poder da lua. Porém no início foi bem complicado. Chris foi o que mais teve problemas em se manter em sua forma humana, principalmente em noites como essa, por esse motivo teve que se afastar de sua família para evitar que os machucasse sem querer.

"―Nós controlamos o lobo, não o contrário" ―Era o que Kaleb costumava dizer enquanto estávamos acorrentados no porão, com nossos ossos se quebrando e se juntando outra vez.

Fechei os olhos e balancei a cabeça, ainda um pouco hipnotizado pela beleza da lua. Com certeza o que estava acontecendo era culpa dela, devia ser apenas uma alucinação. Porém o forte barulho da porta de metal, desta vez se fechando, voltou a ecoar, como se viesse de todos os aldos, me fazendo desacreditar que era apenas uma ilusão fabricada pela minha mente fértil. Quase posso dizer que senti o solo tremer.

Não escutava mais a voz do garoto, nem as portas de metal que me causavam tanta tremedeira e aceleravam meu coração. Desta vez escutava passos, que pareciam ser de duas pessoas; uma mulher, que deduzi pelo som do salto alto sobre o chão, e um homem de passos pesados. Era como se caminhassem ao meu lado, pude sentir inclusive um forte cheiro enjoativo que parecia ser perfume feminino.

O Corvo e o Lobo 2 - A magia do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora