2º Capítulo- Uma decisão

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Música opcional no início do capítulo :D

- Mas sabes que és uma num milhão não sabes?- o meu pai perguntou com desdém, enquanto cortava um pouco da carne que a minha mãe fez carinhosamente para o jantar. O ambiente estava tenso desde que eu contara a oportunidade que nos tinha sido oferecida, e de um momento para o outro parecia que ele não acreditava mesmo que eu tinha possibilidades.

- Sam!- a minha mãe repreendeu-lhe e eu mandei-lhe um olhar suplicante por qualquer tipo de apoio.- Eu acho que é uma boa hipótese querida...

- Mas tu não acreditas mesmo que ela vai conseguir... Acreditas?

- Sam!- esta suplicou, para um pouco de apoio e compaixão do mesmo mas apenas uma expressão fria foi mostrada invés. Lágirmas escorriam da minha face e eu nem me preocupei em esconder o quão miserável me estava a sentir.

- Com licença.- pedi e pousei o guardanapo em cima da mesa, arrastando a cadeira e saindo para o meu quarto. Fechando a porta atrás de mim.

Como é que eu pude sequer pensar que iria conseguir alguma coisa daquele....daquele... homem? Como? Sempre pensei que quando ele percebesse o quanto isto é importante para mim me desse uma chance mas não foi isso que aconteceu. E agora, mais do que nunca, sei que amanhã não poderei ir a audição a menos que engenhe um plano qualquer. E é isso que vou fazer.

Deixo a minha faceta de derrotada junto a porta, de onde nunca deveria ter sido mostrada e procuro na mala, o meu telefone para ligar a Stacey, ciente, de que ela me ira ajudar de uma maneira louca e arriscada.

Ao segundo toque ela atende.

- Miga! O que contas?

- Preciso da tua ajuda- rapidamente a aviso e sento-me na cama onde lhe conto toda a conversa do jantar e também o meu plano para amanhã.

- Sophie, sophie és uma rebelde tu !

- Cala-te ! Mas vais me ajudar ou não?

- Claro que te ajudo. Boa noite Soph, descansa vai correr tudo bem.

- Assim espero.- desliguei o telemóvel e durante toda a noite andei a escrever o monologo que teria de apresentar, não deixando o cansaço afectar-me durante cerca de duas horas até acordar na manhã seguinte com o caderno em cima de mim e a mesma roupa de ontem.

Agora eram cerca de 8h. Tomara um longo banho onde tentara replicar todo o sono e substitui-lo por confiança e tomara uma chávena de café , aguardando ansiosamente que Stacey cumprisse com a sua parte do acordo. A morena chegou minutos depois e entrou avisando os meus pais que chegaríamos mais tarde pois tínhamos um trabalho de grupo para fazer. O meu pai não se mostrou convencido mas, como a regra da boa educação indica, apenas sorriu para a minha melhor amiga, e desejou-nos um bom dia de aulas.

A caminho da escola, Stacey dava-me palavras de conforto que me faziam de algum modo sorrir pois sentia o apoio dela quando achava que estava sozinha. Stacey era sem dúvida a melhor pessoa que tinha encontrado até hoje e a melhor amiga que poderia ter arranjado, e por isso a meio caminho, parei e abraçei-a com força.

- Obrigada por tudo Stay

- De nada Soph. – E seguimos caminho para a escola enquanto " Coldplay " tocava nos nossos phones.

As aulas passaram a correr e vira Bill junto do grupo de amigos com um ar chateado e uma expressão irritada enquanto conversava com eles com os braços num movimento constante pelo ar e os pés sempre a mudarem de posição.

Conversei com alguns colegas no intervalo e não pude deixar de pensar que realmente, as únicas pessoas que se encontravam comigo de anos anteriores era Stacey, Prim e Julie. O resto simplesmente tinha-se evaporado e agora eram apenas corpos em movimento pelos corredores daquela escola. Era triste, como alguém poderia passar de tudo para nada .

Não sei dizer se a audição correu bem. Stacey abraçou-me a saída da escola e eu corri para o audição o mais depressa que as minhas pernas conseguiam, ignorando olhares de mistério e de confusão por parte de todas as pessoas que passavam por mim a velocidade da luz. Tinha ensaiado, eu sabia o que dizer mas sabia também que me iria encontrar perante uma oportunidade de uma vida e não podia deixa-la escapar senão iria arrepender-me para o resto dos meus dias neste planeta. Esperava que o pânico não se instala-se dentro de mim. Sentia suor na testa e também na parte de trás da minha nuca e esta corrida, que mais parecia uma maratona, estava realmente a deixar-me cansada.

Quando observara o grande edifício a minha frente, abrandei o passo progressivamente e puxei os cabelos que me caiam para a frente do olhos como se de algum modo isso me desse uma melhor aparência. Caminhei lentamente para dentro e procurei por Chelsea que me acenou do fundo, e desfilou até mim com um grande sorriso.

- Correu mesmo bem! Tenho a certeza que vou ganhar o lugar!- disse, dando-me as mãos e olhando para a sala provavelmente a aproveitar para recordar o momento. Sorri-lhe ciente que ela se teria portado maravilhosamente, como a grande actriz em ascensão que era.

- Fico mesmo feliz por ti! É... ali a fila?- o amontoado de pessoas atrás da porta de madeira estava-me a fazer o coração bater mais depressa. Eu estou feita.

- Sim! Eu não sei se isto vai acabar as 6h, não sei mesmo. Bom, Sophie, tenho de ir sim? Beijo.

- Até manhã.- dirigi-me então a fila e esperei impacientemente pela minha vez.

Olhei para o relógio pelo menos 4 vezes, com a consciência de que o tempo estava a passar e ainda faltava para eu entrar na sala e prestar a audição.

Quando avistei a última pessoa a minha frente a entrar, procurei na mochila pelo papel com o meu monologo, apenas por descargo de consciência para poder reler as minhas falas uma última vez. Pousei a mochila no chão e reparei que a bolsa de lado estava aberta. Coloquei a mão cuidadosamente lá dentro e a mesma encontrava-se vazia. Levantei a cabeça, assustada e suspirei pesadamente ao perceber que a minha folha tinha desaparecido, provavelmente com a corrida até ao edifício.

- Sophie – a professora Linda chamou e eu apenas tive tempo de me colocar de pé rapidamente e encarar o homem com óculos que se encontrava a olhar para mim com uma expressão profissional.

E agora, o que é que eu faço agora ?

I just haven't met you yetOnde histórias criam vida. Descubra agora