Arcanjos

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Boa Leitura

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Por mais que tivéssemos a ajuda de lanternas para iluminar o caminho, ainda era muito ruim enxergar naquele lugar, devido à grande quantidade poeira que pairava sobre o ar e a tonalidade negra das rochas que compunham as paredes da caverna; talvez seja essas pedras que anulam a magia ao seu redor. O solo irregular era outro inimigo que tínhamos que enfrentar, por muitas vezes tropeçava em algum pedregulho ou pisava em falso em um buraco; não me admira que tenham interditado a mina, o menor descuido é capaz de quebrar a perna de alguém ou algo ainda pior.

Kaleb andava a nossa frente, dizendo para qual caminho deveríamos seguir e aonde deveríamos pisar; não sei como ele conseguia enxergar naquela situação. O tempo inteiro pedia para que tomássemos cuidado e andássemos de vagar, lançando a luz sobre o chão e em seguida apontado para a frente, assim evitaríamos sermos surpreendidos pelo terreno, já que as ações da natureza haviam criado formações rochosas pontiagudas que desciam do teto da caverna, se não prestássemos atenção poderíamos bater a cabeça facilmente.

Para garantirmos a segurança, andávamos em fila, assim ninguém se perderia. Charlotte ia logo atrás de Kaleb, pisando exatamente aonde ele pisava, por mais que já fizesse décadas desde a última vez que ele esteve aqui, era como se estivesse seguindo suas próprias pegadas ou uma trilha de migalhas de pão como nos contos de fadas.

Com atenção eu seguia os passos de Charlotte, enquanto Alex seguia os meus. Aos poucos a abertura foi se tornando mais larga, porém o manto negro que nos acompanhava não permitia que percebêssemos com exatidão o espaço a nossa volta, parecia que quanto mais andávamos mais escuro se tornava; se tivesse meus olhos de lobo isso não seria um problema.

—Parem! —Disse Kaleb, fazendo com que sua voz ecoasse por toda a caverna.

Quando aproximei percebi o motivo pelo qual havíamos parado. Em nossa frente havia uma bifurcação, dois caminhos irregulares abertos por entre as roxas escuras. Não importava se apontássemos nossas lanternas em sua direção, pois a luz era facilmente engolida pela escuridão. Kaleb apenas os encarava seriamente, pensando em qual caminho seguir, normalmente em filmes esse seria o momento em que o grupo se separaria em dois, mas fizemos uma promessa de ficarmos sempre juntos, não importa o que acontecesse ninguém ficaria para trás.

—Por onde iremos? —Perguntou Charlotte.

—Esquerda. —Respondeu Kaleb seriamente, ou talvez só quisesse passar seriedade por mais que não tivesse certeza absoluta daquela escolha.

Charlotte assentiu com a cabeça, seguindo os passos de Kaleb assim como antes, voltando a nossa formação anterior. Nenhum de nós se atrevia a dizer algo nem mesmo Alex, estávamos concentrados demais no caminho a nossa frente, os únicos sons que eram ouvidos eram dos nossos passos ecoando na caverna. Era difícil saber com certeza por quanto tempo estávamos caminhando em meio toda aquela escuridão, cinco minutos? Talvez mais.

Começamos a ouvir um som estranho mas não sabíamos de onde vinha, se parecia com o barulho de alguma coisa se mexendo ou rastejando mas não havia nada ao nosso redor. Ficamos parados buscando entender de onde vinha aqueles ruídos, poderia ser algum soldado fazendo a vigilância dos tuneis, quando ainda trabalhava em arcanjos este era o trabalho Kaleb, porém não se parecia com o som de alguém caminhando; de qualquer forma precisamos ser cautelosos.

—Merda. —Disse Alex, chamando a atenção de todos.

Ele olhava fixamente para cima, apontando sua lanterna para aquela direção, fazendo com que inconscientemente nós fizéssemos a mesma coisa, apontando as luzes para o teto da caverna. Diversas morcegos se penduravam nas rochas de cabeça para baixo, abrindo suas grandes assas vagarosamente como se estivessem se despreguiçando depois de uma longa noite de sono, porém acho que ainda não queriam acordar.

O Corvo e o Lobo 2 - A magia do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora