Pilha de Cadáveres

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Boa Leitura, nos vemos nos comentários

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Acordei com um corvo de olhos vermelhos bicando o meu rosto. Me levantei com cuidado enquanto o corvo apenas me observava com curiosidade. Minha cabeça doía como se tivesse levado uma grande pancada , só depois de alguns segundos que pude reconhecer aquele lugar, se parecia muito com o mundo vermelho da minha última visão com Neron, mas agora não havia mais um sol escarlate pintando o céu com tons vermelho, mas uma espécie de lua prateada que iluminava muito pouco o pântano de arvores mortas. A rocha na qual eu estava era a única coisa que impedia que entrasse em contato com o liquido negro a minha volta, reluzindo com o reflexo da luz da lua.

-Você demorou. -Disse o pequeno corvo enquanto continuava me encarando. No entanto ele não estava falando normalmente, sua voz parecia ecoar dentro da mente; era a mesma voz de Karasu assim como antes.

-Karasu? Mas você foi sacrificado por Escarmom, como é possível? -Perguntei tentando entender o que aquilo significava.

-Em partes, só que não temos tempo para isso. Não posso mais lutar contra ele sozinho, este lugar já está quase completamente dominado.

-Está falando do Escarmom?

-Silencio. -Respondeu o corvo voando freneticamente na frente do meu rosto. -Ele vai ouvir você.

-Aonde Neron está? -Perguntei mentalmente na esperança que também pudesse me comunicar com ele desta maneira.

-Venha. -Disse Karasu, voando sobre o pântano negro que se solidificava conforme ele passava por ele.

Ainda receoso pisei sobre a formação rochosa que havia se formado sobre o liquido Negro, ainda me lembrava da sensação se caminhar sobre aquela coisa pastosa, como uma lama que me prendia ao chão.

Tive que correr para conseguir acompanhar Karasu que voava muito à frente de mim, conforme continuávamos correndo alguns corpos apareciam boiando sobre o liquido negro, assim como presos nos galhos secos das árvores, não conseguia identificar quem eram mas também não esforcei para saber.

Nada disso é real. Pensei comigo mesmo enquanto mais corpos emergiam daquele liquido escuro, porém não importava o quanto tentasse acreditar que aquilo era apenas uma ilusão, pois o cheiro fétido de carne podre era bem real, tive que tampar meu nariz com minha blusa para que pudesse respirar.

No meio entre algumas arvores, sentado em uma pequena ilha em meio aquele mar escuro, estava um menino chorando, não precisei de muito tempo para perceber quem ele era, Neron! Também não podia ver o seu rosto pois suas mãos o cobriam mas sabia que era ele. Karasu pousou sobre o seu ombro enquanto fui me aproximando de vagar.

-Neron? Sou eu Jonathan. -Disse enquanto me abaixava para poder ajuda-lo. -Eu estou aqui, tudo vai ficar bem.

-Não é verdade, você está morto, todos estão mortos. -A voz de Neron mal saia em meio ao seu choro carregado de angustia.

Naquele momento quis envolve-lo em meus braços até que enfim percebesse que estávamos juntos outra vez, porém Karasu levantou voo outra vez, grasnando muito assustado.

-Espere este não é......

Antes que pudesse terminar sua frase, Neron esticou seu braço e pegou o pássaro, se virando para mim, aquele não era o meu Neron. Ele não possuía olhos, no lugar de onde deveriam estar haviam dois buracos escuros onde o liquido negro escorria como se fossem lágrimas. Ainda estava atordoado coma aquela cena quando o falso Neron abocanhou a cabeça de Karasu, a separando de seu corpo. Me afastei dele mas ainda assim podia escutar o som das mastigadas, quebrando os ossos do corvo a cada mordida. No entanto a cabeça não foi o suficiente, ele continuou comendo o restante do pássaro, Clac, Clac, Clac, sujando todo o rosto com sangue e penas negras; esticando os nervos do pássaro como se fossem chiclete.

O Corvo e o Lobo 2 - A magia do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora