I just haven't met you yet

3º Capítulo- Uma mudança

Música opcional no início do capítulo :D

- Boa tarde- cumprimentei enquanto pousava a mala ao lado da porta e fechava a mesma por trás de mim. A minha mente estava a disparar com as possibilidades do que se iria passar. Estava a ter uma falha de memória e não sabia nem uma palavra do texto que tinha decorado.

- Quando quiseres- Era agora.

Dirigi-me ao centro da sala, enquanto punha uma madeixa de cabelo atrás da orelha e sorria timidamente para os únicos dois seres ali presentes. Baixei a cabeça e suspirei fundo. Precisava de um milagre. Precisava mesmo de um milagre. E enquanto o representante olhava para mim em confusão, o meu telemóvel tocou freneticamente e eu apressei-me a olhar para o visor e atender.

- Sim?- disse a minha melhor amiga ,virando-me de costas. Parecia imprudente atender um telefonema no meio de uma audição, mas iria passar os próximos 5 minutos calada, sem a mínima noção do que fazer e pelo menos assim, sempre poderia ouvir a voz de Stacey a acalmar-me e pedir-me para começar de novo.- Já, já estou na audição. Nada bem mesmo...

- Eu vou-te ajudar, como farias se fosse um encontro com os One Direction por exemplo?- Estava ciente de que isto era um total disparate, eu poderia estar a destruir a oportunidade de uma vida e de certo eu não seria a escolhida mas pelo menos teria uma boa memória para me rir com Stacey.

- Se fosse com eles? Bom...

- Finge mesmo que são eles, olha para a frente e não desligues- Voltei o meu corpo para o dos jurados e sorri-lhes.

- Eu acenava- acenei com a minha mão- sorria-lhes- repeti a ação – E diria que o meu maior sonho era ser actriz. Que tive de enganar os meus pais para poder fazer uma audição onde em segundos esquecera todas as falas. E oh meu deus – fiz uma expressão surpreendida que pôs Stacey a rir assim como os jurados- Ajeitava o meu cabelo, punha a mão na cintura e piscar-lhes ia o olho enquanto a minha gata interior fazia a dança da vitória- fiz todas as acções que estava a citar enquanto  andava pela sala- Faria de fã histérica – saltei e gritei como se eles estivessem mesmo lá. A minha frente. – E depois de eles verem o meu pior lado, daria um beijo a cada um e um abraço apertado com o lado gentil que eles pensariam que eu tinha.

- E como acabarias esse encontro?

- Faria uma vénia- cruzei uma perna para trás e impulsionei o  meu corpo para baixo- E agradecia a atenção proporcionada.

- Arrasaste miga- a chamada caiu e eu voltei ao mundo real, guardando o telemóvel de volta no bolso e olhando para o representante que se encontrava de pé a bater palmas.

Brilhante, dissera ele. Dissera que fora brilhante e soberbo. Tentei explicar que não tinha aquele discurso planeado e ele disse que isso apenas tinha feito daquela audição uma boa improvisação. Mas eu não percebi, foi tudo tão depressa. E acredito que tenha sido pura simpatia, para não destruir um ego e um sonho alimentando uma pontada de esperança, apenas o suficiente para se sobreviver o dia a dia duma maneira confortável  e a saber que talvez, e só talvez, este sonho não seja em vão.

Chegar a casa foi talvez a tarefa mais difícil. Todo o ambiente estava tenso, de cortar a faca. Os passos foram apenas entre o hall de entrada e o quarto sem dirigir mais nenhuma palavra , além de uma saudação pequena pela educação dada em jovem.

Já se encontrava no autocarro a caminho de Londres, quando o telemóvel emitiu um “bip” estridente. Antes de sair de casa, relembro-me das exatas palavras do meu pai : “ Se saires por essa porta ,nem te atrevas a voltar”. A minha mãe não tentou impedi-lo...Achei cobardia, sinceramente e agora aqui estou eu a caminho de Londres, com a professora Linda , que ficará uma semana para visualizar o projeto e Bill na parte de trás do autocarro.

 Tinha uma nova mensagem. Olhei para o fundo do autocarro e sorri para Stacey que decidiu acompanhar-me nesta viagem. Ela  ficará também uma semana, numa casa de acolhimento, parte da regulamentação do programa de levar um acompanhante.

 *Mensagem* O parvalhão não para de olhar para ti! Daqui a pouco caem-lhe os olhos! Foi pena não nos termos sentado juntas mas pode ser que calhemos na mesma casa de acolhimento. De qualquer modo, ainda bem que pudeste vir xx. Vai ser brutal *Fim da mensagem*

 - Vai ser brutal – pensei – Vai ser uma semana em grande. E vai dar para treinar o inglês mais um pouco. Saímos do autocarro, um por um, dirigindo-se à bagageira. De seguida, colocamo-nos lado a lado à espera de saber com que famílias de acolhimento iriam ficar. A professora falava em inglês para ir habituando os alunos.

-Stacey– prosseguiu - Casa número 5 com a família William e com… - disse a professora procurando na lista. Stacey lançou-me um olhar como que a dizer “é agora”. - Com Zé, dirigiam-se os dois ao táxi e despeçam-se dos vossos colegas.

 - Ela está a por rapaz com rapariga Soph – sussurrou-me – O Zé é lindo… e agora ? – Zé era o melhor amigo de Bill, decidiu acompanhar o amigo para não o deixar sozinho nestas férias.

-Agora seja o que o destino quiser.

 - Mas… - ia para responder mas a professora apressou-a a dirigir-se para o carro. Acabei por calhar na mesma casa de acolhimento que… Bill! Bill! Nem queria acreditar…

 -Bastava ignorar – voltei a pensar.

Na viagem de táxi, ele olhou-me e eu apenas olhei para o vidro. Bill baixou a cabeça. Ao chegarmos a casa estava uma senhora curvada sobre o fogão e com uma chaleira ao lume. Tinha o cabelo branco e uns óculos redondos na face.

(traduzido para português)

 - Olá meus queridos. Tenho chá e scones para o vosso lanche. Já sei o vosso horário e hoje têm algum tempo para descansar, não é verdade? - Ambos acenamos, agradecidos pela hospitalidade

 - Não sejam tímidos. Sou a senhora James e vocês?

-Sophie –respondi-lhe, puxando a mala para cima no ombro. Bill também se apresentou.

- Bom, devem querer instalar-se, não é verdade? –Acenamos outra vez.

 - Então vá, os vossos quartos são aí. Vão à vontade.

 Eu dirigi-me ao meu quarto e pousei as malas,deixando-me cair na cama de casal que continha. Tinha um urso com chocolates a frente e eu  supôs que fosse para mim. Sorri com o pensamento. A senhora James era mesmo simpática.

Preparei a roupa para a noite, coloquei o telemóvel a carregar e dirigiu-me à sala.

 A senhora James e Bill encontravam-se a conversar. Ele remexia no que parecia ser uma chávena de chá com a colher e ela conversava com ele. Percebi algo sobre seguir em frente e pedir desculpa mas pouco mais.

 -Não se ouve as conversas dos outros.– Pensei – É muito feio. Tu não és assim.

Então, dirigi-me calmamente à sala e esbocei o melhor sorriso que me era premitido dadas as circunstâncias. Bill remexeu-se desconfortavelmente. Que raio se está a passar?